Essa semana fui ao posto de saúde da minha cidade, naquele pequeno local, lotado de gente, várias conversas paralelas eram ouvidas.
Calmamente, abri minha mochila e retirei um livro. Sentei em uma fileira totalmente vazia, ali batia sol, todos os outros bancos estavam tomados. Aquela fileira tinha por volta de umas 8 cadeiras. Sentei bem ao meio, afinal, batia sol em todos.
O tempo passou, uma senhora sentou ao meu lado esquerdo.
Continuei minha leitura.
O tempo passou, um senhor sentou bem do meu lado direito.
Continuei minha leitura, agora um pouco encurvado.
O tempo passou e um olhou para outro. Eles se conheciam. Engataram uma conversa.
– Nooooossa, quanto tempo, e sua filha? E sua mãe? E sua irmã?…
Toda família era exposta nessa conversa. Provavelmente estudaram juntos, começaram falar sobre tempos passados… mas no meio da conversa a senhora sempre perguntava…
Você conhece meu marido?
A conversa continuava, ela falava das netas, falava de igreja…
Você conhece meu marido?
Continuava falando de aposentadoria, governo…
Você conhece meu marido?
Nessa altura do campeonato, até eu queria saber quem era esse marido que ela tanto falava.
Eis que ela começa…
– Sabe, Deus põe uma pessoa na nossa vida e a gente tem que seguir com ela, respeitar o casamento. Então eu cuido dele, né! Fazer o quê? Vou te mostrar uma foto dele, ele não é daqui. Mas olha, ele só tá o pó da rabiola, não tem nem mais os dentes debaixo…
Fui chamado pra consulta, não vi quem era o marido.
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