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Café Arcaico | Highlander – O Guerreiro Imortal

“Não há chance para nós
Está tudo decidido para nós
Esse mundo tem somente um doce momento
Reservado para nós
Quem quer viver para sempre?
Quem quer viver para sempre?”

Dirigido por Russell Mulcahy, estrelado por Christopher Lambert, Roxanne Hart, Sean Connery e Clancy Brown, Highlander é um daqueles “clássicos” dos tempos de “Sessão da Tarde”, pra quem cresceu durante os anos 80 e 90.

A trama é sobre guerreiros imortais, que vagam pelo mundo há séculos, e precisam duelar entre si, até chegar a hora da “Reunião”, onde sentirão uma forte vontade de ir à uma terra distante, para o embate final, só podendo restar um sobrevivente, e esse, será o vencedor do “Prêmio”. A única forma de matar um ser imortal, é decepando-lhe a cabeça, por isso, estes guerreiros travam suas batalhas com espadas.

Dito isso, o filme acompanha a história de Connor MacLeod (Christopher Lambert), um escocês, nascido no Século XVI, no ano de 1518. Sua vida é mostrada com flashbacks, alternando o passado na Idade Moderna e o presente, na Nova York dos anos 80, onde ele é conhecido como Russell Nash, um antiquário, que detém uma loja de antiguidades na Rua Hudson.

Após vencer um confronto com outro imortal, chamado Iman Fasil (Peter Diamond), no estacionamento do Madison Square Garden, MacLeod esconde sua espada no local e parte para uma fuga, sendo detido pela polícia.

Highlander

Ainda sem provas contra Nash, as autoridades abrem uma investigação, liderada pelo Tenente Frank Moran (Alan North), e despertando o interesse da perita criminal Brenda Wyatt (Roxanne Hart), aficionada por artefatos antigos, principalmente espadas. Russell Nash, acaba se tornando também, o principal suspeito de outro crime parecido, ocorrido em Nova Jersey recentemente.

Nesse mesmo tempo, chega em Nova York, Kurgan (Clancy Brown), um sanguinário e o mais forte dos imortais, que no passado, foi o grande responsável pela descoberta da imortalidade do protagonista, onde este, em combate para proteger seu clã, na Escócia, é ferido mortalmente por Kurgan, com a espada atravessada em seu abdômen. Nesse episódio, MacLeod foi dado como morto, mas no outro dia andava e conversava em seu vilarejo, sendo assim, acusado de bruxaria e expulso de sua aldeia.

Após esse acontecimento, Connor retoma sua vida, longe de sua família e amigos, agora casado com a bela e dedicada Heather (Beatie Edney), até ser encontrado por Juan Sanches Villa-Lobos Ramirez (Sean Connery), um imortal que vive há 2437 anos. Ramirez tem o intuito de treinar o Highlander, para que este, esteja preparado para um futuro e possível duelo com Kurgan, ou qualquer outro imortal, que não seja digno do “Prêmio”. MacLeod e Ramirez desenvolvem uma grande amizade durante o treinamento, se tornando irmãos. Aliás, isso foi algo que aconteceu na vida real também, pois Lambert e Connery se tornaram grandes amigos durante as filmagens, o entrosamento de ambos é nítido. As cenas de Sean Connery tiveram que ser todas gravadas em uma semana devido a sua agenda apertada. E Ramirez é o melhor personagem de toda a obra, grande destaque.

Após, concluído todos os treinos, Connor MacLeod se torna um grande espadachim, e agora pronto para a Reunião, mesmo sem saber quando essa acontecerá, a única coisa que o guerreiro tem consciência é de que “Só pode haver um”.

Com roteiro e personagens criados por Gregory Widen, Highlander teve suas filmagens na Escócia, Nova York, Inglaterra e País de Gales, e contou com um orçamento baixíssimo, de aproximadamente 16 milhões de dólares. Foi lançado em Março de 1986, e arrecadou a modesta quantia de 19 milhões de dólares, praticamente servindo somente para pagar as despesas. Porém, após ser lançado nas videolocadoras, e com as exibições televisivas, acabou tendo o seu reconhecimento, se tornando um clássico cult, gerando mais quatro sequências, seriados e animação de TV.

