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Euro Cine | O Poço

A gente não quer só comida
A gente quer comida, diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída para qualquer parte
A gente não quer só comida
A gente quer bebida, diversão, balé
A gente não quer só comida
A gente quer a vida como a vida quer

(Titãs – Comida – 1987)

Texto escrito por sugestão do Professor de Educação Física da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo – Ronaldo Garcia Parra

“O Poço” recorda a canção “O Beco” (1988) dos “Paralamas do Sucesso” (1982), porque se engendra em um abismo moral, quanto carnal e espiritual, deflagrando as piores misérias que o ser humano carrega dentro de sua mente, que se diz dono de todos os seus atos, mas que lança onda psicológica tutelada a uma mistura de nojo, com o prazer pela violência.

“O Beco” de um “Poço” que se confronta com a realidade de uma humanidade, viva no sentido biológico, mas de que forma ética perdeu seus valores, e o “Estado Hobbesiano de Guerra Total” é permanente, fazendo uma tentativa de romper as barreiras filosóficas, para um organicismo onde o cinismo em ser um “bon vivant”, está dilacerado na mente de cada um.

Uma escatologia maldosa, ao quais seus personagens escondem durante cada tomada e retomada de suas cenas, dentro de um antropo “foucaultiano”, um totalitarismo de “ser incongruente moral”,  para se manter vivo.

A loucura é transformada em neurose, pois não sabemos distinguir, em determinados momentos,  o que seria morte, de vida.

Aliás, diga-se de passagem, a morte, está dentro de uma somatória, de entrever admoestações para uma desumanização de solidariedade, fugindo de diretrizes “gramscianas”, que fazendo a alusão à película “O Cubo (1997)”, enfatiza que os seres humanos quando pressionados, podem priorizar um comportamento infantil mórbido, destruindo suas instituições, para a formação de uma selvageria que venha fazer justificativas, para sua existência.

Não é somente um linguajar de masturbação mental, de violência com requinte a “Quentin Tarantino”(1963), e sim uma vertente de que qualquer forma de violência esta inserida em nós, como algo natural.

Bastaria apenas pular ao desatino, das 333 plataformas do “Poço”, que assim estaríamos nos projetando ao “Inferno de Dante”, mas que possui quarks de divisões políticas, onde cada “um” possa ser considerado como um demônio em potencial atormentando a vida do outro, durante os momentos de inanição.

De certo, “O Poço” é um canal cinematográfico enjaulado pelo medo, que traz a discussão “cartesiana entre mente – corpo”, e que dentro de condições biológicas saudáveis, a mente está estabelecida como um procedimento burocrático de respeito a regras históricas herméticas de um comportamentalismo estridente, que possa produzir algum afeto, perante as dificuldades de relacionamentos pessoais e introspectivos, onde cada um tenha o direito de acreditar no que bem entender.

O velho Trimagasi (Zorion Eguileor, 1946) no início, faz até uma metáfora quanto aos níveis superior e inferior do “Poço”, onde é construído uma árida crítica aos princípios muçulmanos, que por serem abstêmios, podem deixar um pouco de vinho, para que assim possa, conter um estimulo neuronal, de fuga de sua condição de cobaia perante os experimentos que visam fazer que o beneplácito fator humano seja desertado perante os momentos de desespero exacerbado.

Seria isso uma espécie de “Radiação Gama Psicológica”, aos quais seus componentes estão divididos, em pares, são colocados em níveis de perfis neuropsicológicos diferentes, tendo que aceitar e tolerar ou exterminar “o outro” para poder se manter vivo, ou seja, confiança e desconfiança mútua, porém, como distinguir o mais forte do mais calmo, ou o mais fraco do mais nervoso?

Se dentro da experiência feita pelo Dr. Banner, a “força que vem da condição humana a duplicar sua capacidade de força física, emana durante os momentos desespero”,  no “Poço” a fúria pode ser um sinal, não de força, mas de uma alucinação que faça com que os administradores do C.V.A (Centro Vertical de Autogestão), utilizem de reforços e punições ambientais, como aumento e diminuição de temperatura, “para que seus ratinhos” cumpram suas tarefas com maior índice de aprovação possível.

Os estressores aqui, que deixariam Burrhus Skinner (1904 – 1990) orgulhoso de seus novos seguidores, pois seus reflexos agora estão de acordo, com quaisquer condições de incentivo alimentícios, a “Plataforma” que desce constantemente, para cada quadrante do poço,  deixando assim que para “cada um” possa adiar seus consumos de  “calorias” de maneira a se conservarem vivos.

