Sempre que alguém novo visitava o Castelo e escutava um barulho estranho, logo perguntava o que era aquele barulho.
Ah, não se preocupe, é só o Mau correndo pelos encanamentos do Castelo, respondiam.
Com o passar dos episódios, ficávamos entusiasmados toda vez que escutávamos aquele som.
“Tô chegando, tô chegando, tô chegando… cheguei.” – Mau.
Ah, quem não se lembra dessa dupla?
O Mau ganhava vida através de Cláudio Chakmati. Com seus pelos roxos, seu nariz gigantesco e unhas sem cortar, ele chegava anunciando que era mau, que iria dar sua “gargalhada fatal”, e ainda anunciava que quem ouvisse sua gargalhada fatal, não esqueceria jamais.
Na realidade, ninguém ficava com medo, apenas Godofredo.
Aliás, Godofredo era “quase” o inverso do Mau.
Como assim “quase”?
Simples. O Mau dizia que era mau. Que não gostava de plantas e animais. Só que era mentira. Nós sabíamos disso, mas ele negava veementemente.
“Ontem eu ia passear no jardim para amassar, pisotear, destruir todas as flores. Eu ia, e eu fui… HAHAHAHAHAHA.” – Mau.
“Sim, ele foi e viu todas as flores, balançando com a brisa, sentiu o perfume, olhou as borboletas, se deitou no meio das flores, tirou uma soneca e sonhou com um bando de carneirinhos fazendo dilim, dilim, dilim…” – Godofredo.
“Dá pra você segurar essa língua de trapo, Godofredo?” – Mau.
Sim, meu amigo. O Mau só tinha o jeito de durão. Mas lá no fundo, além de bondoso, era um pouco tímido também. Como é possível ver no episódio da Zula, a Menina Azul.
“Você é linda, ai que vergonha.” – Mau.
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“Você por acaso não quer conhecer os meus encanamentos?” – Mau.
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É, meu amigo, o Mau se apaixonou pela menina que mora lá na quarta nuvem branca, depois da montanha.
“Nunca conheci uma menina tão bonita.” – Pedro.
“Uma Jabuticaba.” – Mau.
Mas toda “graça de sua maldade” nada seria sem o personagem de Álvaro Petersen Jr. Com sua aparência de ratazana, Godofredo assumia sua inocência boba e coração puro, contrapondo de maneira brilhante o personagem de nariz grande.
Os dois em conjunto traziam muito carisma, chamando para algumas perguntas os telespectadores, essas questões envolviam enigmas ou trava-línguas e era o Godofredo quem tentava ajudar quem estava participando, tudo para que o Mau não desse sua gargalhada fatal.
No começo suspeitavam que o Mau tivesse vindo do Pantanal. O Godofredo não se tinha notícias. Mas, pesquisando muito, encontramos no site que fala sobre a Exposição do Castelo, que Mau e Godofredo vagavam pela cidade, quem os encontrou foi Morgana, que os levou para o Castelo, com duas condições. Sem sujeira e barulho. O que sabemos que não aconteceu.
Mas pensa que acabou? Continuamos nossa pesquisa e encontramos uma matéria da Folha de São Paulo, de 1996.
Na reportagem contam que no livro “Os Enigmas do Mau” (É, não sabia que o Mau tinha um livro, né?) o personagem revela sua história. Ele é órfão, realmente foi Morgana quem o encontrou (afirmando a fonte citada acima). Mas o grande segredo é que ele gosta de alegria, sua gargalhada é pra espantar a tristeza ou o medo. Fonte: Folha de São Paulo.
Quando os encanamentos enfestados de baratas acabam, eles dão de cara com uma sala, uma espécie de porão. É lá que eles vivem, com um espaço amplo e energia elétrica, os dois fizeram e ainda fazem muita gente sorrir.
Imagem da capa via TV Cultura.
Em tempo: Álvaro, que dá vida ao Godofredo, também é dublador da cobra Celeste.
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