Ao subir os créditos iniciais, alguns cortes de câmeras são feitos apresentando zumbis, os créditos continuam com uma imagem tremida. Um zumbi ataca uma pessoa, uma criança mata-o e corre. Um começo comum, para um universo tão saturado.
Para nossa sorte, apenas o começo é um mais do mesmo desse mundo de zumbis. Logo descobrimos que um terrível vírus transformou grande parte da humanidade, mas, felizmente, uma cura foi encontrada. Um antivírus faz com que as pessoas “retornem” para suas vidas normais. Só que esse antivírus tem que ser tomado todo santo dia.
Dois pontos cercam o longa. Primeiro: a vacina, que é uma proteína retirada do fluído espinhal dos retornados que já morreram, está acabando com o passar dos anos. Segundo: existe um preconceito gigantesco em cima de quem é retornado.
É nesse cenário que a médica Kate (Emily Hampshire) está trabalhando, ela quer descobrir uma proteína sintética para que todos tenham acesso ao tratamento. A pesquisa demora um certo tempo, tempo esse que os retornados não possuem.
Kate é casada com Jason (Kristen Holden-Ried), e logo no primeiro ato descobrimos que ele é um retornado. Esse é o maior motivo da médica procurar uma cura “para tal doença”.
O cenário é caótico com o provável fim da vacina. O preconceito aumenta, as pessoas se sentem inseguras com a possibilidade do término da proteína, e o governo resolve mandar todos os retornados para um campo de concentração.
Emily faz muito bem o papel de Kate. Ela é segura quando médica, mas insegura quando o assunto são as vacinas de seu marido. Sua carga dramática é altíssima, pois, apesar de sua segurança no emprego, ela sofre diversas retaliações por ser um ferrenha defensora dos retornados.
Jason, por sua vez, sofre com um preconceito implícito. Ninguém, além de sua esposa, sabe que ele é um retornado. Então tome piadinhas de mau gosto perto dele.
O filme classificado como terror é, sem dúvida alguma, cercado em sua maior parte do tempo pelo drama. Jason e Kate são os protagonistas, cercados por vários secundários. Jacob (Shawn Doyle) e Amber (Claudia Bassols) são os mais próximos de algum protagonismo, só que sem tanto tempo em cena quanto o casal. Mas os dois são essenciais no desfecho da história.
A trama caminha com seu ar dramático por toda sua hora e meia, o interesse do telespectador aumenta ao passar do primeiro ato, no qual explica muito bem qual seria o desenvolvimento do espetáculo.
Retornados é um filme de zumbis. Mas durante o longa você vai encontrar dois deles, talvez três. Esqueça correrias, tiros, facadas, zumbis comendo pessoas. Esqueça tudo! Esse filme não mostra nada.
O grande foco não são os zumbis, mas sim como as pessoas reagem em situações extremas.
A trama caminha com diversos planos médios, o primeiríssimo plano é outro tipo de enquadramento que domina o longa. Algumas cenas gravadas ao anoitecer acrescentam um toque sombrio ao filme.
No geral, Retornados tem um bom roteiro, enquadramentos de câmeras que transmitem as emoções necessárias, atores que mantém o bom nível da trama, uma trilha sonora que é um mais do mesmo dos filmes de drama, uma história bem construída, um desfecho que foge da mesmice e quase nenhuma falha de roteiro.
Dados Técnicos.
Retornados (The Returned).
Filme com 1 hora e 38 minutos de duração – 2013.
Direção: Manuel Carballo
Elenco: Kris Holden-Ried, Emily Hampshire, Shawn Doyle…
Sinopse: Em um mundo pós-zombie, as pessoas infectadas fazem tratamento diário contra o vírus e com isso conseguem manter uma vida quase normal. No entanto, a droga retroviral está se esgotando e o mundo encaminha-se mais uma vez para o caos generalizado.