Filme de 1978 com 2 horas de duração.
Sinopse: Billy Hayes (Brad Davis), um estudante americano, ao visitar a Turquia decide traficar alguns pacotes de haxixe, prendendo-os debaixo de suas roupas. Seu plano acaba não dando certo e ele é preso, com sua vida se transformando em um pesadelo a partir de então, pois é brutalmente espancado e jogado em uma imunda prisão. Quando espera ser libertado é levado a um novo julgamento com efeito retroativo, que o condena a uma longa pena.
Opinião com Café.
Clayton Alexandre Zocarato.
“O Expresso da Meia-Noite” injeta choques culturais entre diversificações de grupos humanos diferentes entre si, dentro de ambientes hostis a integridade física e moral de seus personagens.
O seu enredo baseado em fatos reais se passa na brutalidade de uma prisão turca, diante das bizarrices de atrocidades cometidas por uma justiça tendenciosa, destinada não a educar, e sim condenar qualquer desvio perante a integridade moral do mundo islâmico, para alguns especialistas seu conteúdo enerva projeções conflituosos entre o “modus vivendi” do ocidente e do oriente.
Outro “blasto” em relação à ideologia contida em sua narrativa, está à questão que o personagem principal de Brad Davis (Billy Hayes | 1949 – 1991), encarna o abrupto sentido de uma vida sem limites, regrada ao gosto pelo desconhecido, e também enclausurado no desejo de saciar todas as vontades corporais e espirituais, numa miscigenação a desintegrações culturais ultrajantes perante aos hábitos dos bons-costumes do mundo muçulmano.
Não se trata de uma defesa do consumo de haxixe, que faz com o seu protagonista principal tenha que passar por uma “sumária” condenação diante da intransigência de um tribunal, direcionado em conservar a todo custo ordem social e moral vigente.
E sim no sentido de atributos a uma justiça que possa corresponder aos lastros de discutir segundo a linha do filósofo norte-americano ¹John Rawls, respeitando à integração física e moral do condenado. Compenetra atitudes de oposição a elementos de uma política, que não fique exclusivamente na condenação dos delitos, e sim defendendo algo já muito intrínseco na época de seu lançamento, o “Multiculturalismo e a tolerância pela etnias e povos minoritários”.
O espaço de ação cinematográfica de “O Expresso da Meia-Noite” não fica somente na intolerância praticada de um povo para outro, mas também submetendo a comparação metodológicas de dois teóricos, o filósofo francês Michel Foucault (1926 – 1984), e o psiquiatra italiano, Franco Basaglia (1924 – 1980), que lutavam pelo abrandamento dos “espaços de sociabilidades e relacionamentos fechados”, defronte as aglomerações humanas, no traçado de respeito a individualidade, e aprofundamento de uma ética de preservação da vida, daqueles que por algum motivo não esteja enquadrado dentro de normatizações sociais e políticas angariadas pelo poder Estado.
Dentro dessa concepção de filosofia política, o diretor inglês, Alan Parker (1944), expõe artefatos para propiciar campos de debates, de a compreenderem os efeitos que uma destruição do “indivíduo lúcido” pode encabeçar intransigentes esquemas, de campos de imaturidade psicológicas, estreitadas pela busca do prazer sem limites, que possam projetar decadentes projetos de relacionamentos enfermos de autocontrole e também de sanidade as normas existentes ao seu campo de movimentação humana e cultural.
Billy Hayes, durante sua estadia prisional na companhia de intrépidas humilhações e torturas, desenvolve uma espasmo do sentido do certo e errado, regrado ao gosto de aventura de liberdade plena, eis um dos caminhos para se compreender a sua saga de estudante estadunidense, alçando projeções de prazer sem limites, e de que certa forma podem ser classificadas como um “egoísmo individualista”, fazendo um jogo psicológico de princípios comportamentais subsidiados, em uma memória doentia, em ambicionar o sabor do prazer extremo sem limites.
As declamações em função de engrandecer a luta pela liberdade, diante a uma terra e costumes estranhos, ao seu “eu” não deixa a entrever um cunho de insatisfação da mente, outorgada em uma vida que não contenha grandes atrativos, fazendo alvorecer o gosto pelo perigo e também a busca de realizar sonhos e anseios, como sendo centro a condições psicológicas de ludibriar as normas das leis, que façam da juventude controles de massas no caminhar a apoiar uma existência de moral social destinada a minar a intelectualidade filosófica e argumentativa.
Assim, para um atento apreciador do “O Expresso da Meia-Noite”, revela um sonho de vida que produz junções entre aberturas para revoltas em combater ríspidas células de intolerância de um povo para outro, como também a sintonizar ternura e clemência diante as metodologias de manutenção da ordem política, que não contenham em suas diretrizes, limitações que possam organizarem e oferecerem a reabilitação de encarcerados, novas chances de melhorarem suas capacidades subjetivas, e assim integrar-se novamente ao restante da sociedade.
O título em inglês de “Expresso da Meia-Noite (Midnight Express)” é uma gíria dos prisioneiros para fuga.
¹ “Uma concepção de direito penal, que venha a defender e lapidar o infrator, porém com relativismos de autonomia do réu, defrontes, negligências de respeito aos direitos humanos”.
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