Para todos os atores do mundo existe a vontade de um dia ganhar o Oscar, para os que vivenciam a experiência do mundo musical um Grammy, e para aqueles que trabalham com as narrativas gráficas (conhecidas popularmente como histórias em quadrinhos), o Eisner Award (The Will Eisner Comic Industry Awards) é a maior honraria que você pode conseguir dentro do universo dos quadrinhos (além de reconhecimento e dinheiro).O prêmio criado na década de 1980 contemplou recentemente um dos expoentes talentos do Brasil: Marcelo D’Salette, que é quadrinista, ilustrador e professor. D’Salete cursou design gráfico e construiu seu caminho como ilustrador em algumas editoras, estreando em 2001 com as obras “Quadreca” e “Front”, além de posteriormente trabalhar com Grafic Novels, seu primeiro trabalho nesta área foi “Noite Luz” em 2008. “Encruzilhada” é outra famosa história construída por D’Salete, publicada em 2011.
Entre o repertório produzido pelo autor destacam-se: Cumbe (Um livro que já nasce com um clássico dos quadrinhos brasileiros e que tem como protagonistas os negros escravos em sua luta de resistência contra a opressão escravagista. Cumbe, a palavra banto que dá nome à obra, é rica em sentidos. É o Sol, o dia, a luz, o fogo e a maneira de compreender a vida e o mundo. Também é um sinônimo de quilombo.) e Angola Janga – A História de palmares (Angola Janga, “pequena Angola” ou, como dizem os livros de história, Palmares. Por mais de cem anos, foi como um reino africano dentro da América do Sul. E, apesar do nome, não tão pequeno: Macaco, a capital de Angola Janga, tinha uma população equivalente a das maiores cidades brasileiras da época.
A Obra cumbe já foi traduzida para diferentes países, e sua edição norte-americana, traduzida para o inglês como Run for It, venceu o prêmio Eisner de melhor edição americana de material estrangeiro em 2018.D’Salete ao ganhar o prêmio “Eisner Award” reaviva nossas esperanças em trabalhar com a arte, em um país que nos faz desanimar em meio aos apocalipses políticos que vivenciamos todos os dias. Outra questão muito pontual é a habilidade do autor de discutir temas que evidenciam a identidade negra, resgatando histórias de resistência, e episódios silenciados e invisibilizados nas narrativas sobre o Brasil. Então, caso ainda não conheça o trabalho de Marcelo D’Salete, corra para as bancas, livrarias ou internet e adquira as obras de um ganhador do Oscar das Histórias em Quadrinhos. Vale ressaltar que no Brasil também existe uma premiação para as pessoas que trabalham com quadrinhos ou pesquisam quadrinhos em perspectiva acadêmica, o “Troféu HQ Mix” no qual D’Salete foi indicado ao em 2012 na categoria Edição Especial Nacional por Encruzilhada e em 2015 nas categorias Desenhista Nacional, Roteirista nacional e Edição Especial Nacional por Cumbe.
Em suma, no sentimos gratos por um brasileiro apresentar ao mundo seu talento, sua arte, sua história. E que tais questões sejam evidenciadas a partir das construções de Histórias em Quadrinhos.
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