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Intocáveis, um raro caso de amor sem interesse

Amor. Um sentimento forte. Pouco utilizado nos dias atuais. Somos movidos por interesse, tudo tem que ter um “algo a mais”. Casos de novinhos ou novinhas casando com pessoas ricas, com o dobro ou o triplo de sua idade, não faltam.

Amor? Interesse?

Dizem que contamos em uma mão o número de amigos. Também dizem que é só ficar doente ou falir que saberemos quem são os verdadeiros.

Eu sei, é complicado.

Não lembro onde li ou escutei uma história que dizia que um velho cheio da grana disse que sabia que suas namoradas o namoravam só por causa do dinheiro. Que elas só tinham interesse em uma coisa que ele tinha, mas como ele também era interesseiro, estava tudo certo.

Mas, no meio de tanto interesse, existem casos de amor verdadeiro.

E o amor não existe só entre casais. Existe em vários locais. O amor existe entre amigos e irmãos, entre você e seu dog, ele está em vários locais, mesmo que com menos intensidade.

Pois bem, eis que paro para assistir Intocáveis. E isso já faz um tempo. Mas toda vez que o filme passa, eu revejo. Sua história é divertida, as atuações de François Cluzet e Omar Sy são ótimas. Só que o que mais me encantou foi aquela amizade verdadeira, sem interesse.

Philippe Pozzo di Borgo é um cara influente, tem bastante dinheiro. Um dia, praticando parapente, sofre um acidente e fica tetraplégico. Nesse meio tempo sua mulher acaba falecendo. Ele, desiludido da vida, precisando de cuidador, encontra em Abdel Sellou, um imigrante, “o parceiro ideal”.

No filme Abdel leva o nome de Driss. E Abdel/Driss é desleixado, não tem experiência em cuidar de pessoas debilitadas e não mostra o mínimo de compaixão. Na realidade, o rapaz só queria pegar uma assinatura e continuar recebendo seu seguro-desemprego.

Philippe decide contratá-lo, estava cansado de pessoas que sentiam pena de seu estado.

Notou? Philippe estava cansado. Ele só queria ser tratado de igual pra igual. Sem bajulação por causa de seu dinheiro ou pena por causa de seu estado físico.

Então, que tal fumar um cigarro? Ou, quem sabe, fugir da polícia? Ah, já sei, uma “casa de massagem” vai bem, né?

O que? Ele é deficiente? Sério? Nem percebi!

O que? Ele é imigrante, ex-presidiário, que veio até minha casa só para pegar uma assinatura e continuar recebendo seu seguro-desemprego? Nem percebi!

A relação entre os dois é de igual pra igual. Sem rodeios ou peninhas. Olho no olho, verdade por verdade, trabalho que virou amizade, amizade que virou amor.

Ah, meu amigo. Amizade é isso. É construída com o tempo, sem se preocupar com defeitos ou passado.

Amizade não tem interesse. Não tem cor. Não tem gênero.

Pois, como já dizia o poeta: “Amigo é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves, dentro do coração…”

Não deixe de conferir.

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