“A Peste” enfoca um conflito do ser humano com uma forma de vida cruel microscópica, em aceitar sua limitação diante, os percalços de uma poética cinematográfica traçando uma educação que organiza o caos em uma forma de lembrar constantemente o ser – humano de sua inferioridade perante a Natureza.
Em um sentido bioético, é uma profecia pessimista de um período histórico relacionado ao acontecimento da pandemia de Covid 19, limitando as pessoas a conviverem com a presença constante da morte, com em um sentido de conter o alerta do surgimento de novos regimes totalitários, que roubam o sentido de uma subjetividade que seja lúdica, a conter uma liberdade quanto aos seus caminhos particulares a serem seguidos, diante a mesquinhez de que o homem possa estar em um antropo de comandar plenamente seu destino.
Quando Albert Camus (1913 – 1960), lançou seu romance em 1947 adaptado por Luis Puenzo (1946) diretor argentino (é também uma referência comparativa de narrativa que reflete os períodos de Estado de Exceção da América Latina), e que com uma conotação quanto a uma libertação da África, que ainda passava pelo seu processo de descolonização em relação às metrópoles europeias, que também continha uma onda de chacota irônica quanto aos ditames comparativos entre o Direito e a Política, em torno da dignidade humana, execrada, diante os horrores dos campos de concentração, tanto do Nazi-Fascimo como do Stalinismo.
É fato, que dentro de um sentido lógico quanto à epistemologia de uma discussão existencialista, seu amigo e depois adversário intelectual Jean Paul Sartre (1905 – 1980), traçou um sentido filosófico de busca incessante de um levante cético em relação ao destino do homem “estar condenado a ser livre”, enquanto Camus busca no “absurdo do viver”, uma métrica de colocar e traçar “indiretamente” a concepção de um biopoder, quanto o prazer da “dor”.
Essa “dor”, que alça uma comoção, perante a inferioridade de um jogo diante as possibilidades de uma metodologia filosófica, que assim possa argumentar quanto a uma gestão dos seus sentimentos e da razão defronte o “outro”, um fator perpendicular que pode carregar em suas articulações tanto ideias como a questão da “micro-vida” que pode causar a aniquilação do mais simples, até os mais sábios dos homens.
A praga, não liga para cor, credo, crença, política, opção sexual, gênero, quem seja bom ou mal, inteligente, ou ignorante, e sim ela cunha fermentar a desgraça e a destruição, almejando fazer com que na gênese de novas estruturas mentais, surja um sentido de convencimento do “sapiens” diante aceitar sua inferioridade biopsicossocial, defronte a metafísica, o abstrato e o espiritual.
Uma metafísica que enerva a crendice, quanto ao fim de uma ciclo de pensamento trágico-cômico, acrescentando uma “narrativa homérica”, de uma “Odisséia”, de enfrentar o invisível, mas tão forte como um exército, mas que na sua física, é um perjúrio, de que mesmo toda inteligência não consegue parar seu sentido de crueldade, de que a morte é um desafio estampado a cada momento, interpelada aos homens na procura do seu destino, e de balancear um conhecimento, que não seja total, mas parcial diante o inexplicável “poder do acaso ou do divino”.
O abstrato, que interpreta o que bem entende, é em muito baseado na experiência de vida de cada “ser”, mas que contém na contaminação mental e corporal, de se dividir entre uma “locução do “eu” e a interlocução” do “outro”, realizando uma ação indeterminada onde possa ter um racionalismo que não esteja perdido no “dionisíaco simulacro”, de que os erros humanos, em querer alcançar a “verdade” a todo custo, deixa amostra que a única existência confortável que vela pelas pessoas é que viver em equilíbrio é angariar a luta contra o desequilíbrio material, padecendo de uma desconstrução da realidade existente, através da oração em virtude contrária as tentações e prevaricações.
O espiritual, em um caminho cristão, está colocado que minúsculas atitudes, se fazem compreenderem em uma fenomenologia, quanto a uma sociabilidade da história imaterial, que contenha um recanto de prazeres e simetrias lógicas, quanto a uma alucinação de não estar banhado no egoísmo em pensar somente na sua sobrevivência particular, ao invés de ter a consciência e à decência em se fazer presente, nos jugos de dores alheias.
Sendo assim “A Peste” não se trata exclusivamente do adoecimento do corpo e sim, da “moral” que se vai perdendo defronte a “humanização do terror”, segundo as palavras de Cornelius Castoriádis (1922 – 1997).
