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Feliz Ano Velho, deslize, superação e muita vida real

Existe uma quantidade inesgotável de coisas que não estão sob nosso controle. O que podemos controlar é bem pouco.

Essa é a vida. Não tem outra forma de se viver. Somos telespectadores de nós, estamos presos dentro de um corpo, reagindo ao que nos cerca.

Triste? Diria eu que não. Gonzaguinha complementaria com: “sempre desejada, por mais que esteja errada, ninguém quer a morte, só saúde e sorte…”

Pois bem, Marcelo Rubens Paiva nos contou em seu livro “Feliz Ano Velho”, de 1982, uma dessas coisas que acontecem e a gente não tem muito o que fazer.

Em seu livro ele conta como foi o acidente que o deixou tetraplégico, após mergulhar em um lago que era raso.

Ele só pulou, falou que iria achar um tesouro perdido, não sabia que ali, naquele trecho, o lago era raso, bateu sua cabeça, perdeu seus movimentos.

Assim mesmo. Coisa rápida. Vou dar um mergulho. Sou jovem. Estou na flor da idade. Sou invencível. Pulo. Bato a cabeça. Saio tetraplégico.

É isso. O ineditismo, muitas vezes cruel, é o que dá graça na vida.

Lógico que, nesse caso, foi um ineditismo bem sem vergonha, bem traiçoeiro. Mas fazer o que? Seguir, só seguir… é o que resta.

O livro é antigo, eu sei, mas é uma leitura necessária para todo mundo. Ver um jovem que, tinha quase tudo que desejava.

Um jovem que teve seu pai preso durante a ditadura militar. Um jovem que, naquelas páginas, expôs sua vida sem vergonha alguma.

Contou seus segredos e medos, julgou e foi julgado. Expôs nossa sociedade machista, não poupou os palavrões e nos mostrou que basta um momento, apenas um momento, para tudo ser perdido.

Como ele mesmo disse, não é exemplo, muito menos herói. Concordo com sua segunda afirmação, apenas com a segunda.

Exemplo ele é. Um humano, com falhas e virtudes. Que desejou parar de viver em alguns momentos, mas que em todos os outros foi pra cima e superou o que tinha que superar, mesmo quando um som agudo insistia em invadir sua cabeça.

Não deixe de conferir.

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