Tanto no sentido sexual como no alimentar o verbo “comer”, está para um binário luciferiano – celestial, de levar alma e mente, ao limite, em uma deformação da empatia, em que assim faz-se um hemisfério de interpretação e desinformação, onde os estímulos são colocados a uma combustão ideológica, em como realizar dádivas sociais de maneira correta, para ganhar “um certificado homologado”, de ter passado e ter suportado pelo inferno “Poçal”, mas ter ao menos, conservado a sua sanidade.

A personagem principal, Goreng (Iván Massagué, 1976), é um típico ermitão insalubre, “na Ilha do Doutor Moreau espanhola”, que não se importa com o que é burocrático por de trás dessa experiência e que também não deixa claro o que é para regeneração, ou destruição da subjetividade.

Subjetividade é colocada a prova, quanto ao trabalho em equipe, já que valores como a existência de Deus, o respeito pela vida alheia, a gula, e a caridade, são comissionados e questionados implicitamente e explicitamente, durante fúrias, nas conotações de crueldades sem limites, que assim elevam para fatores empíricos de como o abstratismo, está em um caminho tênue entre a esquizofrenia e a sanidade.

“Hoje eu acredito em Deus”, (“diz o velho Trimagasi”), fazendo um pragmatismo psicológico que o ser – humano está mais propenso a ter sua fé estagnada durante seus momentos de dor, ou seja, é típico do cinismo do “homo sapiens”, esgarçar a crença no todo-poderoso durante a miséria e a carestia.

Mas acreditar em qual Deus?

O relativismo religioso deixa aqui um escárnio, de que não adianta as experiências de provar que a vida pode ser somente um espetáculo biológico de ingredientes de “etiquetas”, sendo que ela não é sucinta ou contínua plenamente na realização de nossos desejos, ela é sempre despertada assim como todos os outros sentidos e sentimentos.

Dentro do Direito Positivista, a conservação da vida, está como um farol, que guia o “ser”, para que se respeitem os tramites entre psicose e a lucidez.

A psicose individual, sem termos patológicos, tem que estar na ordem do dia, mesmo tomando doses de medicamentos informativos a todo instante, a educação ainda, pode ser considerada como um mecanismo que somente em determinados momentos ilude, a verdadeira face monstruosa do homem, que quando ela vem à tona, as lacunas morais mais profundas não conseguem disfarçar suas amalgamas de armadilhas de uma subjugação entre o certo e o errado.

“Todos dormem, todos dormem” (Monte Castelo – 1989) – Legião Urbana (1982 -1996) cairia bem para uma produção desconcertante da racionalidade, e assim aprender a ficar acordado diante a selvageria como fator primordial para guiar a humanidade, para uma sistemática antropologia da destruição.

Nada de construção intelectual, o mal venceu, acabou se conforme!

Talvez nunca houvesse intelectualidade plena mesmo no alvorecer de conquista humana!

É apenas uma ilusão criada por um mente superior para confortar os mais necessitados, em que tendo que para “ser sincero”, dentro de um espaço de “homens”, colocando todos os seus traumas, diante de experiências que assinam com um “contrato de vida” apresentando uma pequenez de integração da ação, como uma verdadeira emoção, que não venha prejudicar o próximo.

O alimento é tudo, (se sangue já não é somente uma questão de barbaridade), transcorrendo uma simetria de consciência doente, em que  lunáticos, podem conter uma escala de alargamento dentro de uma história, que é escrita por um “Mito da Caverna”, que contenha o estandarte reflexivo, que quanto mais descemos, mais perto do Inferno estamos.

“The Last In Line (1984)” ,como diria Dio (1942 – 2010), ou seja estamos caindo em um poço de ingratidão de mesquinharia, onde os vícios tomam conta do pedaço, ou seja, quanto mais idiota melhor, faz todo o sentido aqui, não há perdão para aqueles que amam, e todas glórias são para maldade, que assim coroa, um ser – humano caótico, que em sua engenhosidade espiritual faz epifania de malfeitorias com o se fosse algo normal.

Assim, a cada pincelada de sua fúria em querer ajudar o próximo, mais Goreng adentra em universo de um Stalker, onde a “procura de si mesmo” usando de Rollo May (1909 – 1994) possui a carência de ter que fazer uma metamorfose dentro de sua consciência em entender que tudo o que é “horrível” quando uma vez dentro do “Poço”, se torna banal.

