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Rango e a corrupção

No começo de tudo, quando lançada, as animações eram exclusivamente para entreter, fazer o telespectador dar algumas risadas. Mas não demorou muito para que elas fossem ficando complexas. O riso já não era o único motivo nessas obras. Agora todo enredo estava ficando cheio de reviravoltas e momentos dramáticos.

Hoje, falou em animação, falou em produto complexo. Produções que demoram para serem finalizadas, bilheterias que quebram recordes e pessoas encantadas por todo o mundo.

Assim como é o caso de Rango (2011) que, olhando de longe, parece ser despretensioso, mas, olhando ali de pertinho…

rango

Ah, meu amigo. Olhando de perto, notamos que vivemos tal situação.

A “Vila Poeira” é um local cercado de estranhas criaturas, bom, é o que parece no começo. Só que não é bem assim, o “pessoal” que ali se encontra, tem bom coração. No fundo eles só querem um pouquinho de esperança para enfrentar uma vida tão difícil.

Todos tem problemas, falta água, falta comida, falta “humanidade”.

Sim, é isso que falta. Enquanto todos ali sofrem, o prefeito da vila rouba toda água do local. Ele quer acabar com tudo aquilo. E aos poucos vai conseguindo.

Primeiro fecha uma torneira aqui, depois fecha outra ali, por fim, acabando com todas as fontes, consegue poder total.

Uma animação tão próxima da vida real.

Em nosso país sobra água, mas falta educação. Se fôssemos fazer um filme baseado em nossas histórias, não teríamos torneiras fechadas, mas sim uma educação sucateada.

Vai lá. Pague mal os docentes, não faça leis que punam rigorosamente os delinquentes, deixe o ambiente de caos reinar, crie a tal da progressão continuada… agora, coloque uma pitadinha de falta de verba, roube a merenda e o sonho dos alunos.

Lembro quando vi pela primeira vez esse quadrinho. Não sei quem fez, se alguém souber, me avise, quero dar os merecidos créditos. Mas isso resume tudo.

Pessoas desesperadas são criadas pela falta de educação. Lá no começo, o jovem tem seu direito de aprender roubado. Muitos não vão ao colégio. Se tornam o que as pessoas falam para eles se tornarem.

O ciclo se repete por algumas gerações e está criado as hierarquias. Onde a grande maioria da população, que não tem acesso ao ensino de qualidade, que não se alimenta direito e que tem que escolher entre trabalhar e ir para escola, não se rebela contra os governantes que criaram esse caos.

Eles lá estão. Igual aquela tartaruga do filme, velhos, enrugados, parecem abutres. Aparecem de vez em quando, dão uma gota d’água e desaparecem, por trás, ferram uma nação e tá tudo bem.

O ciclo se repete, se repete, se repete, não se finda e nem se findará. Cada qual com sua sorte caminha e, não, não teremos um Rango para nos salvar, esse que vos escreve não consegue e nem acredita que isso seja possível.

Não deixe de conferir.

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