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Eleanor & Park, siga em frente, mesmo sendo impossível

Você pretende ler o livro? Então não leia essa opinião, tem muito spoiler. 

Decidi comprar Eleanor & Park por sua sinopse, nela dizia que os personagens eram vizinhos, ele apaixonado por música e quadrinho… nem precisei ler o resto, quadrinho? Vou comprar.

Bem, a leitura começou tranquila, os personagens se apresentando, referências musicais não faltavam, de quadrinhos então…

“Naquela manhã, quando Eleanor entrou no ônibus, teve a sensação de que ele estivesse esperando por ela. Ele estava lendo um gibi chamado Watchmen”.

O enredo seguia apresentando-os, ele vem de uma família estruturada, ela de uma família estraçalhada, ele anda bem vestido, ela nem roupas tem, ele um pouco estranho, ela extremamente estranha. Um contexto ideal para criar um romance imperfeito.

Vamos imergindo na história, vamos notando como Eleanor foi despedaçada pelo padrasto alcoólatra violento, como sua mãe é submissa, como falta comida em sua mesa…

Nós vamos vendo que a família de Park faz de tudo para que seu filho seja feliz, enquanto o inverso ocorre com Eleanor.

A paixão floresce entre os dois, dia após dia, música após música, quadrinho após quadrinho, os sentimentos são postos em evidência, um mundo perfeito quando eles estão juntos, e o inferno quando Eleanor sai de perto dele.

Eleanor é a personagem principal aqui. Sim, a história gira em torno dos dois, eles tem o mesmo tempo na trama, mas a vida de Eleanor é vida real. Ela sofre bullying, não tem escova de dente, não tem o que vestir… é triste.

Park é mais um classe média que tem seus problemas, mas que tem muito apoio, se ela fosse assim, o relacionamento não seria tão intenso, tão lindo, tão triste.

Sabe a música que fala que um joelho ralado dói bem menos que um coração partido? Os dois estão exatamente nessa transição, na intensidade da paixão, e sofrendo com a vida real.

Ah, vida real, como é que eu troco de canal? já dizia Humberto Gessinger, e, realmente, Eleanor precisava trocar de canal, precisava sair de perto de seu padrasto violento, ainda mais quando ele descobriu sobre o namoro dos dois.

Eleanor se foi, nas entrelinhas prometeu escrever, mas não escreveu, ela queria seguir em frente.

Park prometeu escrever, escreveu, escreveu, escreveu… até que cansou, ele precisava seguir em frente.

A vida segue, o mundo gira, e o primeiro amor nunca será esquecido… eles passaram mais de um ano sem se falar, sem se ver, sem se escutar, Park foi no baile com outra garota, ele…

“Ele parou de tentar trazê-la de volta.
Ela só voltava quando bem entendia, em sonhos e mentiras e déjà-vus partidos.
Por exemplo, quando ele estava dirigindo para o trabalho e viu uma garota com os cabelos vermelhos, em pé na esquina. E ele podia jurar, pelo menos por um momento ser ela.
Então, ele via que aquele cabelo era, na verdade, mais loiro do que ruivo.
(…)
Eleanor…
Em pé, às suas costas, até que ele virasse para trás. Deitada ao seu lado segundos antes de ele acordar. Fazendo com que todo o resto do mundo parecesse mais sombrio, mais superficial, e nunca bom o bastante.
Eleanor, acabando com tudo.
Eleanor, indo embora.
Ele parou de tentar trazê-la de volta.

Ele tentou seguir, porque nós precisamos seguir, não importa o quão difícil seja, você precisa seguir em frente, mesmo que no final ela escreva um postal, com três palavras 😉

“A última edição de Watchmen saiu alguns meses depois que Eleanor se fora. Park ficou imaginando se ela a tinha lido, e se pensava que o Doutor Manhattan era vilão, e o que ela pensara quando ele disse “Nada nunca termina”, no final. Park ainda imaginava o que Eleanor pensava sobre todas as coisas”. 

Eleanor e Park me lembra Kevin Arnold e Winnie Cooper, me lembra Jim e Amanda, me lembra Ted e Tracy… porque muitas vezes o amor não basta, muitas vezes o tempo é cruel, muitas vezes temos que partir, muitas vezes temos que parar de tentar trazê-las de volta…

Não deixe de conferir. 

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