“Demore o tempo que for para decidir o que você quer da vida, e depois que decidir não recue ante nenhum pretexto, porque o mundo tentará te dissuadir.” – Friedrich Nietzsche
De onde viemos? Para onde vamos? A vida é complexa, procurar respostas é inútil. Quanto mais conhecimento você adquire, mais você sabe que não sabe absolutamente nada.
Então como fazer essa vida ter algum sentido?
Procurando algum propósito. Encontre o que você deseja fazer da sua vida, não importa se é trabalhar em um banco ou ser escritor, se é ficar rico ou viver vendendo sua arte na praia.
Não importa, encontre e não recue ante pretexto nenhum.
Ainda não ficou claro?
“Demore o tempo que for para decidir o que você quer da vida, e depois que decidir não recue ante nenhum pretexto, porque o mundo tentará te dissuadir.” – Friedrich Nietzsche
Pois bem, o livro de Jean-Paul Didierlaurent vai clarear suas ideias. Não que ele seja uma obra prima literária, ou que lhe traga respostas profundas sobre todos os seus problemas, mas ele mostra de forma magistral que só quando temos um objetivo, vivemos.
Guylain Vignolles ama livros, mas por destino ele trabalha como operário de uma usina que destrói livros.
Mas todos os dias ele entrava dentro da máquina para fazer uma limpeza, e sempre encontrava algumas páginas avulsas que não foram trucidadas. Ele sempre retirava as páginas e levava embora. No dia seguinte, no trem das 6 e 27 ele lia em voz alta aquelas páginas.
Não importava se era um página de ficção ou uma receita de bolo. Ele iria ler do mesmo jeito. Ali, naqueles minutinhos que antecediam a tortura de ter que trabalhar em um emprego que detestava, ele vivia um pouco.
Em conjunto com essa vida miserável, encontramos outro personagem. Seu nome é Giuseppe. Um velhinho que em um acidente na usina que destruía livros perdeu suas pernas. Foram três meses só para aceitar que suas pernas não cresceriam mais.
O tempo passou, o velho andava extremamente cabisbaixo, mas tudo mudou quando descobriu que daquele seu incidente, mil e trezentos exemplares de um livro chamado “Jardins e Hortas de Antigamente” foram criados.
Resultado?
Lá vai Giuseppe correr atrás desses livros, para assim, ter algo que parece tolo, mas que para ele era o que mais importava, ter suas pernas de volta, mesmo que fosse em uma prateleira.
Notou? O sentido da vida de Giuseppe era reencontrar suas pernas. Qual é o seu?
Não quero saber o que é, quero que você saiba.
“Quer ser professor? Ator? Poeta?
Voltando ao miserável Guylain, que fique claro, quando digo “miserável”, não digo viver em miséria de recursos, mas sim em miséria de vontade de viver.
Guylain encontrou um pendrive no vagão do trem, nele continha alguns textos. Nesses textos ele “encontrou sua alma gêmea”.
Mas espere. O ainda miserável Guylain não quis procurar tal moça. Foi Giuseppe, que tinha seu objetivo, que encarou seus problemas de peito aberto, que incentivou o rapaz.
Guylain parou de ser miserável, correu atrás para descobrir quem era tal moça (Julie), e foi naquele sábado, que não teve exatamente sua hora e data citada, que tudo mudou. E não sabermos o dia e hora que fez com que o rapaz mudasse sua vida para sempre me fez lembrar de um trecho do livro “Trem Noturno Para Lisboa”
É um engodo achar que os momentos decisivos de uma vida, em que seus rumos habituais mudam para sempre, sejam necessariamente acompanhados de uma dramaticidade ruidosa e estridente, acompanhada de grandes surtos. Esta é uma imagem batida inventada por jornalistas bêbados, diretores de cinema ávidos por flashes e escritores cuja cabeça é à imagem e semelhança dos pasquins de terceira categoria. Na verdade, a dramaticidade de uma experiência decisiva para a vida é de uma natureza inacreditavelmente silenciosa. Ela tem tão poucas afinidades com a explosão, a labareda e a eclosão vulcânica que, muitas vezes nem é percebida no momento em que acontece. Quando desenvolve seu efeito revolucionário e mergulha toda a vida numa luz totalmente nova, ganhando uma melodia completamente original, nova, ela o faz sem alarde, e é nessa falta de alarde que reside sua nobreza especial.”
Foram 36 anos que Guylain esperou para que pudesse viver. E você, vai esperar quanto tempo?
“Demore o tempo que for para decidir o que você quer da vida, e depois que decidir não recue ante nenhum pretexto, porque o mundo tentará te dissuadir.” – Friedrich Nietzsche
Não deixe de conferir.
5 trechos marcantes do livro Trem Noturno para Lisboa
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