Esse “terror” que é questionado dentro do existencialismo diante a sujeição de Deus, a não poupar o homem do seu sofrimento, como forma, para alertar que ele está onipresente, e que não basta unicamente a filosofia do ateísmo para negar sua existência, e sim a rábula, arcando de se afastar da racionalidade incrédula, em uma brevidade ao qual amor pelo próximo está no cunho de se doar, e ao mesmo tempo morrer, não no sentido carnal, mas sim a se entregar na tentativa ética de promover a oblação do bem-estar, mesmo tendo em mente, que pouco se pode fazer, no caso doentes terminais.
Tanto em 1947, como em 1992, ano ao qual o filme foi feito, como a 2020 e 2021 com a SARS-CoV – 2, as pragas pseudo-morais, e pseudo – políticas, fazem a maioria das pessoas fantoches de um jogo partidário aos quais os interesses pessoais dão as cartas no crepúsculo de regras diretas, acerca de quem vai viver ou morrer.
Para a concepção de Estado Moderno, a cidade Oran, é como um caminho de carência da liberdade, ao qual esteja familiarizada ao extermínio, encabeçando o sentimento de um Totalitarismo que não foi plenamente derrotado na Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945).
Bem como não houve a integração entre os gêneros, havendo igual equilíbrio de poderes e direitos controladores, mas sim um empoderamento, de que quando surgem pandemias, a mulher fica atracada ao sentido exclusivo de reprodução, não contendo o respeito que faça adentrar dentro do mundo dos homens.
Tanto que o personagem central, o Doutor Bernard Rieux, interpretado por William Hurt (1950), possui a autonomia de andar pela cidade sitiada pelo exército normalmente por causa de sua masculinidade, o que deixa também perguntas de como se proceder em casso de quarentena, onde transcorre uma “classificação eugênica”, entre homens e mulheres, no sentido de quem vai viver ou morrer.
Sua fotografia transita, por um paralelo entre a dor e o sombrio, pois não há liberdade, as pessoas estão em torno de serem consumidas pela “Peste”, em toda a sua identidade moral, e intelectual, que fazem com que a descrença na evolução de uma natureza humana ética, que assim possa fazer da prudência, algo que não seja somente filosófico e sim, uma reação perante a estética comportamental de que o ser – humano foi rebaixado a uma forte dependência biológica, mistagógica, psicofarmacológica, de que as vezes, é necessário se esconder, para poder voltar ter algum tipo de contato social com seu semelhante que seja seguro e saudável.
Vejamos que na atualidade de 2021, assim como o “Coronavírus, A Peste” se submete a uma questão tanto política, como sanitária no caminhar, para formular um arquétipo de decisões pelas quais ninguém está livre, de sofrer “com um inimigo invisível comum”, e que a praga pode consumir em pouco tempo, a construção ideológica e material, que levou séculos para ser construída.
A questão de um Estado-Policial, que se aproveita do momento pandêmico, tendo na figura do Doutor Rieux sua contraposição, se submete a uma dialética, de historia individual, que não pode ficar unicamente encarcerada aos desígnios da burocracia de gabinete.
Mesmo com tanta “dor”, é fundamental se conservar com uma filosofia de se colocar em uma prestação de contas de estar sempre a disposição do próximo independente da linha partidária e estatal que se siga ou adore.
Para a essência de um pensamento em analisar as várias faces da “natureza humana”, Freud em uma de suas tópicas acerca da histeria “coloca que o excesso de zelo e privação, produz um gosto de pavor, em viver sociedade”, ou seja, sair de sua couraça, gera também medos quanto a uma organização política de Estado, que não possa cumprir, com todas as suas exigências constitucionais, para uma miscelânea de consciência, que faça um se importar com o outro.
Tanto a “prudência, como o outro”, estão locados em uma urbanização, da cidade, de Oran, onde ela seria uma nova forma de “juízo final”, onde a morte tornar-se elementos de semiologia, para um engrandecimento de nossas fraquezas e vícios, pois mesmo com todo o seu saber, (a medicina voltada para salvar vidas), é necessário dobrar suas artimanhas de curas perante um histerismo, que até mesmo diante os momentos derradeiros da vida, se pode tirar algum proveito em benefício particular.
