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Os Sete Monstrinhos é uma visão sobre o nazismo?

Se você está no Wi-Fi, temos o post em formato de vídeo, se você está no 4G, temos ele na versão escrita. Divirta-se.

Logo quando iniciei o site fiz uma matéria falando do desenho dos 7 monstrinhos. Pois bem, o post é bem acessado, mas uma dúvida precisava ser esclarecida. Os Sete Monstrinhos faziam alguma referência ao nazismo?

Então, nós fomos atrás para lhe contar o que é verdade sobre esse tema. Demoramos horas e horas pesquisando, até que encontramos uma matéria publicada pelo conceituado The Guardian, matéria essa de 2011, conduzida pela colunista Emma Brockes.

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Maurice Sendak | Foto: Tim Knox para o Guardian

Pois bem, a teoria que rola por ai é que os personagens tem aparência monstruosa e são identificados por números porque eles são uma visão que os alemães tinham perante aos judeus na época do holocausto.

Triste, não?

Então, ela piora.

Maurice realmente é judeu. E na matéria do The Guardian, ele contou que: “Os monstros selvagens foram baseados em seus próprios parentes. Eles visitavam sua casa no Brooklyn quando ele estava crescendo (“Todos loucos – rostos malucos e olhos selvagens”) e beliscam suas bochechas até ficarem vermelhos.”

Os monstros foram baseados em seus parentes. Ele não fala claramente que foi o desenho “Seven Little Monsters“, mas compreendemos assim… olha uma de suas ilustrações.

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Em outro ponto da matéria é dito: “Se ele tivesse vindo de um lar feliz, diz Sendak, ele nunca teria se tornado um artista, pelo menos não o tipo de artista que ele é. Os livros ilustrados de Sendak reconhecem os terrores da infância, quão cruel e solitária ela pode ser. “Eu me recuso a mentir para as crianças”, diz Sendak. “Eu me recuso a atender às besteiras da inocência.”

Tudo indicava que essa teoria não era apenas uma teoria, mas sim uma verdade.

Nós não estávamos contente, fomos atrás de mais coisas. E olhe só, encontramos outra matéria do The Guardian, essa publicada em 2012 diz o seguinte: “Como a maioria dos grandes escritores e ilustradores de histórias infantis, o trabalho dele vinha de algum lugar lá no fundo, de um lugar que, no caso dele, era extremamente sombrio. Sua infância foi ofuscada pelas mortes da família nos campos de concentração da Europa. Portanto, não é de surpreender que a criança perdida, a criança que é roubada, bem como a criança independente que foge das restrições estupidificantes da vida adulta, fossem temas que Sendak retornou repetidas vezes em seu trabalho.”

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E nós cavamos um pouco mais essa triste história e encontramos uma matéria do jornal Jewish Press, onde Maurice refere-se ao holocausto como: “o choque de pensar nas pessoas que eu nunca conhecerei é terrível”, e mais tarde ele ficou obcecado com a ideia de que seu trabalho deveria “recuperar todas as almas perdidas e devolvê-las aos vivos”. Suas ilustrações para os contos infantis de Isaac Bashevis Singer, Zlateh the Goat (1966), eram na verdade retratos dos parentes perdidos de Sendak inspirados em fotos de álbuns de recortes familiares: “Eu tentei devolvê-los aos meus pais”.

Enquanto honrando seus parentes falecidos através de seu trabalho, Sendak simultaneamente ridicularizou os sobreviventes com quem ele cresceu. Suas criações mais conhecidas – os adorados monstros de Onde as Coisas Selvagens São e Sete Monstrinhos – não são nada menos que seus tios e tias maternos que visitaram sua casa no Brooklyn.

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É, meu amigo. O mundo é cruel, nem tudo são flores, e aquele “simples desenho” que fez parte da sua infância não foi apenas mais um, por trás havia uma história, uma história de tragédia, uma história que bebeu da fonte do holocausto.

Todas as fontes e seus links já estão na respectiva matéria. Todas as imagens foram retiradas do The Guardian.

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