Mais uma coluna estreia no HQ’s com Café, com o nome de “Café Arcaico”, a coluna mostra filmes da minha infância, com filmes um pouco mais longínquos, sejam eles clássicos ou não, e nada melhor do que começar com um filme de 1988, intitulado Cinema Paradiso.
Há mais ou menos uns oito anos, eu assistia pela primeira vez ao filme “Cinema Paradiso”, lembro que, minha reação ao término da obra, foi de ficar parado no sofá, boquiaberto, tentando digerir aquilo que eu tinha acabado de presenciar, e me perguntando “Como passei tantos anos da minha vida sem ter visto essa obra de arte?”
Pois é, pra compensar o tempo perdido, creio que nesses últimos anos, já devo tê-lo visto dezenas de vezes, o que ainda acho pouco, diante de que, toda semana tenho vontade de revê-lo.
Mas vamos para o filme:
A trama tem início com a morte de um tal Alfredo, e com o protagonista do filme, Salvatore Di Vita (conhecido como Totó), um homem de meia idade, vivendo em Roma, recebendo essa notícia. Desse ponto, somos levados a Giancaldo, um vilarejo na Sicília, pós segunda guerra mundial, onde a única alegria da população é o cinema local, o Cinema Paradiso. Nesse cenário de interior e pessoas simples, o Cinema Paradiso é o ponto de encontro de Giancaldo, onde a população se reúne para ver filmes, fazer arruaça (principalmente as crianças), dormir, namorar, beber…
Com isso vemos a exibição de alguns clássicos do cinema na tela do Paradiso, um prato cheio para cinéfilos. Interessante também, é notar o fascínio das pessoas pelo que estão assistindo, já que o filme se passa em uma época em que ainda não existia televisão.
Embarcamos a partir dai, na infância e adolescência de Salvatore (Totó), um menino de família simples, órfão de pai, que vive com sua mãe e irmã mais nova, mas passa a maior parte do tempo no Cinema Paradiso, acompanhamos sua paixão pelo cinema, a convivência com a família, seu crescimento, a descoberta do primeiro amor, e principalmente, sua amizade com Alfredo (uma das mais belas amizades da história do cinema), o projecionista do Paradiso, que acaba exercendo uma figura paterna na vida de Totó, já que seu pai nunca voltou da Segunda Guerra Mundial.
Uma grande estória de amor e amizade, o cinema como objetivo de vida, como formador de caráter, como peça fundamental para um menino apaixonado pela sétima arte. E com a épica trilha sonora… Aahhh! A trilha sonora!! Do grande maestro e mestre Ennio Morricone. Precisaria fazer um outro texto pra expor minha admiração por esse músico. Trilha tocante, envolvente, emocionante, capaz de fazer parte da vida de qualquer pessoa.
Na minha humilde opinião, melhor trabalho de Morricone para o cinema.
E o que dizer sobre os 30/40 minutos finais do filme, quando Totó retorna a Giancaldo, 30 anos após ter deixado tudo para trás? As cenas que sucedem a partir dai, figuram, com certeza, entre as mais belas já vistas. E o desfecho do filme, então?! Sua cena derradeira, nem se fala. Gostaria de comentar muito sobre isso, mas já seria spoiler (rsrs).
Só posso dizer que é capaz de amolecer o coração até da pessoa mais forte ou mais fria. É de encher os olhos (preparem o lenço).
Não sei dizer se este é O FILME da minha vida, mas confesso que ver a estória de uma criança apaixonada por cinema, crescendo no interior, me levou de volta pro passado, na minha cidade, também do interior (na qual ainda vivo), e que também havia um cinema, e assim como o Paradiso, era a grande atração da cidade, pelo menos pra mim.
Grandes lembranças!
Grande filme!
Uma bela homenagem de cinema pra cinema!
Informações técnicas.
Título original: Nuovo Cinema Paradiso
País de origem: Itália
Ano: 1988
Direção: Giuseppe Tornatore
Principal prêmio: Óscar de melhor filme estrangeiro
Duração: 124 min. (Versão de cinema)
173 min. (Versão estendida)
Elenco: Philippe Noiret, Jacques Perrin, Salvatore Cascio, Marco Leonardi, Isa Danieli, Agnese Namo, Antonella Attili, Pupella Maggio…
Sinopse: Nos anos que antecederam a chegada da televisão em uma pequena cidade da Sicília, o garoto Toto (Salvatore Cascio) ficou hipnotizado pelo cinema local e iniciou uma amizade com Alfredo (Philippe Noiret), projecionista que se irritava com certa facilidade, mas tinha um enorme coração. Todos estes acontecimentos chegam em forma de lembrança quando Toto (Jacques Perrin), agora um um cineasta de sucesso, recebe a notícia de que Alfredo faleceu.