Vejamos que implicitamente está concentrado em sua “mise en scéne”, uma feroz, contra argumentação ao cristianismo, feito pelo existencialismo ateu, que busca em fundamentações cosmológicas, expressões para uma arte que venha de encontro na elaboração de um “dasein”, que assim venha a promover uma educação, que possa entender que tanto a massificação como indústria cultural, são bases para ditames em exterminar qualquer cisma de rompimento com as misérias humanas.
Uma “massificação com um toque de Elias Canetti, ou seja, destruir uma consciência libertária, para um individualismo que somente pensa em si só”, ou usando de Theodor Adorno e Max Horkheimer, “ao qual chega momentos em que a dor é tanta, e se torna tão banal, que passamos lentamente a sentir mais ela com menos intensidade, se acostumando com suas exéquias”.
O interessante é que sua “mise en scéne” está centrada, não em organizar uma fuga do momento claustrofóbico e horroroso que a cidade passa, mas sim verdade nua e crua, de se acostumar com o pavor da doença.
Mortos ficando aglomerados, destruindo lentamente a sensibilidade operante do sofrimento alheio, os médicos, que vão se assimilando o tecnicismo, em pronunciar a morte em grande escala como algo que passar ser – comum.
De certa maneira, a morte é um fenômeno comum, mas de tão incomum que são suas reações, pode vim disseminar ontologias de políticas pessoais, voltadas para uma química de sensações e emoções, que podem tanto estarem dentro de comiserar a ausência do ente querido, como também fazer enervar uma fúria silenciosa, pela qual o desprezo, pela vida humana, não vai gerar algum tipo de alento, para que se realizar uma espiritualidade, que faça compreender que o show da vida deve sempre continuar.
“A Peste”, que ceifa e destrói, lares, famílias, agrupamentos, que faz as pessoas ficarem reféns em seus próprios lares, não está somente alicerçada no medo do contágio, e sim é um belo sinal, para que é necessário “parar e respirar”, perante um mundo em descontrole, que fica focado, em suas realizações de transformações íntimas e egoístas, e não possui sentido claro de simplicidade, mas sim de se colocar um orgulho, como um argumento de “carne e osso”, que faz da “maiêutica”, um esconderijo para uma metafísica de sedimentar, que todo ser – humano, mesmo que um pouquinho teme a morte.
Aquela que te abraça lentamente, que vem e causa horrores, de consumir nossas entranhas, com indolor de falsidade em dizer que estamos preparados, mas que na ausência daquele ou daquela ao qual temos zelo, produz um buraco mental, que nem mesmo toda a constelação de vírus e bactérias juntas poderia deixar tal efeito danoso e penoso para cada subjetividade que tem que conviver com presença sucessiva doenças.
Vejamos que na década de 1990, tivemos exemplos de sobra de uma Modernidade que ainda sofria com forte alados de Pestes e Fomes.
Somália, Ruanda, Angola, Moçambique, Haiti a Antiga Iugoslávia, são fatores, para repensamos como esses fatos, mesmo contendo o progresso da arte, da ciência e da filosofia, produziram horrores notáveis, que muitas vezes foram silenciados pela grande mídia.
É notório, que o militarismo, é um grande fato de crítica, ao qual fez Camus, classificar em uma “liberdade existencial”, que assim coloque um sentimento de combater a burocracia, quanto à formatação de uma história, que assim não faça do confinamento, um modelo de proteção biomédico da saúde, que limite as pessoas a solidão e as armas.
Tanto um como outro, possuem o poder de destruição da razão, para a fermentação de um Direito Estatal, que venha assim ovacionar, diâmetros de um afastamento do sonhar utópico, para um cunho de pessimismo, e de letargia na subjetividade de entender, que a humanidade indiretamente tem um grande apreço pela morte deixando a questão de Deus de lado, e sim procurando uma consolação para os labirintos mais sombrios da mente.
Consciente, de que quando se envolve as Forças Armadas, está uma aglutinação, de ineficiência da Democracia e da Sociedade Civil que venham assim fazer um papel de protagonizadores, defronte uma alegação ao “mimetismo de realidade e ficção”, assumindo a sintonia de propedêutica em lançar todas a bases de conhecimentos possíveis, que possam assim não somente domesticar o homem em momentos de crise, e sim voltar-se para humanização de compaixão, e que também diante a loucura, alguns podem se aproveitarem para aumentarem o seu grau de terror mais ainda do que já é existente.
