Você já leu “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley?
O livro de um futuro distópico, segue uma linha parecida com outro clássico, 1984.
É óbvio que existem grandes diferenças, mas, diria eu, que eles se completam.
Aqui temos uma sociedade controlada por meios científicos, cada um já nasce com sua função definida. Todos são pré-condicionados biologicamente e psicologicamente através da hipnopedia (método de ensino através do sono) para cumprir o que a sociedade precisa.
Como o controle sobre o ser acaba sendo feito desde o nascimento, todos sentem-se felizes. Todos acreditam fazer exatamente o que nasceram para fazer, sem se darem conta de que foram condicionados para tais atos.
Termos como “Pai, Mãe e Filho” não existem. Religião também não. Todo meio possível de cultura é manipulado pelo estado, para que não haja descontentamento ou questionamentos.
Ah, meu amigo. Agora você pergunta. E os artistas? Poetas? Filósofos? Onde estariam? Cadê o povo pra se revoltar ao sistema totalitário opressor?
Cadê os pensamentos criativos? Pessoas fora do padrão?
Bem, elas até existem, mas como tudo é muito bem manipulado, são raros os casos e, quando esgotam-se as alternativas de controle, tal pessoa é obrigada “a deixar a civilização”.
E sabe o por quê?
É simples. Uma única pessoa questionando o sistema, pode gerar um caos inimaginável na cultura opressora.
O detalhe é que toda vez que alguém começa questionar, uma pílula chamada “soma” é fornecida para que ela tome.
Essa pílula nada mais é do que uma droga. Com ela “todos os problemas e dúvidas” somem, fazendo assim, você voltar à engrenagem pré-estabelecida.
Olha que genial. Não é maravilhoso?
Então entra outro ponto. E quem não tem meios para comprar essa soma?
HAHAHAHAHAHA
Meu amigo. Que ingenuidade. O próprio estado fornece o pão e circo, digo, digo, soma.
Se você se sentir triste ou quiser procurar o “sentido da vida”, tome uma pílula de “soma” e esqueça seus problemas.
O mundo é perfeito. Não existe briga por poder, não existe briga por algum relacionamento. Não existe briga por nada. Tudo funciona perfeitamente, me lembra até aquela canção do Engenheiros do Hawaii.
Era uma vez um planeta mecânico.
Lógico, onde ninguém tinha dúvidas.
Havia nome pra tudo e para tudo uma explicação.
Até o pôr-do-sol sobre o mar era uma gráfico.
Adivinhar o futuro não era coisa de mágico.
Era um hábito burocrático, sempre igual.
Explicar emoções não era nada ridículo.
Havia críticos com métodos práticos.
Cá pra nós, tudo era muito chato.
Era tudo tão sensato, difícil de aguentar.
Todos nós sabíamos de cor.
Como tudo começou e como iria terminar.
Que obra linda e triste. Fará você pensar, se sentir angustiado, impotente. Mas é aquela coisa, né! Se muita tristeza lhe dominar depois da leitura, se muita tristeza lhe invadir ao olhar ao redor e ver como nossa humanidade caminha para o abismo, encontre sua “pílula de soma” e seja feliz.
Não interessa qual seja, todo mundo tem uma.
Alguns se drogam, outros praticam esportes, tem aqueles que se apegam ao inexplicável, alguns preferem ver um filme e outros preferem escrever. Todo mundo tem uma “soma”, se não, aguentar essa existência seria impossível.
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