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Expresso do Amanhã, a forma mais simples de se explicar nossa sociedade…

Sempre falo que gosto de vida real, mesmo que seja na ficção. Só que em alguns momentos ela é mais dura do que podemos suportar. No “Expresso do Amanhã” ela é o retrato da sociedade da forma mais crua possível.

Quando o mundo acaba e a única salvação para população é viver em um trem que não para nunca, as classes sociais são dividas dentro dos vagões.

Divisão de classes. Infelizmente é comum. Somos separados por dinheiro, crenças, cor…

No longa temos o foco nos miseráveis, que ficam no último vagão e não tem comida e nem água.

Sem comida e água? Isso te lembra algo?

Pois bem. No começo do longa nós ficamos ali, com os miseráveis. Não sabemos o que se passa no resto do trem. Apenas percebemos que algum tipo de “povo rico” mora ali. Também sabemos que quando um pobre se rebela os governantes aplicam punições.

Normal. Em nossas vidas também é assim. Se você quiser quebrar o ciclo vicioso de pobreza intelectual e material de sua família, dirão que você é louco, que o pobre nasceu para trabalhar e só.

É aquela história de que muitas vezes o cara tem que lutar tanto pela vida que nem dá tempo pra viver. É triste, é real.

Curtis (Chris Evans) cansou de não tomar banho, de comer “barrinhas” e receber ordens. Ele se rebelou. Juntou os outros miseráveis e partiram para conquistar o mundo, nesse caso, o trem. Quando o personagem começa adentrar aos vagões seguintes, temos uma surpresa.

Imagine que você vive em um local de extrema pobreza, e que na rua ao lado existe um local de extrema riqueza. Pois é, os vagões são assim. Os personagens avançam, passam por policiais armados que tem como única missão frear o avanço da população pobre. Depois eles passam por escolas, aquários, jardins, spas, boates, restaurantes e tudo que há de mais valioso na terra/vagão.

O choque é grande em Curtis, mas no telespectador é maior. Ali nós temos o lado cruel da humanidade. O lado que mistura baratas para os outros comerem. O lado que não dá nem o mínimo para as pessoas do último vagão, afinal, com isso eles conseguem crianças desnutridas para suprirem uma peça que falta na máquina, para que assim, ela não pare nunca.

Ah, vida real…

Ali nós vemos que pobres se aliam aos ricos para manterem seus próximos miseráveis. Vemos que pessoas fazem o que for necessário para chegar ao poder. E quando estão lá, fazem duas vezes pior para ficarem. O “Expresso do Amanhã” é um “tapinha” na cara de quem acha que a vida é bela e todos são felizes.

E não. Aquilo não é apenas um filme. Aquilo é vida real. Quantos países no mundo não tem o mínimo para se viver. O esgoto é aberto, água não existe, comida nunca se viu. Outros países aos trancos e barrancos consegue se manter, e apenas alguns tem o privilégio de ser considerado “primeiro mundo”.

O “Expresso do Amanhã” apenas escancara que para que tudo continue girando é necessário que cada um “cumpra sua função”. Afinal, é mais viável o governo fazer “uma boa ação” e doar um prato de comida para um pobre, do que dar uma boa educação e no futuro ver ele se rebelar contra o sistema.

Ah, e por falar em sistema, nunca esqueço aquela frase do Capitão Nascimento: “O sistema é foda, ainda vai morrer muito inocente”.

Não deixe de conferir.

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