O maior mal seria manter o corpo dentro de uma anormalidade biopsicossocial, e ter noção de ser uma cobaia que está sendo digerido, por  sórdidos, instrumentos para uma alienação, que não provoque ação de empatia pelo próximo.

O fanatismo de ter que suportar um ao outro, traz um distanciamento do “kairós”, que possa angariar uma semiologia de se colocar dentro da pele do semelhante, aonde a fome venha acompanhar, cada segundo em uma partícula de tempo que produz uma ontologia de frear a organicidade de crescimento da psico –afetividade.

O distanciamento do desejo “junguiano”, de levar “a mentalidade descontínua”, de construir uma melhor humanidade, em termos sarcásticos o “ânus”, se torna um laço filosófico de instrumento da continuidade do poder.

Não no sentido do coito, ou da pederastia e sim que as fezes venham a introverter a contaminação da plataforma que serve o banquete macabro, de um “in foco”, que assim apresenta o sistema digestivo como um panóptico de uma “filosofia da legitimação estatal da merda”.

Goreng exemplifica esse ponto quando começa defecar na comida quando ela é retirada de sua presença, colocando uma crítica dentro do “objeto indagatório”, a qual setor político possui “os excrementos de supressão de Direitos”.

Dentro até mesmo de uma analogia cristã, está que as pessoas levam a carência de bons hábitos se comportando com um glúteo mental, assimilando os “Irracionalismos” de submeterem “Estruturalismos Psíquicos” condicionamentos constantes do terror.

Esse terror que não está somente no ponto de vista da estética e sim com compêndio dos princípios metodológicos de “Descartes” (1596 – 1640) sendo colocado a prova, em um comprometimento de endossar uma atitude “socrático-freudiano” em que os prazeres não estão dentro do “cogito” somente de interpretação da mente e dos prazeres humanos, e sim a uma teleologia da arte de lançar-se para o apreciador de violência, que ele pode ser provocado dentro de nichos científicos da banalidade comportamentalista.

A sacralização e devassidão de um banquete, contendo as vitaminas de uma loucura, elevando uma história de suicídio, sem morte total, para as pessoas que perdem, noção pela pureza torcendo pela transposição de um banho de sangue, do canibalismo e da coroação da merda, ou seja, lampejos de um  morticínio de “vintém”, que faz a escatologia dentro da modernidade contemporânea, a “khôra”, de comunicação em que a leveza salta para uma brutalidade, de colocar para fora, uma oblação de perversidade.

Um “maquiavelismo” ao contrário, com um novo tipo de “Big Brother”, ao qual seres nojentos ganham patamares de uma “obra de arte técnica”, em fazer um crescimento das baixarias mais letais que se escondem dentro de cada indivíduo.

O “maquiavelismo”, de que para se manter um “vivo – morto”, na carência expõem que cada um é de verdade, Hannibal Lecter encontrou um concorrente a altura para seus gostos culinários mortíferos.

Lecter, que formou sua personalidade através do canibalismo praticado contra sua irmã durante a invasão nazista a seu lar na Lituânia durante a Segunda Guerra Mundial, racionalizou sua psicose, em um procedente analítico da maldade, o saborear da carne humana, pode limitar o paladar de um discernimento do que é certo ou errado, para uma zumbização de afastar as pessoas dos cerceamentos, entre o bizarro e o monstruoso.

No ponto do canibalismo entra um sínodo, de que o “ânus”, se torna uma arma letal, para um nefasto “darwinismo” de destruição do alimento alheio, assim dentro de um inconsciente coletivo em vencer as dificuldades de um condicionamento de responsabilidade civil a se fazer presente em um bloco de resistência, a uma intensificação do sangue para arregimentar um princípio epistemológico sentimental volumétrico, assim viabilizando um toque de ironia diante a projeção de algum carinho que a humanidade possa ter por si mesmo.

Erich Fromm (1900 – 1980) em sua obra “A Sobrevivência da Humanidade (1961)”, enovelou que chegaria momentos em que a destruição se faria como algo natural, e o “Poço” extasia a marginalidade como um algo que seja contemplado a luz de tradições Pré-Históricas de rituais metafísicos e antropológicos, que venham a mostrar com a dor é algo que entra em uma raio de nivelamento ao ideário bondoso e político naturalístico.

