Uma vez li um texto intitulado “Síndrome dos vinte e poucos anos“. Não me recordo o autor, mas o texto dizia que nossos amigos estavam diminuindo, que as multidões já não eram tão interessantes, que você ainda não estava no trabalho que desejava… enfim, um texto que fala como é difícil ter 20 e poucos.
Pois bem, Frances (Greta Gerwig) tem 20 e poucos, 27 para ser mais exato. Ela divide um apartamento com sua melhor amiga, Sophie (Mickey Sumner), seu sonho é ser bailarina, mas seu dom é tão pequeno quanto sua grana no banco.
Frances é uma mulher que não se vê como tal, ela age como criança. Não vou nem entrar no detalhe de que achei a relação entre as duas forçada demais, ninguém é feliz 24 horas por dia. Mas o filme tenta vender que o relacionamento das duas é só alegria.
Comprar ou não a ideia da amizade perfeita é subjetivo, pois no momento que Sophie resolve partir do apartamento, começamos ver uma ponta de vida real no longa. Frances, que não havia aceitado quando seu namorado convidou-a para morar junto, não aceitou o fato da amiga abandonar o barco.
É nesse ponto que vemos a síndrome do adulto que não quer crescer. Sim, você já passou por isso, ou ainda vai passar. Chega um momento que temos que nos colocar diante do mundo, assumir nossa posição e lutar para conquistar nosso espaço. Só que isso dá trabalho, recebemos muitos nãos, somos decepcionados e maltratados por esse mundo.
Mundo esse que é cruel, mas cá entre nós, é lindo. Frances decide abdicar sua vida de adulta. Ela quer continuar brincando de “lutinha”, ela quer continuar vivendo um faz de conta, e seguir seu sonho impossível. Veja bem, você ir atrás do seu objetivo é sensacional, desde que ele seja plausível. Não adianta esperar um gato latir, aqui é o que ocorre com Frances, ela quer dançar, mas é desengonçada, não consegue nem caminhar com sutiliza, quanto mais dançar.
Frances muda de apartamento e faz novos amigos. Mas não esquece Sophie, seu grau de paixão por aquela amizade chega ser doentio. Mas com o decorrer da trama você entende que Sophie é o porto seguro dela, é a pessoa que faz com que Frances seja uma eterna criança, que não precise encarar o mundo como ele é.
Não adianta, ela não quer crescer, até no momento que procura um novo emprego ela volta ao passado.
Sabe onde ela vai trabalhar? Em sua antiga faculdade.
Tudo bem, Frances é forçada em diversos momentos, com uma criancice exacerbada, mas acaba cumprindo seu papel.
Não quero dizer para você deixar sua criança interior morrer, de forma alguma. Só que existem momentos que isso não cola. Você tem contas para pagar, satisfações para dar, o mundo não é um eterno jardim de infância…
Em tempo: Frances Ha é o típico filme que tem uma moral muito bacana. Mas que é extremamente controverso quanto ao entretenimento que ele irá te proporcionar. Algumas críticas que foram feitas são extremamente positivas, sua nota no Rotten é altíssima, pode ser que você ame o longa, eu já prefiro esquecer vários aspectos dos quais achei forçados e “só” focar em sua moral.
Dados Técnicos.
Frances Ha.
Filme com 1 hora e 25 minutos de duração – 2013.
Direção: Noah Baumbach
Elenco: Greta Gerwig, Mickey Summer, Michael Esper, Adam Driver, Michael Zegen…
Sinopse: Frances (Greta Gerwig) divide um apartamento em Nova York com Sophie (Mickey Sumner), sua melhor amiga. Brincalhona e com ar de quem não deseja crescer, ela recusa o convite do namorado para que more com ele justamente para não deixar Sophie sozinha. Entretanto, a amiga não toma a mesma atitude quando surge a oportunidade de se mudar para um apartamento melhor localizado, mesmo que isto signifique que ela e Frances passem a morar em locais diferentes. A partir de então tem início a peregrinação de Frances em busca de um novo lugar que se adeque às suas finanças, já que ela é apenas aluna em uma companhia de dança à espera de uma chance de integrar o grupo de bailarinos que encenará o espetáculo de Natal. Mesmo diante das dificuldades, Frances tenta manter o alto astral diante os problemas que a vida adulta traz.