O Poço, filme espanhol da Netflix, nos traz grandes ensinamentos sobre desigualdade social, então surge na mesma semana outro filme espanhol, que também lida com esse tema, mas fala muito de traição, dependência química, ganância e pedofilia.
Tudo bem, eu sei que o longa fica devendo em várias partes e não tem o mesmo impacto de “O Poço“, mas algumas coisas tem que ser citadas.
O longa gira em torno de Javier Muñoz (Javier Gutiérrez), um publicitário famoso, que ganhava muita grana, mas que foi despedido de seu serviço, como sua carreira era gigante, seu patamar de vida também era, por isso, não conseguia arrumar outro emprego.
Sua mulher, em simplicidade, fala para que ele venda o carro e que voltem morar em um bairro humilde.
Note. Ela não cita nada de dinheiro. Não fala sobre luxos.
Eles demitem a empregada. Ela trabalha sem questionar. Tudo para que eles se reergam.
Javier, tomado pela ganância, não consegue aceitar qualquer emprego, como também não desapega de sua antiga casa. Ele segura a chave do local e vai lá todos os dias, todos os dias ele entra, vê o que os novos inquilinos estão fazendo e vai embora.
Como isso virou um vício, ele logo descobre os horários de Tomás (Mario Casas), atual inquilino, e faz amizade com o mesmo.
Tomás é alcoólatra, participa de grupos de apoio, já bateu o carro bêbado e quase matou sua família. Isso é um grande fardo para ele.
Tomás também é Vice Presidente de uma grande empresa de transporte, que pertence ao pai de sua esposa, isso é outro grande fardo. Ele trabalha, trabalha, trabalha… mas sempre é visto como o genro do dono.
Mesmo com todos os seus defeitos, Tomás se mostra uma pessoa que tenta ajudar ao próximo, é ai que mora sua fraqueza.
O próximo que ele tenta ajudar é Javier, que começou frequentar o grupo de apoio onde Tomás ia e até pediu para que ele fosse seu padrinho.
O truque é saber de antemão. Saber que situações o tentam, o que o desorienta. – Tomás.
– Conhecer suas fraquezas. – Javier.
E não pode se defender de todas elas, cuidado. Mas, se sabe que estão lá, venceu meia batalha. – Tomás.
– Acredite, estou ciente delas. – Javier.
Mas você as assume ou culpa os outros? – Tomás.
– Boa pergunta. – Javier.
A mais importante. – Tomás.
Javier logo começa fazer da vida de Tomás um inferno, e aos poucos consegue jogar sua esposa contra ele.
Tomás, que por mais de um ano ficou sóbrio, caiu na bebida novamente.
Aqui, meu jovem, tem uma grande lição. Não confie, não conte, não demonstre tudo o que ocorre em sua vida. Seja pessoalmente ou nas redes sociais mesmo.
Tomás contou coisas simples para Javier, que tomado pelo espírito da cobiça, agiu de má fé.
Sabe aquela conversinha informal? Então, foi ali que Tomás contou que era alérgico à amendoim, que era genro do dono da empresa, que seu casamento não estava indo bem porque sua mulher achava que ele era um pai ausente…
Na inocência ele deu munição ao bandido.
E por falar em bandido, aqui temos outra valiosa lição. NÃO CONFIE.
Sim. É a mesma lição anterior. Mas aqui o mal estava limpando o prédio. Seu nome? Damián
Ele percebe Javier indo direto à casa de Tomás, imagina que ele esta tendo um caso com Lara e por isso começa uma chantagem, mas ele não queria dinheiro. Ele queria a calcinha da Mónica.
Mais nojento que isso, impossível.
Aliás, teve coisa mais nojenta. Ele ainda queria colocar uma câmera em seu quarto.
Uma criança sendo vigiada por um lobo.
Quem poderia olhar para um velho solicito, que dá flores quando alguém passa e imaginar que ele é um pedófilo?
Quem?
Ninguém.
Por isso, NÃO CONFIE.
Não confie seus segredos à quem você conheceu ontem. Não confie seus bens mais preciosos à um estranho, ou um cara que você conhece “de vista”.
Não confie. Só te peço isso. Não confie no padre, no pastor, no porteiro, no vizinho, no jogador, no cunhado, no presidente, no cara que escreveu esse texto, não confie, você nunca sabe de onde pode surgir um filho da puta.
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