Se pensarmos em contexto filosófico, a doença é uma reforma dentro dos plantéis de construção de um ser-humano, que venha a tomar conta e ter a humildade de suas incapacidades mentais, e em ter no seu corpo, a compreensão de que não é imortal e que seus sentimentos passam, por mudanças tanto para o bem quanto para o mal, em uma lógica intelectual de estar comprometido, em buscar seu lugar no mundo
Oran, é um submundo, se é retratado a figura do medo pelos quais cada um se esconde perante, um vaticínio de juízo final, mas pelo qual as consequências irão serem procrastinadas como um aviso para sua limitação, que faz com que haja uma psicologia de reducionismo quanto a uma moral, que chegue ao nível de eloquência para de uma filosofia que realize, o homem, sua obrigação em pedir desculpas para natureza diante as péssimas formas de sua representação e preservação, e também de compaixão, diante os perigos de sua destruição.
De certa maneira a destruição, está dentro de um compasso de que a “Natureza Humana” se comunica muitas vezes através do sofrimento coletivo, que assim venha realizar um espaço de compreensão de como nossas limitações evolucionistas ainda não foram totalmente sanadas, perante um assassínio coletivo, em se rebaixar a inteligência como não sendo maior tanto nos desígnios do “criador”, como também como forma de criação da “Mãe Natureza”.
Camus, fez da Peste, uma forma de falar da descrença em Deus, o caminho para uma metafísica, que assim enuncie um amor que seja universal, para as condições políticas que possam realizar um “comunismo”, tanto no cunho para se viver como para morrer.
Para o seu Existencialismo, o significado de “passagem”, está ligado a fazer apenas que sua subjetividade esteja sedimentada, em transcender, um aspecto humano da normalidade, ou seja, que busque no “absurdo”, raízes para realização do amor, e também para que haja na dor, uma forma de compreender, que estamos sujeitos, a não conter respostas para tudo.
Em sua obra “O Estrangeiro” (1942), o personagem principal Meursault, é retratado como um parasita humano, que é esmagado pela indiferença perante uma sociedade francesa, que ainda nutre resquícios preconceituosos, contra adentrada de imigrantes de suas ex-colônias na África, que assim desfigura mesmo dentro dos padrões civilizados iluministas da vivência democrática, sua sociedade pode acontecer perjúrios, de que a exclusão, se faz de maneira até mesmo de forma inconsciente, onde as pessoas ou algum grupo étnico não bem aceito perante, “um olha de aceitação”, de tentar se fazer aceito, em torno do tomo de civilidade ao qual esta inserido.
As falhas éticas que “A Peste” representa, indiretamente faz do homem um vírus letal, que destrói os mais fracos em busca de conquistar cada vez mais e mais vítimas conforme se promulga, uma história onde a “doença”, está presente como uma praga que se planifica dentro de diretrizes psicossociais como o orgulho, o preconceito, a ganância, a guerra e o ódio.
Usando da música do grupo de Rock Alternativo Brasileira “Uns e Outros (1983)”, “Carta aos Missionários (1989); a morte, a discórdia, a ganância e a guerra”, esses quatro singelos cavaleiros dos apocalipses se elucidam, apresentando o flagelo, em se aceitar comutar o “diferente”, que é tratado como sendo o “outro”.
Esse “outro”, que dentro do seu rival intelectual, disseminado por Jean Paul Sartre, “como tudo e o nada”, dentro de um mesmo processo fenomenológico, que na procura incessante por Deus, se desvencilha em procurar o seu próprio sentido de realismo intelectual e moral.
Ou seja, “A Peste”, é um viés, para se acreditar que mesmo com a destruição do material e corporal, as ações que deixamos para nossos semelhantes, podem serem, um cunho para formular uma percepção, dentro de uma história, que se volte para uma ontologia, em que não basta exclusivamente o empirismo, mas sim ativismos para que se busque a Liberdade, de estar não somente preso, as simetrias do fortalecimento de uma razão que não conte com a participação de lampejos emocionais, mas que também que fique no “absurdo de se aceitar tudo”.
A aceitação que segundo o pensamento escolástico de Santo Agostinho (354 – 430) “está voltado, para não somente compreender as vontades de Deus, mas sim que as tentações são formas, para que homem procure sua redenção ao criador”.
Diretamente Camus, ataca a questão da condenação do homem, em ter que usar sua liberdade, e nisso entra consonância dentro do “pensamento sartreano”, ao qual coloca que a liberdade já faz o homem ser um condenado, perante não saber diante as dificuldades e seus dilemas diários, na diferenciação, por exemplo, “entre sentir medo e temer o medo”.