“Política do Ânus”, ou seja, a reciclagem de que um “cristianismo macabro”, sendo feito (pelo velho Trimagasi), ao qual em momentos, onde estar faminto fazendo uma oração tendenciosa e usando do cálice da última ceia, justifique uma desenvoltura para a comiseração de barbaridade em um espaço, onde já não transcorre nivelamentos de carinho, e onde a desconfiança constrói seu Império.

“Um Império onde sobreviver é a maior das dores, onde a violência não está como uma alternativa, e sim como fator para se continuar vivendo e vegetando em uma categoria de pensamento, manchado pela sujeira, em ter na “Plataforma” uma oportunidade de glória, mas que dentro de escopos totalitários, deixa uma servidão que em determinados fatos da dialética mental, podem elixir uma comunhão do descrédito nos “targets” de fluxos de sanidade em relação ao animalesco, quando esse próprio alvo, refaz um ritmo harmônico de intelectualidade para a escatologia e podridão de distanciamento entre o “pseudo-certo e o para-errado”, restando apenas um mecanismo de absorção do crepúsculo mental de não adorar ídolos, e sim um narcisismo a se manter com a vida biológica custe o que custar.

Em tempos pandêmicos do COVID-19, a tessitura de um isolamento, conquista uma isonomia de adicionar, que o tempo pode ser adversário, mas também um aliado, pois na próxima digestão mais “armas cremosas”, podem ser fabricadas por cada nível superior da “Plataforma”, e assim favorecer a proliferação de doenças, que também colocam em vista de prospecção sociológica, na questão de elaborar boas maneiras quando o estupro da igualdade, em um “Beco” de indulgências dos pecados, estando ao traçado humanístico de punir sem julgar os que se alistaram como voluntários para uma molécula de julgamento final, feito pela experiência do C.V.A.

Deus não está como um bem feitor, sim está como uma vacina para um câncer, em se fazer do próprio corpo, uma insatisfação de espiritualidade, em ter o “eu” em se forçar atos de bondade, em sua criatura, “que é sua imagem e semelhança”.

As cores, os sons de extermínio, o canibalismo, é fazer inveja para os membros do filme “Vivos (1993)”, baseado em acidente aéreo ocorrido na Cordilheira dos Andes em 1972, fazem uma verificação que, para o merecimento da morte, há de ter a dignidade de suportar todas as fases que a vida vai impor, mesmo que para isso a monstruosidade caia por chão na não admissão que somos “maus”, mesmo que usando a vestimenta de bons moços, caiamos no cinismo de sempre culpar o outro pelas lípases de nosso “ânus”.

A merda é o que impera, ou seja, sem a sexualidade com toque de “Buttman (1950)”, de estar em quatro paredes, é reinventar novas superestruturas ideológicas de poder para o corpo.

“Vou desfiar você só um pouquinho, a dor não é maior que fome”, Josué De Castro (1908 – 1973) em sua “cartografia sobre a fome”, relatou e redigiu mapas de miseráveis que diante dos descasos governamentais e institucionais, levaram pessoas a se aumentaram o número de seus defuntos, Galder Gaztelu Urrutia (1974), deixa a falta de nutrientes como “mise en scéne”, de unir a brancura dos cômodos do “Poço”, como profundidade de se mergulhar no caos, onde estar com a razão, é um fardo de abrilhantar, cunhos para morrer, porém a morte não é uma esperança, e sim uma necessidade.

Afinal se pensarmos no “ânus”, no “Poço”, e na morte, ambos são sujos, cheiram mal, decompõem em matérias nojentas, de uma promiscuidade, a denunciar segundo os pensamentos de Benedetto Croce (1866 – 1952), “a estética da falência da beleza”, ou seja, o que se torna bom, pode estar recheado de vilanias, de que para a indústria da moda, em se projetar com o algo aceitável para o grupo humano ao qual esteja vivendo, deve-se ter o peito de mentir, de controlar todas as reações químicas, biológicas e físicas do corpo, com objetivo, de exercitar a hipocrisia, de que para o restante do endoesqueleto ser “lindo” e aceitáveis, o “ânus”  tem que limpar a lama humana sagrada de cada dia.

Urrutia lança para “O Poço”, algo asqueroso, mesquinho, amar aos poucos para saciar a carne, “comendo o semelhante”, uma pornografia dos bons costumes.

