Hoje é dia de conhecermos a Jaguara, personagem criada pelo brasileiro Altemar Domingos, e nada melhor do que saber do próprio autor como surgiu a ideia de criação de sua personagem.
A Jaguara surgiu em 1995. Eu queria fazer uma homenagem as mulheres com uma personagem forte e guerreira. A criação seguiu uma linha até óbvia, pensei numa guerreira indígena e meus primeiros esboços são até engraçados hoje, ela usava uma calça verde de ginástica e seu nome era Haloa. Depois percebi que essa palavra era um cumprimento havaino. Mas os longos cabelos com as pontas brancas já foram desenhadas nessas primeiras versões e resolvi manter. Mas eu percebi que precisava procurar ajuda sobre a língua que eu queria usar nas histórias, inclusive no seu nome. Quando lancei a HQ em 2005, uma aluna minha de 9 anos perguntou se poderia comprar a HQ e eu disse que não podia, pois tinha algumas cenas violentas desenhadas. Mas foi ali que percebi que deveria fazer uma versão infantil da personagem. E assim surgiu a Jaguara Mirim.
A personagem é uma guerreira, líder de uma tribo (Krenakores) de gigantes. Jaguara possui cerca de 1,95 de altura. Além de guerreira e líder, ela é protetora do Jaguaretama, um vale localizado no Amazonas, lá encontram-se algumas tribos ferozes, diversos predadores e seres sobrenaturais.
Ela é forte, ágil, e tem os sentidos aguçados, consegue escalar e se movimentar sobre grandes árvores, não sente medo, tem super fôlego (para nadar e correr é ótimo) é uma grande estrategista de guerra e tem ligação com a natureza. A guerreira é muito estudiosa e conhecedora de outras culturas.
Como arma, Jaguara possui a milenar Lança de Tupã. Arma essa que foi forjada por um semideus (Tupã), senhor das tempestades, que entregou o objeto para que ela lutasse contra todos os tipos de criaturas que ameaçassem o Jaguaretama.
Leia nossa entrevista com Altemar Domingues.
A lança ainda se transforma em qualquer arma que ela quiser, atira rajadas, raios ou dardos com o poder do relâmpago, Jaguara pode controlar esta arma com o pensamento. Só que ela demorou um tempo para empunhar o objeto. Pois o mesmo é difícil de ser controlado.
A lança possui uma gema azulada que é da carne do imortal Tupã, sua lança ainda se transforma em um arco duplo de combate a distância, capaz de atirar flecha com o poder do relâmpago. Só que após o uso como arco a arma precisa de um tempinho para se recarregar, isso causa distúrbios no clima local, gerando tempestades.
Ela ainda possui um muiraquitã, que controla alguns felinos.
Altemar ainda comentou que ele utiliza língua indígena nas histórias.
Descobri então que na USP tinha um curso de Tupi Antigo e fui lá, na esperança de convencer algum aluno a me ajudar no projeto. Acabei conhecendo o Prof. Eduardo Navarro, ele mesmo se interessou em me ajudar e nos tornamos amigos depois disso. Inclusive o nome Jaguara foi sugestão dele (…) Os diálogos de todos os personagens indígenas são adaptados para o Tupi Antigo, língua que foi oficial do Brasil até meados do século XVII. (…) No final de cada livro, tem um vocabulário com a tradução de todas as palavras e expressões mantidas em Tupi Antigo para o português, além de um glossário ecológico com uma lista de todos os animais que são ilustrados no decorrer da história.
Em tempo: As histórias contam com vários personagens da cultura indígena e do folclore, em versões mais demoníacas.
Fotos retiradas do Facebook da Jaguara.
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