Lembro-me de quando eu era pequeno, e um dia eu conheci a palavra herói. E minha primeira ideia do que era um herói era apenas o homem que tem uma roupa legal e uma identidade secreta. Então comecei a imaginar se por acaso entre aqueles heróis que eu assistia na TV não estaria meu pai. Por que eu pensava isso? Bem, meu pai saia de manhã e voltava a noite, o que mais ele poderia estar fazendo? Ele tinha uma identidade secreta. Depois de alguns anos eu descobri que essa tal identidade secreta se chamava: emprego. Ainda pequeno, eu descobri que além de roupas diferentes e identidade secreta o herói salvava o mundo, então comecei a pensar qual herói meu pai poderia ser, e confesso que tinha muitas esperanças.
Um dos primeiros super-heróis que conheci assistindo TV com meu pai foi o Zorro, e então pensava: Meu pai podia ser o Zorro. E então descobri que meu pai não poderia ser o Zorro, ele não tinha nenhum cavalo e nem capa preta. Apesar desse primeiro momento continuei em minha saga, e então conheci dois grandes super-heróis: O Superman e o Batman.
Mais uma vez minha mente começou a imaginar coisas. Meu pai poderia ser o Superman, e então percebi que o Superman podia voar, tinha visão de raio x e era de outro planeta, eu confesso que de vez em quando meu pai parecia muito estranho, mas, ser de outro planeta, isso não colava. Ainda nesse momento me inspirei no Batman, o cavaleiro das trevas, mas infelizmente essa aventura durou menos que todas as outras, isso aconteceu apenas por um motivo: O Batman (Bruce Wayne) era bilionário, então, cá entre nós, se meu pai fosse bilionário ele iria se disfarçar de pobre? Bem… Mesmo para uma criança essa ideia é um pouco difícil de engolir.
Com o tempo a minha noção de herói foi mudando, e percebi que os heróis não estavam tão distantes, mesmo ainda não sabendo direito qual era o emprego do meu pai seria muito legal se ele fosse um policial, um bombeiro, um soldado, ou quem sabe um piloto de avião? Mesmo sendo profissões menos fantasiosas continuei descobrindo que meu pai não fazia nada disso. Mas, isso foi até positivo, eu pensava: se meu pai for um policial vai ficar muito tempo na rua prendendo bandidos e não terá tempo pra mim. Se meu pai for um bombeiro pode se machucar em um grande incêndio. Bem, meu pai não é soldado, já vasculhei as roupas dele e não vi nenhum uniforme militar, e particularmente não acredito que meu pai seja piloto de avião, ele nem sabe dirigir.
A infância passou bem rápido e as ideias se alteraram, a vontade incessante de que meu pai fosse herói se tornou respeito, e percebi que não importava qual uniforme meu pai vestia ou qual profissão ele exercia. As características heroícas de meu pai estavam ali dentro de minha casa e eu precisei amadurecer para reconhecer isso. Percebi que na luta diária não era preciso ter superpoderes, mas sim uma vontade enorme de vencer na vida, característica essa que eu aprendi com meu herói. Os heróis da televisão, dos filmes e dos seriados são o modelo que todas as crianças gostariam de ter em casa, mas o herói que não passa na TV está sempre salvando nossas vidas. Esse não é um daqueles poderes que você está preparado para aceitar, mas quando acontece você o adquire com muita honra.
Muito obrigado por me livrar de grandes vilões e monstros, de ameaças alienígenas e de armadilhas. Um dia contarei suas histórias para meus filhos, e sabe o que é melhor? Essas histórias são secretas, ninguém conhece. E eu acredito que terei uma profissão parecida com a sua quando eu tiver filhos, eu serei: Um Pai-Herói.
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