Pular para o conteúdo

5 trechos marcantes do livro Trem Noturno para Lisboa (Parte 3)

Até hoje 22/07/2019 esse foi o melhor livro que li em minha vida. Quando tive o prazer de ler pela primeira vez, fiquei empolgado, “vivi” durante algumas semanas com Amadeu do Prado e tudo que o cercava em minha cabeça, tanto é que fiz vários posts.

Você pode conferir.

5 trechos marcantes do livro Trem Noturno para Lisboa

5 trechos marcantes do livro Trem Noturno para Lisboa (Parte 2)

Trem Noturno para Lisboa | Filme vs Livro

Pois bem, algum tempo se passou, para ser mais exato, dois anos. Nesse meio tempo li muita coisa, mas Amadeu ia e voltava em meus pensamentos, então resolvi rumar para Lisboa junto com Gregorius novamente. Eu precisava revisitar aqueles locais, e, quando finalizei o livro pela segunda vez, mais fascinado fiquei, então cá estou novamente com 5 trechos marcantes do livro Trem Noturno para Lisboa (Parte 3).

___

Amadeu ao lembrar quando avisou um paciente que ele iria morrer em breve.

“Não era evidente, simples e claro que consistiria o seu pânico se, nesse momento, recebessem a notícia da sua morte iminente? Virei o rosto tresnoitado para o sol da manhã e pensei: eles simplesmente querem mais da substância da vida, por mais leve ou pesada, por mais parca ou farta que essa vida possa ser. Não querem que ela tenha chegado ao fim, mesmo que, depois do fim, já não possam sentir a sua falta.”

Sempre fico pensativo quando vejo alguém falando sobre que temos medo de morrer, mas quando estivermos mortos, não saberemos. Amadeu cita isso em alguns trechos. Em todos eles um sentimento do qual não sei explicar, toma conta do meu ser. Ter medo de algo que, depois de acontecido, não saberei que aconteceu, não é ilógico?

___

Amadeu comparando sua vida com um trem.

“A viagem é comprida. Há dias em que desejo que seja infinita. São dias invulgadores, preciosos. Há outros em que fico aliviado, por saber que haverá um último túnel em que o trem parará para sempre.”

Tem aquela velha história de Sibila de Cumas que desejou a eternidade, mas esqueceu de desejar ficar jovem. Ela viu todos morrerem, viu seu corpo definhar e no final o que mais desejou foi morrer.

___

Maria João falando sobre o encontro de Estefânia e Amadeu.

– Uma coisa eu sei: quando aconteceu aquilo com a Estefânia, não fiquei nem um pouco surpresa. Pois existe isso: não sabermos o que nos falta até nos aparecer pela frente. Então, subitamente temos certeza de que era isso.

Não sabermos o que nos falta até nos aparecer em nossa frente, existem alguns momentos e só alguns, que a vida deixa de ser complexa.

___

Carta suicida do Juiz Prado.

– Deixei a chave no escritório. Atribuirão tudo às dores. Que um fracasso também pode matar, isso não conseguirão imaginar.

Um juiz respeitado, dono de um bom patrimônio, um cargo que muitos desejavam. Falando assim parece uma vida perfeita. Correto? Olhando bem fundo, vemos que não. Prado, o homem cheio de dores, que andava curvado sem conseguir olhar no rosto das pessoas. Prado, o cara respeitado que perdeu o respeito da família. Prado, o cara que não conseguiu expressar e nem receber o amor de seu filho.

É, meu amigo, um fracasso também pode matar.

___

O’Kelly sobre sua farmácia ficar com a luz acessa quando está fechada.

É de propósito. A luz fica sempre acesa. Sempre. Puro esbanjamento. Para me vingar da pobreza na qual cresci. Um único cômodo com luz, ia-se para a cama no escuro. Os poucos centavos de mesada que eu recebia gastava em pilhas para uma lanterna com a qual eu lia à noite. Roubava os livros. Livros não deveriam custar nada, pensava então, e penso ainda hoje. Viviam nos cortando a luz por contas não pagas. Cortar a luz – nunca me esquecerei da ameça. São sempre aquelas coisas simples que não conseguimos superar. Algum cheiro, a ardência no rosto depois da bofetada, a repentina escuridão inundando a casa, a grosseria do praguejar do pai. No começo, a polícia aparecia às vezes na farmácia por causa da luz. Agora, todos sabem, e me deixam em paz.

O’Kelly em um trecho nos faz refletir sobre vários temas. Queria vingar-se da pobreza. Ah, quem não quer?

O’Kelly acreditava que livros deveriam ser gratuitos. Mas para os poderosos, que comandam toda uma casta, o conhecimento não pode ser gratuito, ele tem que ser caro, muito caro.

E sim, existem aquelas coisas, aquelas pequenas coisas que a gente nunca supera. A grosseria do praguejar do pai, por exemplo, é uma delas.

Praguejou. Xingou. Resmungou. Nunca mais esqueceu.

___

Por aqui finalizo esse post, é certeza que em breve voltarei com mais temas sobre essa obra, mas eu lhe imploro, se você souber de algum livro que fale sobre vida, morte, conflitos internos… me recomende.

Não deixe de conferir. 

Frases e Trechos do livro “Eleanor e Park”

Quem é Charles Bukowski?

5 grandes filmes baseados em fatos reais

The Castle (O impacto de um livro), de Jorge Méndez Blake

Eleanor & Park, siga em frente, mesmo sendo impossível

Sigam-me os bons!

 Facebook | Instagram | Twitter | Youtube