O Poço, novo longa que estreou na Netflix vem gerando milhões de debates esses dias, mas não deveria.
Aliás, muitas coisas não deveriam gerar debates.
Na trama temos Goreng (Iván Massagué), ele está preso em uma prisão vertical com 333 níveis.
Cada “cela” contém apenas duas pessoas. O problema é que os alimentos são servidos em uma plataforma, da qual as refeições, se fracionadas, dão para os 333 níveis.
Mas sabe como é, né? O nível 1 vai ver vinho, massas e tortas, e vai comer até o cu fazer bico. O nível 2, idem. Ao chegarmos no nível 50, já temos pratos quebrados, alguns escarrados e quase todos terminados.
Dali para baixo, não existe mais refeição. Os “felizardos” dos primeiros níveis acabaram com tudo.
Quem está no nível 100 então, se não se suicidar, precisa assassinar seu companheiro de cela, para ter o que comer.
O ponto positivo para quem está nos níveis inferiores, é que “só dura um mês”, depois você é jogado para outro nível. Nesse momento é hora de rezar para cair lá em cima.
Se não, meu irmão. Já sabe né?
Pois bem. Tal filme que estreou na Netflix vem causando tumultos pelas redes sociais. Que mensagem forte, dizem alguns. Outros falam da luta de classes. Alguns dizem não entender bem a mensagem. Mas sabe qual é a real?
O filme só deveria chocar por ser ficção, só que infelizmente choca por ser realidade. E é óbvio que após vermos, vamos acabar de comer a pipoca, tomar aquela coca, comer um chocolate, e se passarem com um café, a gente toma também.
Tudo isso porque fomos criados assim. Desfrute. Esbanje. Coma e beba como se não houvesse amanhã.
E não me venha dizer que você está lá no nível 300, não está. Se tu tá lendo esse texto, você tá bem acima disso. Pode se considerar do nível 50 pra cima.
Só que na vida real, o poço é muito mais injusto. Em matéria do jornal O Globo, de 2019, vemos que 26 bilionários concentram a riqueza de 3,8 bilhões de pessoas mais pobres.
Mas como eu sei que tem gente que é ignorante e vai questionar os dados, mesmo não fazendo parte dos 26, então trago matéria do jornal El País, onde é mostrado que os 5% dos mais ricos do Brasil, tem a mesma renda do que os outros 95%.
Não tá satisfeito?
Então fique com o estudo da Oxfam do mês de janeiro de 2020 onde é mostrado que os 2.153 bilionários do mundo têm mais riqueza do que 4,6 bilhões de pessoas – ou cerca de 60% da população mundial.
E eu poderia passar horas e horas mostrando todas as desigualdades que muita gente finge não ver.
Não existe direta ou esquerda quando se fala em dinheiro. A ganância predomina, e não me venha com discursos humanitários ou com teorias distópicas. O mundo é assim, com milhares de mortos por fome e doenças facilmente tratáveis, pois não há distribuição de renda.
E não, não quero distribuir sua renda, caro “rico” que ganha cinco mil reais por mês. Estou falando dos carinhas lá de cima mesmo.
O que uma pessoa com bilhões e bilhões na conta pode comprar?
Tudo e mais porra nenhuma.
Chega uma hora que você não tem mais onde enfiar seu dinheiro. Não custa nada retribuir. Quando o Bill Gates doa milhões para caridade, ele devolve para sociedade, tudo que ela deu para ele.
Esse deveria ser o curso. A pessoa gera algo de valor, enriquece e devolve o que conquistou para sociedade, criando um cenário menos injusto.
Trazendo para os dias atuais, com a pandemia do coronavírus, vemos como alguns ricaços não estão nem ai.
Uns dizem que morrer 7 mil pessoas para a economia não parar é “aceitável”.
Escuta aqui, caro filho da puta. É aceitável porque você é a cereja do bolo, né? É aceitável porque, se bobear, você tem respirador dentro do seu quarto, pra hora do desespero.
É aceitável pois o lindo estará de quarentena, enquanto os outros estarão trabalhando.
Na minha realidade, nada disso é aceitável. Só quem ama alguém e perde tal pessoa, sabe o quão dolorido é.
Ah, mas a economia…
A economia que se foda. Nós, brasileiros, trabalhamos 153 dias por ano para pagar impostos, e agora o governo, corrupto que só, não quer dar um auxílio por alguns meses?
Mas tem que ser muito mesquinho para não ver a real dimensão do problema.
Fala-se em economia, como se ela fosse a real criadora do mundo. Como se tu abrisse a bíblia e lá estivesse: “No começo era trevas, e a ECONOMIA disse: Haja luz.”
Ou, se você não acredita na bíblia, me responda. A economia que gerou o Big Bang?
Eu não aceito esse papo mole. Todos irão sofrer às consequências da recessão, mas se tivermos respaldo, poderemos sofrer menos.
Pegue os mais ricos, distribua um pouco dessa grana. Corte alguns salários do alto escalão público, é por pouco tempo, logo vocês vão voltar cobrar os 153 dias de imposto por ano e socarão impostos em cascata na gente. Eu sei. Eu sei.
Mas dê uma condição digna para o pobre ficar quieto na casa dele, pelo menos esse mês ou quem sabe os dois próximos meses.
Agora, negociar vidas? Ah, meu irmão, isso não deveria nem entrar em pauta.
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