Ah, meu amigo, a internet é maravilhosa para quem sabe usar. Mas nem tudo que por aqui ronda é verdade. Hoje estamos aqui para falar de mais um mistério que transita os sites da vida, ou melhor, as redes sociais da vida.
Tudo começou com esse post.
Retirei os créditos da imagem, não damos créditos para fake news.
São milhares de curtidas e compartilhamentos, com isso várias discussões foram geradas. Como eu nunca tinha ouvido falar sobre tal tema, fui pesquisar. E eis que encontramos “a casa engraçada”.
Sim, ela existe, e não, não é um útero.
Tal casa citada pelo poeta Vinícius de Moraes chama-se Casapueblo e fica no Uruguai. A casa que não tinha teto começou ser construída em 1958, pelo artista Carlos Vilaró.
Até encontramos o site dessa casa, que hoje não é mais uma casa, mas sim um museu.
“Em 1958, Páez Vilaró chegou pela primeira vez a Punta Ballena, e o lugar o encantou. A desolação da paisagem, sem árvores ou caminhos traçados, sem luz e sem água, não frearam seu projeto de construir seu estúdio definitivo de frente para o mar. Ao averiguar a possibilidade de adquirir o terreno, descobriu que havia quarenta hectares à venda, o que o levou a reunir amigos e interessados, e com eles formar uma sociedade chamada Club de la Ballena S.A., da qual seu irmão Miguel era o presidente. Carlos Páez Vilaró escolheu o lote 22, de 4.873,5 m2.” –
(…)
“O Museu Estúdio funciona no centro da grande construção e exibe as obras de seu criador, o mestre uruguaio Carlos Páez Vilaró, artista multifacetado e muralista por excelência. Em suas salas se expõem pinturas, cerâmicas e esculturas realizadas em diferentes etapas do trabalho do artista. O Museu dispõe de uma sala de cinema, onde se projetam documentários sobre sua vida e obra. Ao longo do percurso, que inclui cinco salas e três varandas, percebe-se o conceito de arquitetura modelada, seja pelos corredores, caminhos e arcadas, seja pelos objetos incrustados nos muros.”
Fonte: Casapueblo
Pois bem, a casa que virou museu foi inspiração para Vinicius de Moraes, e em uma matéria de Juliana Ferreira, para a Folha, em 2013. Vilaró conta que o final da canção não é aquele que ficou mundialmente conhecido, mas sim essa versão: “Era uma casa muito engraçada, não tinha portas, não tinha nada, era uma casa de pororó, era a casa de Vilaró”.
Ainda, na matéria da folha, Vilaró disse que a canção foi um presente para suas filhas (Agó e Beba). E em outro trecho, Toquinho, que foi o músico quem interpretou tal canção, disse: “A casa é bem diferente, à beira de um penhasco, parece levitar ao pôr-do-sol. Fica a imagem de uma casa engraçada. Sem teto, sem chão, sem parede. Eis a magia da poesia de Vinicius.” – Fonte: Folha.
Ficou claro? Tal canção foi uma homenagem de Vinicius de Moraes ao artista Carlos Vilaró. Todo o resto é fake news.
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“Era uma casa
Muito engraçada
Não tinha teto
Não tinha nada
Ninguém podia
Entrar nela não
Porque na casa
Não tinha chão
Ninguém podia
Dormir na rede
Porque a casa
Não tinha parede
Ninguém podia
Fazer pipi
Porque penico
Não tinha ali
Mas era feita
Com muito esmero
Na Rua dos Bobos
Número Zero.”
Letra retirada do site do Vinicius de Moraes.