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Match Point, um filme sobre sorte

Quando sentamos para assistir Match Point, nos deparamos, logo em sua abertura, com os seguintes dizeres:

O homem que disse “Prefiro ter sorte a ser bom”, entendeu o significado da vida. As pessoas temem ver como grande parte da vida depende da sorte. É assustador pensar que boa parte dela foge do nosso controle. Há momentos numa partida em que a bola bate no topo da rede e, por um segundo, ela pode ir para o outro lado ou voltar. Com sorte, ela cai do outro lado e você ganha. Ou talvez não caia e você perca. 

O longa que mostra Chris (Jonathan Rhys-Meyers), um jovem jogador de tênis que abandonou sua carreira para dar aulas particulares, se baseia em mostrar como o acaso é regente de nossa vida.

Na trama o rapaz começa dar aulas para um rapaz chamado Tom (Matthew Goode), eles logo descobrem que tem muitos gostos em comum. Tudo melhora quando Tom apresenta sua irmã para o professor de tênis. Os dois logo engatam um relacionamento que, para os familiares de Chloe (Emily Mortimer) e seus amigos, se parece perfeito.

Mas o acaso, ah, o acaso.

Por um acaso Tom namora uma moça chamada Nola, interpretada pela bela Scarlett Johansson, que faz com que a cabeça de Chris fique em turbilhão.

Nesse ponto o longa mostra que o grande regente de nossa vida é o acaso.

Nola e Tom se separam, ela vai embora. Um belo dia, ou péssimo, depende do ponto de vista, ela se encontra com Chris. Ele insistentemente implora por seu telefone, a bela resolve passar e os dois engatam um relacionamento escondido.

Chloe deseja ter um filho com Chris, mas é Nola quem fica grávida.

Chris deseja Nola, mas é Chloe, através de sua rica família que passa segurança para o jovem.

Como dito. O imponderável, em grande parte de nossa jornada, se faz presente.

Nola deseja que Chris se separe, mas o jovem se acostumou aos teatros, óperas e viagens caras. Ele quer morar em uma mansão com uma mulher que até pode não ser dos seus sonhos, mas que lhe proporciona grande conforto.

O tenista encontra como única saída assassinar Nola, mas não sem antes adentrar ao local onde sua vizinha mora, matá-la e fazer tudo parecer que havia sido por causa de drogas. Na saída ele espera Nola e acaba com sua vida.

Tudo dá certo para Chris. E quando ele joga o anel que roubou na hora do assassinato e o mesmo bate no topo da madeira de proteção de modo semelhante a uma bola de tênis batendo no topo da rede e voltando para própria quadra, ali, ao contrário do jogo, ele não perdeu. O acaso fez com que ele ganhasse, com que um viciado encontrasse tal anel e que fosse morto com ele.

Os detetives que estavam na cola de Chris logo descobrem o anel com o viciado, encerram o caso como se o homem houvesse matado a Sra. Eastby e Nola.

Não. O filme não exalta o infiel assassino. Ele apenas se baseia nos acontecimentos que fogem de nossa alçada.

Um jogo perdido, a bola bateu no topo da rede e voltou. Uma família rica. Um relacionamento com a cunhada. Um assassinato não descoberto, o anel “bateu no topo da rede” e voltou. Se a bola tivesse passado, tal família não seria conhecida. Se o anel houvesse passado, o assassinato seria descoberto.

Eu também acredito no trabalho duro, na consistência. Mas é inegável que, em alguns momentos, tal sorte ajuda. Uma bola que bate na trave e entra, uma bola que bate e sai.

Um minuto que você chega atrasado e perde o voo, parece o fim do mundo, trinta minutos depois você descobre que o avião caiu.

O acaso faz muita coisa. Nós só conseguimos controlar os nossos atos. Todo o restante é fruto de ações de terceiros e do acaso.

Para se ter ideia, uma cliente nossa comprou uma moto, veio até nossa loja, havia uma construção em frente, uma pilha de tijolos caiu em cima da moto que tinha menos de uma semana de uso.

Alguns dizem que foi azar, outros dizem que foi sorte não ter caído em cima dela.

Alguns dias depois nossa loja foi assaltada. Os bandidos entraram de madrugada.

Alguns dizem que foi azar, outros dizem que foi sorte eu não estar lá dentro, afinal, sempre ficava até de madrugada na loja.

Ah, o imponderável.

Sim, novamente, acredito no trabalho duro, acredito na consistência e em não desistir, mas que um pouco de sorte vai bem, vai…

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