O medo da morte, mas ao mesmo tempo se teme uma vida, pelo qual não contenha os privilégios materiais adequados e profícuos, que possam levar semiologias, de um crescimento espiritual, que possa se colocar como um exemplo existencial, ao qual a presença do “ser” esteja submetido, a uma procura de respeitar as diversidades, que podem conter, fatos iguais, mas que dentro de um prognóstico de ética e respeito, está um lampejo experimental, que as pestes particulares, são também um atentado, contra a mente humana, em não conseguir usar toda a sua capacidade para cuidar do seu corpo.
As Lágrimas do isolacionismo da “Peste” fazem com que no hermetismo de um quarto, possamos enxergar nossa mediocridade, como também atrever a colocar que não estamos livres de um pensamento preconceituoso, e ao qual fazer parte do grupo dos saudáveis, é uma banalização mesmo que ociosa, de que para a construção de uma sociedade justa e dentro dos parâmetros possíveis se faça igualitária, já se peca dentro de um conceito eclético de higienização, em que muitas pessoas não conseguem terem uma subjetividade e empatia real, que possa assim respeitar, que muitas vezes, sua capacidade ir e vir vai ser restrita, para que assim possam conter meandros, para desenvolver uma ludicidade de ideias, e uma dialética frenética de comportamentos perante momentos de grande crise.
“A Peste” eleva uma análise da racionalização de como se portar, em momentos aos quais, historicamente sua condição moral não esteja a favor da ciência, usando de um realismo caótico, onde o acolhimento do próximo possa vim a produzir um novo sentimentalismo que não seja somente cuidar do “outro” perante a morte.
A morte de certa maneira é sacralizada e viabilizada como um cunho, de entrever que o contexto de uma teoria social, que possa levar para o cinema, a crítica, quanto focar a dor, como fator para um crescimento de novos cunhos de filosofias que se faça, questionar acerca de como a doença se torna uma “metáfora das miseras humanas”, usando das palavras de Susan Sontag (1933 – 2004).
Viver mas sem conter a ressignificação da dor, nos tempos pandêmicos a os afastamentos e as perdas humanas , tornam-se protagonistas, quanto a uma gestão em demonstrar um temor que o ser-humano possui quanto a viver em solidão, no claustro que não tem classe social, credo, política, opção, gosto, ou concepções de mundo e que não perdoa perante uma olhar dialético de clemência, ao qual fica exemplificado a flagelação como um “ato”, de fazer da agonia em se viver doente algo de comum no cotidiano.
Um comum que revela causas que diante as “as transformações da intimidade e consequências da modernidade”, segundo as palavras de Anthony Giddens (1938), se submete ao sentimento de deliberar que estamos à mercê da Natureza, ao qual ela não perdoa caminhos de subjetividade egoístas, aos quais pensam, somente em si, sendo uma maneira patética de preservação da vida, perante um sentimento de isolacionismo que perpétua o afastamento das pessoas, cada vez mais próximas da morte.
Portanto “A Peste”, é uma reflexão de como a vida, pode ser vivida, mas contendo a destruição como paixão, na busca de uma razão, que não precisaria necessariamente de conter tanta comoção e arrependimento, em tempos onde o desprendimento do orgulho “de somente amar a si mesmo”, como sendo substituído pelo se “portar e comportar dignamente”, em momentos de reducionismo do contato social, fazendo uma nova moral de empatia e subjetividade, de importância com o “outro”.
Dados Técnicos.
A Peste
Filme de 1992, com 2 horas e 26 minutos de duração.
Direção: Luis Puenzo.
Elenco: Argentina, França, Inglaterra – Elenco: William Hurt, Robert Duvall, Raúl Juliá, Jean Marca Barr….
Drama | Argentina – Inglaterra – França
Sinopse: Nos anos 90, a cidade de Oran é invadida por uma iminente praga. O governo local tenta ocultar a situação, mas a notícia vem à tona e os cidadãos ficam apavorados. Dr. Rieux tentar ajudar a população, buscando uma cura para as vítimas da peste. Enquanto a cidade é submetida a quarentena e cercada pelo exército, seus habitantes reagem de maneiras diversas: para um par de jornalistas franceses é uma notícia estrondosa; para líderes religiosos é uma punição pelos pecados cometidos; para Dr. Rieux e sua equipe é a prova para questionar sentimentos como justiça, solidão e amor.