“…Para aprendermos a levantar.”
Essa passagem de Batman: The Dark Knight Rises é uma das minhas preferidas, nunca uma cena se reverberou tanto em minha vida pessoal quanto essa.
Antes de eu começar a escrever sobre tecnologia, quero que minha primeira postagem seja um reflexo profissional e pessoal da minha vida, para que você, caro leitor, se estiver passando ou caso venha passar o mesmo que passei, seja menos doloroso.
Em fevereiro de 2015 eu ingressei no curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, durante o curso procurei me identificar com as matérias, Banco de Dados, Redes, Programação, etc.
Codificar sempre foi o meu combustível, ver um simples programa, um produto ou a automatização de uma tarefa me dava a sensação única e satisfação.
Antes de concluir o curso consegui um trabalho de programador, era com as tecnologias que eu mais gostava, a sensação de orgulho era indescritível, tudo parecia um sonho… Até eu me deparar com as complexidades do dia-a-dia de se desenvolver fora do âmbito acadêmico.
Problemas de diferentes complexidades são comuns no nosso cotidiano, seja programador ou não, mas nessa época não era tão claro para mim e foi então que ela veio, a Síndrome do Impostor.
Basicamente a Síndrome do Impostor faz com que o indivíduo, por mais que estude ou tenha conhecimento do assunto, se acha incapaz de realizar tal tarefa.
Esse meu pensamento me acompanhava desde o despertar até o adormecer, eu desistia de tarefas antes mesmo de iniciar! Não preciso dizer que meu rendimento caiu, e toda aquela sensação de orgulho do primeiro emprego na área junto a uma excelente equipe, foi esmagada com a demissão.
Ser demitido nunca foi algo bom, ainda mais em um país como o Brasil que o número de pessoas desempregadas ultrapassam os 13 milhões, realmente é um problema.
Por sorte, ou talvez uma capacidade que realmente possuo, mas não reconhecia, consegui um trabalho ainda na área de T.I, a empresa em questão é excelente, havia uma equipe disposta a ajudar, um ambiente legal, estava aprendendo muito, mas não era programador.
Estava feliz, mas não satisfeito.
Foi então que me deparei com uma falsa afirmação sobre mim:
“Você não é, e nunca será um bom programador, desista”.
E foi o que aconteceu! Desisti de programar e me acomodei.
Me acomodei ao ponto de perder todo o interesse de aprender algo novo, achava que aquilo era o meu limite, afinal, a sensação de ser um Impostor ainda estava em mim, mas o “controle” sobre a situação era maior.
Havia no mesmo setor graduandos de T.I, que possuiam a mesma fome de conhecimento em programação que eu quando estava na minha graduação.
Ao conversar sobre como é trabalhar com programação, para que serve tecnologia X ou Y para esses graduandos, uma sensação familiar surgiu, a sensação de querer aprender e evoluir.
Comecei então a querer “resetar” meus conhecimentos, comecei a procurar outras tecnologias e não demorou muito para que eu perdesse o foco nos estudos.
Frutos de loucuras e desesperos eu começava minha segunda-feira estudando Javascript, na quarta-feira estava estudando Power-BI e terminava minha sexta estudando Business Intelligence.
Após alguns meses encontrei um anúncio onde buscavam programadores que tivessem conhecimentos nas tecnologias que eu tinha, por conta de experiências antigas e noção de como utilizá-las resolvi aplicar.
Sexta-Feira, entrevista agendada no final do meu expediente. Durante o percurso eu pensava:
“Vaga para programador? Esquece isso cara, você está confortável onde está, para que você quer desafios? Basta você fazer o retorno e ir aproveitar o fim de semana”.
A conversa com o recrutador foi boa, tive uma breve explicação sobre o projeto, também expliquei sobre minhas dificuldades e do que eu sei ou não sei fazer, fui bem claro.
Não foi proposto nenhum teste para que eu codificasse algo, mas mesmo assim eu disse:
“Irei criar um projeto no meu GitHub onde irei aplicar o que sei de Angular e te envio na segunda-feira, se você gostar, podemos voltar a nos falar”
No final de semana como planejado, criei um projeto com Angular Material, consumindo uma API de filmes, um projeto básico, mas que atendia o básico do que se espera de um desenvolvedor front-end atualmente.
Passei o fim de semana inteiro fazendo aquele projeto, a todo momento minha havia um martírio em meus pensamentos, uma voz me mandando desistir.
Conclui o projeto no domingo, na segunda enviei um e-mail com o link do repositório.
Tive uma resposta com uma outra entevista marcada.
Nessa segunda entrevista houve uma conversa bem agradável, ficou claro para mim que o desafio desse projeto seria grande, mas algo que me foi dito me motivou:
“Você será jogado em uma jaula com leões, será um desafio completamente diferente do que você já passou, não é um emprego tradicional, e veja bem, você sabe que seu nome está em uma “black list” por conta do período que você ficou nessa empresa (3 meses). Mas pelo fato de não pedirmos teste algum para você e mesmo assim ter feito algo para “se provar”, isso deixa claro que você procura respostas, procura saber e aprender sobre determinado assunto”.
Se imagine em uma grande piscina, você não sabe nadar, mas precisa aprender. Você respira fundo, fecha os olhos e mergulha com todos seus medos e inseguranças.
No fundo você sabe, que o único resultado aceito é nadar!
Menos de um mês eu estava em uma nova jornada, dessa vez satisfeito e feliz!
Não sei como esse texto vai te impactar, muito menos sei se você chegou até aqui ou não.
O que deve ficar claro para você leitor é: Nunca é tarde para suas escolhas, nunca é tarde para pilotar sua carreira ou trilhar novos caminhos, desde que você saiba que sua decisão é o que te fará feliz.
Sua felicidade em fazer aquilo que gosta não deve, nunca, se resumir a dígitos bancários no final do mês.
Gostou desse texto? Compartilhe com aquela pessoa que talvez esteja passando por um momento delicado, que precisa escalar seu próprio Poço de Lázaro.
“É parte da cura o desejo de ser curado.”
Sêneca