O canibalismo foi praticado em abundância, por Incas, Astecas, Maias, Bantos, Nazistas, Timbiras, em diferentes circunstâncias históricas e políticas e “geoespaciais”, porém a filosofia do absurdo é fascinante, e por ser algo de contundência ao “choque”, espiritual, de que somos “robôs”, de nossas refeições, isso consome um aparato de que não existe bondade, e sim que a maldade é algo somente a salientar um Estado mórbido, de espetáculos grosseiros, onde o maneirismo, fazendo a loucura ir ao seu limite, seja o laboratório de um ofertório a perfurar o intimo de um espetáculo globalístico, que esconde sua verdadeira face perante hábitos de bons labores sociobiológicos.

O acidente da inteligência, sendo um esmero de prolongamento antroposófico, do juízo final feito segundo, as preferências de que até mesmo par assistir “O Poço”, é necessário reconhecer que a curiosidade está, em não procurar a luz, e sim abraça a escuridão.

Uma escuridão que possui a vela, de assombrar esteticamente o nefasto, para o escabroso preâmbulo consumista de jogar dados democráticos diante a ascensão da ferocidade humana escondida em cada um e nós.

“O Poço”, assim como outros buracos, não é o único sincretismo para se conquistar água, sim diagrafar um cinema do lixo, mas um lixo que reciclado, eleva uma criatividade de compreender, a responsabilidade civil que cada um, possui nos momentos de “peste”, sendo santificado para ajudar a si próprio, ou como a ser instrumento de sobrevivência do próximo

O efêmero, e o diabólico, sentimento em se divertir ao contrário, não torcer pela luz, e sim ajoelhar os neurônios, para um comorbidade da maldade, “pathos”, de “hiper-humanismo” paradoxal, que faça o embrião filosófico de arremeter, um vida, que possua caprichos para serem feitos a todos os momentos, e que não importa as barreiras devem estar quebrados, mesmo que para isso tenham que usar o “ânus”, para “salgar” a refeição sagrada do irmão.

As refeições portentosas, o luxo, as incertezas os preconceitos, assim “O Poço” é uma aula, da sujeira que somos e nos tornamos a cada instante, escolhendo ao invés do amor, estar vivo custe o que custar, em um universo cinético de uma “física-social”, que faz obscenidades como um letal serviço para afastar cada vez mais as culturas, transformando em mictório moral prolegômenos, a uma diegese da argúcia, do que se classifica como sendo certo ou errado.

O único fator, do que esteja certo, é que em que se caso comer, produzir o máximo que puder, “o quimo” da manutenção do sistema biológico, e assim caminhar para ser esquartejado aos poucos pelo seu companheiro de cela.

Moacyr Scliar (1937 – 2011) possui um “conto, denominado A Vaca (2003)”, ao qual um homem obrigado a sobreviver em uma região insular, somente como companhia uma espécie desse mamífero bovino, para não padecer perante as suas artimanhas estomacais, vai decepando aos poucos o pobre  animal, e assim se conservar vivo, mesmo que para isso tenha que enfrentar solidez da solidão, no fim da estória ele consegue voltar ao “mundo (a)normativo decente”, ou seja, as vezes é necessário o estranho para voltar a normalidade aparente.

“O Poço” é um apaixonante enredo, de como a burocracia, existe até para morrer, ou seja, para causar dor, te mato a passos de tartaruga, e assim depois meu “ânus” vai limpar a sua carne de minhas entranhas.

Não vou comer você, vou te devorar, como uma Esfinge ambulante, para assim descubra, em que marasmos de felicidades do “buraco” estamos, mas lembre-se que se sobreviver, e não fazer picadinho do seu corpo, tente deixar o seu apreciador mais sensível, ou extremamente injuriado e com nojo, como os masoquistas, alvoroçados, para um prato de idiotices, de  ocupar uma “humanidade”, que nunca cansa de reinventar, a cada safra de nostalgia de diversão, no fim tudo se resume, a comer e cagar, e se empanturrar com aquilo que negamos ser:

“Insanos, por novos “poços”  de sangue”.

O Poço.

Filme de 2019, com 1 hora e 34 minutos de duração.
Direção: Galder Gaztelu-Urrutia
Elenco: Iván Massagué, Zorion Eguileor, Antonia San Juan, Emilio Buale Coka…
Drama|Espanha

Sinopse: Exibido pela Netflix, O Poço conta a história de um lugar misterioso, uma prisão indescritível, um buraco profundo. Dois reclusos que vivem em cada nível. Um número desconhecido de níveis. Uma plataforma descendente contendo comida para todos eles. Uma luta desumana pela sobrevivência, mas também uma oportunidade de solidariedade.