Quando começamos com o HQ’s Entrevista não imaginávamos as proporções que esse quadro iria tomar, com dezenas de artistas entrevistados chegamos ao final desse ano com um grande presente, tanto para você, que vai ler, quanto para nós, que tivemos o privilégio de falar com ela, talvez você não conheça Marta Volpiani, mas a voz dela é inconfundível… então, não quer entrar para tomar uma xícara de café?
1 – Marta Volpiani, apresente-se.
Sou Marta Volpiani, atriz e dubladora, atuei em varias novelas no SBT, Bandeirantes e TV Record, iniciei minha carreira no teatro, que é minha grande paixão. A dublagem entrou na minha vida quase que por acaso, quando eu fazia novelas no SBT. Ao final de uma novela, me vi sem trabalho e como o estúdio de dublagem era ao lado, fui lá pra ver como era fazer dublagem, nunca mais parei.
2 – Vamos começar falando de sua carreira como atriz, conte-nos um pouco sobre o “Cabe Mais Um?”, sua nova série no Sony. Pode-se comparar com o estilo do Câmera Café (SBT)?
Cabe mais um? é uma nova serie que será lançada pela Sony ainda sem data prevista, não tenho autorização ainda para falar como será, mas posso adiantar que embora seja um programa de humor, não tem nada a ver com Câmera Café.
3 – Há algum trabalho cênico que sonha fazer?
Sonho em fazer muitos trabalhos, todos que ainda não fiz. Pode parecer engraçado, mas o ator vive sonhando com os papéis que ele gostaria de ter feito, e são tantos os que povoam nossa mente e nosso desejo, mas o que eu mais gostaria agora seria voltar ao teatro. Tenho um grande sonho, que algum dia gostaria de realizar, tenho profunda admiração pelo trabalho do Jayme Monjardim, e gostaria muito de participar de alguma de suas produções.
4 – Quais são as maiores dificuldades que você encontra em sua carreira de atriz e de dubladora?
Não encontro dificuldades como atriz, não faço novela hoje em dia porque todas as produções se concentram no Rio de Janeiro, e eu tenho uma vida muito intensa em São Paulo, mas acho que no próximo convite não vou resistir. E como dubladora a única dificuldade que às vezes acontece, é que minha voz ficou muito marcada como Dona Florinda, mas isso não me impede de realizar muitos trabalhos.
5 – Bom, não tem como fugir, vamos falar da Dona Florida. É sabido que em 1984 foi o início da era das séries de Chespirito no Brasil. Como você recebeu o convite para fazer a voz dela? E como avalia as últimas três décadas sendo a única voz de Florinda Meza no país?
Eu fazia uma novela no SBT e meu contrato terminou, e eu não podia ficar sem trabalho até ser escalada para a próxima novela, então como os estúdios de dublagem eram num corredor próximo, fui até lá e pedi pra fazer um teste de dublagem, naquela época não existia escola de dublagem, a gente sentava lá, fazia um teste e o diretor avaliava se o ator tinha ou não jeito pra coisa. Fui escalada para um papel pequeno numa novela Mexicana chamada Cristina Bazan, só que o SBT recebia a novela de dez em dez capítulos e não se sabia como seria o andamento de cada personagem. De repente meu papel era a Antagonista, o segundo papel da novela, tive que aprender na marra, e então recebi o convite do Marcelo Gastaldi para dublar a Dona Florinda. Ter sido a única voz a dublar todos os papeis da Florinda Meza no Chaves foi um grande presente na minha vida. É uma alegria saber que minha voz marcou a infância de muita gente de maneira tão positiva.
6 – Quando vocês viram aquele humor simples e cenários precários imaginaram tamanho sucesso? E qual impacto que essa adoração pela série causou em sua vida profissional?
Quando começamos dublar a série não imaginávamos o sucesso que seria, tanto que dublamos todos os capítulos em mais ou menos um ano, e nunca mais ouvimos falar do Chaves, somente depois de alguns anos foi que a série começou a virar uma loucura. O Chaves marcou a minha vida assim como a de todos os dubladores da série de uma maneira incrível.
Acho que a dublagem brasileira se divide em duas épocas, antes e depois do Chaves. Costumo dizer que fiz tantos trabalhos na TV e no teatro, e todas as pessoas só falam na Dona Florinda e só querem saber da Dona Florinda.
7 – As pessoas te reconhecem pela voz? Como é feita essa abordagem?
Muitas pessoas reconhecem a voz e outras ficam desconfiadas, e quando constatam que sou eu mesma, vira uma loucura, todos os dias gravo dezenas de mensagens em celular, vídeos para amigos de pessoas que se encontram comigo, e sempre faço isso com o maior prazer, afinal, recebo o carinho diário de muita gente que curte o Chaves e gosta do meu trabalho.
8 – A voz da Popis também é sua, como que surgiu a menina fanha? Sabemos que no México o inverso aconteceu com a garota, ela surgiu fanha e depois de algumas reclamações ela passou a falar “normalmente”, vocês não lidaram com questionamentos?
Tudo aconteceu muito naturalmente, nos primeiros capítulos a voz era normal, mas eu achava que a personagem precisava ter um diferencial, então chamei o Marcelo Gastaldi, que era o dono e diretor da série, e discutimos a possibilidade de fazer a Popis de uma outra forma, então surgiu a fanha, e acabou ficando muito bom, nunca ninguém nos questionou o fato dela ser fanha.
9 – Atualmente como está o mercado de dublagem?
Um pouco complicado, dublagem de repente virou moda e todo mundo quer ser dublador, acontece que o mercado é pequeno e fechado; e além do mais, o dublador tem que ser necessariamente ator, senão não funciona. Outro fato grave são os inúmeros estúdios de fundo de quintal que embalados por essa onda do sucesso das dublagens, trabalham precariamente cobrando preços baixos e consequentemente jogando no mercado dublagens amadoras que não dá para assistir.
10 – Que recado você pode dar para quem está começando agora?
Para ser dublador, primeiro tem que ter formação de ator, senão nunca vão conseguir trabalhar como dublador, e mesmo que consigam, nunca vão conseguir se destacar. Estudem muito, leiam muito e não pensem que será fácil, aliás, como tudo nessa vida, o esforço será enorme, mas para quem quer mesmo, se formem como ator e em seguida façam um bom curso de dublagem.
11 – Bom, vamos encerrar por aqui, tem algum contato que queira deixar?
Quero agradecer muito essa oportunidade de falar um pouco sobre minha vida e meu trabalho, e sobretudo pedir desculpas pela demora em responder, muito obrigada Henry Braga pela paciência que teve comigo, normalmente eu faço contato pelo meu Facebook.
Marta, nós do HQ’s com Café não temos palavras para agradecer pela oportunidade, assim como a maioria de nossos leitores, nós também somos fãs do Chaves e de tudo que o cerca, te desejamos todo sucesso do mundo, e se você quiser deixar algum recado, essa é sua hora.
Quero aproveitar essa oportunidade para agradecer mais uma vez todas as pessoas que diariamente demonstram seu carinho por mim e pelo meu trabalho, pelas redes sociais, instagram, eventos, enfim, por todas as manifestações de carinho e amor, por onde quer que eu ande, esse reconhecimento pelo meu trabalho me emociona sempre.
E mais uma vez obrigada Henry, por divulgar meu trabalho e por curtir o Chaves.
Marta, sou eu quem agradeço, tanto pela oportunidade que você nos concedeu, como também por sua simpatia, em nome de toda equipe do HQ’s com Café, muito obrigado!
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