O australiano Russell Mulcahy foi escalado para a direção, por despertar o interesse dos produtores, após realizar em sua terra natal o filme Razorback – As Garras do Terror, sobre um javali assassino que aterrorizava uma comunidade isolada no interior da Austrália.

Mulcahy conduz bem a obra, criando um clima interessante, com um tom meio sombrio, com grandes duelos de espadas muito bem dirigidos e coreografados. E ainda conta com uma excelente fotografia de Gerry Fisher, mostrando com belas tomadas as highlands (terras altas – dai o nome do filme) escocesas. Mas o diretor nunca conseguiu decolar em sua carreira, sendo sempre irregular e se envolvendo em projetos bem duvidosos.

Devido a sua produção precária (com orçamento quase de filme B), Highlander acabou ficando muito datado, com efeitos especiais bem ruins, “toscos” até, com cabos aparecendo em cenas de levitação, por exemplo (a versão dvd e blu-ray “quebrou as pernas” dos realizadores, deixando nítido falhas desse tipo). Peca também no roteiro, explicando pouco e algumas soluções fáceis em alguns momentos.

Hoje em dia, a obra não deve chamar muito a atenção da nova geração de “cinéfilos”, porém, um remake seria muito bem vindo, e parece que já está em andamento. Com uma produção melhor, e com um roteiro mais bem caprichado, a trama tem um grande potencial a ser explorado e desenvolvido.

Impossível falar do Guerreiro Imortal, sem comentar sobre o seu ponto máximo, a grandiosa, a épica trilha sonora da banda britânica Queen, em parceria com o saudoso músico Michael Kamen. Canções como Princes of the Universe, Gimme the Prize, One Year of Love, A Kind of Magic, Hammer to Fall, Don’t Lose your Head e principalmente  Who Wants to Live Forever, engrandecem todo o projeto. Sendo, com esta última citada, a sequência mais bela de toda a obra, praticamente um videoclipe, mostrando Connor e Heather reconstruindo suas vidas, o tempo passando, a esposa envelhecendo e MacLeod ainda jovem, é de cortar o coração, triste e romântico ao mesmo tempo, diria que é uma das melhores cenas que já vi. Conta-se que, Brian May, guitarrista do Queen, compôs essa música no táxi, enquanto voltava para casa, após assistir uma exibição prévia da produção, e foi a primeira composição para o filme, onde todos os integrantes da banda colaboraram com pelo menos uma faixa.

Enfim, Highlander é um dos filmes que mais bem resumem o cinema oitentista, vale muito pelo fator nostalgia. Dos tempos áureos da Sessão da Tarde, Sessão de Sábado, Temperatura Máxima, etc., quando eu sempre tinha uma fita VHS de prontidão, pra gravar qualquer coisa que fosse relevante, e rever sempre que possível.

Tudo era diversão, tudo era mágico… A Kind of Magic!

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Dados Técnicos.

Título: Highlander – O Guerreiro Imortal – 1986
País: Estados Unidos/ Reino Unido
Duração: 1 hora e 51 minutos
Direção: Russell Mulcahy
Elenco: Christophe Lambert, Sean Connery, Roxanne Hart, Clancy Brown, Beatie Edney, Alan North, Jon Polito, James Cosmo…

Sinopse: Connor MacLeod (Christopher Lambert), um guerreiro escocês do século XVI, imortal e, após algum tempo, encontra Juan Ramirez (Sean Connery), imortal como ele. Ramirez o ensina a manejar uma espada, pois a única forma de matar um imortal é cortando sua cabeça. Após alguns séculos, surge um inimigo, imortal como ambos, que pretende decapitar Connor, para se tornar o único imortal da face da Terra.