Elas tinham 10 anos, hoje, quase 50.
Tudo passa, tudo mesmo.
Aos 10 elas moravam distantes, não haviam condições de se verem, tudo era difícil, mas davam um jeito de se verem em todas as férias ou feriados. Não importava quem se locomovia, o importante era estarem juntas.
Irmãs, algumas diriam. Na realidade são primas. Mas muitas vezes confundidas. Eu não vejo muita semelhança, mas dizem que aos 10, com vestidos iguais, pareciam irmãs de sangue.
De sangue elas são, são de sangue, corpo e alma. São guerreiras. Todas com desilusões. Não sei dizer quem teve a pior. Só sei que tiveram.
Hoje elas tem quase cinquenta. Faziam alguns anos que não se viam. Uma se locomoveu até a outra, como fizera em outrora. As duas se abraçaram. A conversa fluiu. Fazia tempo que não se viam, mas não parecia. Parecia que tinham se visto ontem.
Dessa vez, com a vida corrida, não pôde ficar os 30 dias costumeiros de férias, foram apenas 30 minutos.
30 minutos para matar uma saudade.
Hoje, com uma vida caótica, elas não podem se ver sempre. Mas naquele abraço de despedida, com lágrimas escorrendo, e todas as lembranças aflorando, eu finalmente percebi que quem “achava que elas eram irmãs” estava certo. Elas nunca foram primas.