O melhor filme de tribunal já feito.
“É sempre difícil deixar os preconceitos fora de uma questão dessas, não importa para que lado vá, o preconceito sempre obscurece a verdade.”
Lançado em 1957, e baseado no programa de TV de Reginald Rose, que também assina o roteiro do filme, 12 Homens e uma Sentença marcou a estréia de Sidney Lumet nas telonas.
O longa foi indicado a três Óscar: melhor filme, melhor diretor e melhor roteiro adaptado.
A trama tem seu início em um tribunal, na cidade de Nova York.
O caso: Homicídio em 1º grau.
Jovem imigrante porto-riquenho, de 18 anos de idade, é acusado de assassinar seu próprio pai com uma facada. Após o caso apresentado, e todas os testemunhos ouvidos, o Juiz instrui aos jurados que se recolham à sala do júri, e não saiam de lá até terem um veredito. Não os deixando esquecer da responsabilidade que eles tinham em mãos e que, a decisão teria que ser unânime, pois, se culpado, o réu seria condenado à morte.
Membros do júri: Jurado nº 1 – Presidente do júri, professor de educação física e treinador.
Jurado nº 2 – Bancário.
Jurado nº 3 – Empresário, com um relacionamento conturbado com o filho.
Jurado nº 4 – Especulador da bolsa de valores.
Jurado nº 5 – O mais jovem do júri.
Jurado nº 6 – Pintor de paredes.
Jurado nº 7 – Vendedor.
Jurado nº 8 – Arquiteto.
Jurado nº 9 – Ancião (com certeza aposentado).
Jurado nº 10 – Dono de uma oficina.
Jurado nº 11 – Relojoeiro.
Jurado nº 12 – Publicitário.
Dos doze jurados, onze tem a plena convicção de que o réu é culpado. Apenas um homem, o Jurado nº 8, protagonista do filme, interpretado por Henry Fonda, tem dúvidas sobre o caso.
Então, quando o presidente do júri propõe uma votação, ele acaba votando como “inocente” para que a decisão não fosse unânime e debatessem sobre.
Ninguém é identificado por nomes, apenas com os números de jurados. E é aí que entra a genialidade do roteiro e da direção de atores de Sidney Lumet. Vamos aos poucos sendo apresentados aos personagens e entendendo a personalidade e caráter de cada um, através dos diálogos e atitudes.
Alguns queriam não discutir, terminar logo para irem para casa, outros tinham sua decisão formada baseada nos fatos apresentados, e outros ainda, baseando-se apenas em seus preconceitos e pré-julgamentos já formados à respeito do jovem imigrante porto riquenho. Fato que, fica claro em uma sentença proferida pelo Jurado nº 10:
“A Vida humana não significa o mesmo para eles. Eles só vivem enchendo a cara e brigando! E, se alguém morrer, morreu! Não ligam. Claro que possuem coisas boas. Sou o primeiro a reconhecer…”
Qualquer semelhança com aquele discurso comumente ouvido por aí “Não tenho nada contra mas…” “Não sou preconceituoso mas…”, não é mera coincidência.
Os embates travados durante a película são muito interessantes e bem construídos, especialmente os que acontecem entre o protagonista e o jurado nº 3, interpretado por Lee J.Cobb, homem de pavio curto, com péssimo relacionamento com o seu filho e que tenta se impor à base da gritaria.
O filme é totalmente feito de diálogos, debates, questionamentos, e vai crescendo cada vez mais, conforme a tensão entre os jurados vai aumentando, e os nervos vão ficando à flor da pele, tudo em um ambiente isolado e hostil. Impossível não se prender e não ficar curioso pelo
desenrolar dos fatos. Tudo muito bem arquitetado, dirigido e interpretado.
Heny Fonda, como sempre, tem uma brilhante atuação. E os demais também muito competentes em seus papéis.
Veredito: Sidney Lumet em seu primeiro filme, não só dava uma amostra de que seria um dos grandes diretores da história do cinema, como também realizou seu melhor trabalho logo de cara. Um belo (talvez o melhor) exemplo de como se utilizar de um roteiro muito bem escrito. Lumet consegue extrair o que há de melhor em seus atores, e aproveitar ao máximo da tensão que um ambiente de isolamento pode acarretar.
Genial!
Informações técnicas.
Título original: 12 Homens e uma Sentença, 1957 – (12 Angry Men)
País de origem: Estados Unidos.
Ano: 1957
Direção: Sidney Lumet.
Roteiro: Reginald Rose.
Duração: 1 hora e 37 minutos.
Elenco:
• Henry Fonda – Jurado 8
• Martin Balsam – Jurado 1
• John Fiedler – Jurado 2
• Lee J. Cobb – Jurado 3
• E.G. Marshall – Jurado 4
• Jack Klugman – Jurado 5
• Edward Binns – Jurado 6
• Jack Warden – Jurado 7
• Joseph Sweeney – Jurado 9
• Ed Begley – Jurado 10
• George Voskovec – Jurado 11
• Robert Webber – Jurado 1
Sinopse: Um jovem porto-riquenho é acusado do brutal crime de ter matado o próprio pai. Quando ele vai a julgamento, doze jurados se reúnem para decidir a sentença, levando em conta que o réu deve ser considerado inocente até que se prove o contrário. Onze dos jurados têm plena certeza de que ele é culpado, e votam pela condenação, mas um jurado acha que é melhor investigar mais para que a sentença seja correta. Para isso ele terá que enfrentar diferentes interpretações dos fatos, e a má vontade dos outros jurados, que só querem ir logo para suas casas.
Não deixe de conferir.
Os 5 estágios do Luto e uma HQ chamada “Morre uma lenda”
Café Arcaico | Cinema Paradiso