Seria uma grande hipocrisia, escrever o sentido do amor, enquanto se prática tanto desamor…
Mais hipocrisia ainda falar do belo, enquanto o esmero prevalece…
Falar de alma, enquanto o corpo reina concisamente…
Falar de sentimento, sem entendimento…
Barbárie de dizer palavras de afeto, em um mundo abismado pela mentira…
Somos a mentira perfeita, o tempo todo fingimos amar…
Mas o amor não é um fingimento… algo necessário para suportar uma realidade nefasta…
Pudica de idiotices, para valorização do vazio, no esguio de viver de aparências…
Aparentemente estou entediado, e desorbitado…
Sublime neurose aqueles que vivem de esclerose de sentimentos verdadeiros…
Ah, como são belas juras, inconvincentes de subjetividade ética…
Louvem suas mentiras de alusão a contemplar o momento…
E olvidar-se de sonhar…
Pois o amor é se lançar no buraco de minhoca… com viagens atemporais, sem indas e vindas…
E sim, incididas a recomeçar a cada momento, novas histórias… e estórias…
Que se afundam no marasmo, de uma tecnologia que limita o sonhar…
E usufruto do “realizar” sem planejar…
Nos apaixonamos várias vezes ao logo da vida…
Será que ao menos vivemos de paixão?
Ou somente de alusão, daquilo que somos e temos vergonha…
De proclamar…
Que somos na maioria das vezes…
Silvos de canções enamoradas não concretizadas…
Que se reconstroem cotidianamente, na mente de cada indivíduo…
Que contenha a ousadia de amar… mas sem vacilar…