O luto é a pior fase da vida. Nenhum sentimento se iguala ao de perder um ente querido. Mas é extremamente necessário vencer essa fase.
Em “Another Forever” somos apresentados a Alice (Daniela Escobar), e logo de início vemos a dor em sua face. Ela tinha um casamento “perfeito”, onde seu marido estava presente e ajudava nos afazeres domésticos, mas em um fatídico dia ele acabou falecendo.
O longa começa eventos após o falecimento de John (Marlon Moreno) e mostra o atual momento de Alice misturado com vários flashback sobre o casal.
Todo momento presente de Alice lembra algo que ela e John fizeram, isso faz com que aquele sentimento de frustração não passe nunca…
Pois bem, recentemente caminhei um pouco por um cemitério, ao fundo vi uma família desolada rezando ao descer o caixão. E por meio daqueles túmulos fui lendo várias lápides. Alguns se foram com mais de cem anos, outros, com menos de uma semana.
Alguns tinham o túmulo super conservado, com flores e fotos, outros, apenas uma cruz com o nome apagado, isso me tocou profundamente. Lembrei de um trecho de um livro de Charles Bukowski, no qual diz: “Às vezes não há nenhum aviso. As coisas acontecem em segundos. Tudo muda. Você está vivo. Você está morto. E as coisas continuam. Somos finos como papel.”
Você está morto. E as coisas continuam. Você está morto. E as coisas continuam. Você está morto. E as coisas continuam…
Isso martela dentro da minha cabeça e, infelizmente, nós não compreendemos o quão profundo é essa frase até acontecer conosco. Sempre vivemos como se fossemos imortais, mas não somos, longe disso. Somos finos como papel.
Nunca pensamos que aquele momento pode ser o último, que aquelas pessoas podem nunca mais serem vistas com vida. Mas acontece, e como acontece.
O luto de Alice foi sendo dissipado com os dias, aos poucos ela abriu as cortinas, deixou o sol entrar.
Aos poucos ela abriu a porta de casa e saiu para caminhar.
Alice, em seu tempo, foi deixando para trás aquele sentimento de angustia e dor e começou olhar para frente. Não que ela tenha parado de pensar em John, isso não tem jeito. Mas toda vez que brotava aquele pensamento e algumas lágrimas jorravam ela se desmoronava. Agora não seria mais assim, toda vez que brotasse John em sua memória, um sorriso de canto de boca misturado com um aperto no coração apareceria, mas com a sabedoria que seguir em frente é necessário.
E isso vai acontecer porque ela sabe que viveu tudo que poderia viver naquele relacionamento, sabe que ali, na tristeza e na alegria, eles estiveram juntos. Que não há motivos para chorar, mas sim para se alegrar, eles tinham sido incríveis, infelizmente o ciclo se findou antes do previsto.
O luto é necessário, quer você queira ou não. Mas saiba que viver é bem mais importante.
Viva, sorria, chore e lute. Abrace, beije e sorria mais um pouco, pois um dia ela irá partir e suas lágrimas não irão adiantar, se algo não foi feito, sinto-lhe dizer: acabou sua chance.
Não deixe de conferir.
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