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5 trechos do livro Alta Fidelidade mostrando os conflitos de um homem

Aos 35 anos Rob foi abandonado por sua namorada, com isso ele começou listar os términos mais dolorosos de sua vida. Também nos contou que sua vida financeira não ia bem, afinal, sua loja de discos estava quase falindo. É óbvio que com isso, seus pais viviam “pegando no seu pé”. Mas, no meio de tudo, ele sempre externava algumas de suas preocupações, atitudes e pensamentos.

Rob tem 35, é personagem de um livro, mas poderia ser qualquer um de nós. Então resolvi separar 5 momentos que ele mostrou os conflitos que quase todo homem tem.

Sem delongas.

Na página 18 ele nos conta o quão difícil foi fazer sexo com uma garota, que por não conseguir tocar em nada quando adolescente, ficou meio sem saber o que fazer.

“Leia qualquer revista feminina e você encontrará ali a mesma queixa repetidas vezes: os homens – aqueles meninos, só que dez, vinte ou trinta anos depois – são um desastre na cama. Não estão interessados nas “preliminares”; não desejam estimular as zonas erógenas do sexo oposto; são egoístas, fominhas, desajeitados, toscos. Impossível não ver em tais queixas algo de irônico. Naquela época, tudo o que a gente queria eram preliminares, mas as meninas não estavam interessadas. Não queriam ser tocadas, acariciadas, estimuladas, excitadas; na verdade, era comum que qualquer tentativa do tipo fosse repreendida com murros. Não surpreende tanto, na verdade, que não sejamos muito bons nessas coisas.”

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Um pouco antes de uma de suas separações, ele para e analisa seu último momento na casa da sogra… (Página 56)

“E essa é a última vez que a gente vai se falar, provavelmente. “Sem problema”: as últimas palavras que direi a uma pessoa de quem fui relativamente íntimo até que nossas vidas tomassem rumos diferentes. Estranho, né? A gente passa o Natal na casa da pessoa, se preocupa com as operações dela, abraça, beija, dá flores, vê a pessoa só de camisola… e aí, pronto, é isso. Adeus pra sempre. E, cedo ou tarde, outra sogra, outros Natais, mais veias com varizes. São todas iguais. Só muda o endereço – e a cor da camisola.”

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Nesse momento Rob estava solteiro, entre um flerte e outro, ele se encantou com Marie… (Página 69)

“Sei que estou sendo idiota, mas não quero que a Marie vá até a loja. Se for, posso acabar gostando mesmo dela, e aí ficaria esperando que ela voltasse sempre, e então, quando ela de fato aparecesse, isso me deixaria nervoso, me faria me comportar como um estúpido e, provavelmente, depois de alguns volteios, tentar um convite desastrado pra um drinque, e ela podia ou não entender a insinuação, ou recusar de cara, o que me deixaria com cara de idiota. E, na volta pra casa depois do show, já estou me perguntando se ela vai aparecer amanhã e, se aparecer, se isso significa alguma coisa e, se significa, pra qual de nós três, embora o Barry não esteja no páreo, provavelmente.
Porra. Odeio esse troço. A que idade o cara precisa chegar pra isso ter um fim?”

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Sexo é um assunto muito complexo na cabeça masculina, tanto é que Rob expõe isso (pelo menos em seus pensamentos) depois de voltar com Laura. (Página 76)

“Nem sei por que isso é tão importante. O Ian podia ser melhor de papo do que eu, melhor cozinhando, ou trabalhando, ou nas tarefas domésticas, ou pra poupar dinheiro, ou pra ganhar dinheiro, ou pra gastar dinheiro, ou pra entender livros ou filmes; podia ser mais legal que eu, mais bonito, mais inteligente, mais limpinho, mais naturalmente generoso, mais solícito, um ser humano melhor em qualquer aspecto que se queira mencionar… e eu não me importaria. Sério. Aceito e compreendo que não se pode ser bom em tudo, e sou tragicamente incompetente em algumas áreas muito importantes. Mas sexo é diferente; saber que um sucessor é melhor na cama é impossível de engolir, não sei por quê.”

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Lá no fim, ele parece se acertar com a Laura, mas uma jovem aparece e causa uma paixonite nele. Então, depois de quase largar tudo e correr atrás dessa “paixão”, ele finalmente consegue compreender o que vem acontecendo com sua vida. (Página 298)

“E porra… quando é que essa merda vai acabar? Vou ficar pulando de galho em galho a vida toda até que não tenha mais nenhum galho pro qual pular? Vou sair correndo cada vez que me der aquela coceirinha da mudança? Porque sinto isso a cada tanto, como as contas que chegam em casa periodicamente. Com mais frequência ainda durante o verão. Desde os meus catorze anos que penso com as entranhas (…) Sei o que tem de errado com a Laura. O que tem errado com a Laura é que nunca mais vou vê-la pela primeira ou segunda ou terceira vez. Nunca mais vou passar dois ou três dias penando pra tentar lembrar qual é a cara dela, nunca mais vou chegar num pub meia hora antes do combinado pra encontrá-la e ficar olhando fixo pro mesmo artigo de uma revista e consultando o relógio a cada trinta segundos (…) E, claro, amo ela e gosto dela e a gente tem boas conversas, sexo bacana e brigas intensas, e ela cuida de mim e se preocupa comigo e organiza pra mim a volta do Groucho, mas o que vale tudo isso, quando alguém com os braços à mostra, um sorriso legal e um par de Doc Martens nos pés aparece na loja e diz que quer me entrevistar? Nada, é isso que vale, mas talvez devesse valer um pouco mais.”

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Como disse no começo do post, Rob é um personagem, mas poderia ser eu, ou você. E será que não é?

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