A Piada Mortal foi escrita em 1988 por Alan Moore, se você ler ela hoje, sentirá repulsa do Coringa… imagine quem leu o quadrinho na época de seu lançamento o que sentiu.
A história é realmente pesada e se você não leu e pretende ler, não leia esse post, irei expor todos os fatos dela aqui. Pois bem, todo mundo sabe que na história o Coringa fugiu do Asilo Arkham. Ele foi até a casa do Comissário Gordon e atirou em Bárbara Gordon, o tiro acertou sua costela, deixando-a paraplégica, não bastando ele tirou sua roupa e fez algumas fotos dela nua ensaguentada no chão.
Calma, não acabou ainda. Ele sequestrou o Comissário Gordon, colocou ele em um trem fantasma e exibiu toda sua crueldade para ele. Sua motivação? Mostrar que basta apenas um dia ruim para o mais são dos homens virar um lunático.
Realmente, é uma história bem pesada, então resolvi separar frases para ilustrar o objetivo do Coringa e como ele não conseguiu alcançá-lo por completo…
É tudo uma piada! Tudo pelo que as pessoas lutam e dão valor não passa de uma monstruosa e insensata anedota!
Uma frase extremamente complexa que retrata bem nossa sociedade, parafraseando um filme que não devemos falar sobre: “Trabalhamos em empregos que odiamos para comprar porcarias de que não precisamos”.
Será que o Coringa é tão louco quanto parece?
Se você ler a história vai ver que ele teve um dia péssimo, por isso se transformou no Coringa, é exatamente isso que ele quer que aconteça com o Comissário.
Ele fala isso em todo momento. Em uma de suas conversas com o Morcego tenta mostrar que ele é uma obra da sociedade, que todo mundo fica louco, basta a dosagem certa de fatores ruins durante um dia.
Em certa altura ele fala para o Comissário o quanto as lembranças podem ser boas e o quanto elas podem ser ruins… em uma tentativa de quebrar o já quebrado psicológico de Gordon.
As memórias são traiçoeiras! Num momento você está perdido em um carnaval de prazeres (…) no outro, elas te levam a lugares onde a escuridão e o frio trazem à tona coisas que você gostaria de esquecer!
Mas já dizia Gonzaguinha: “Somos nós que fazemos a vida. Como der, ou puder, ou quiser…
...”sempre desejada por mais que esteja errada, ninguém quer a morte, só saúde e sorte”.
A vida nem sempre é um mar de rosas, em grande parte do seu tempo ela é, na verdade, um mar de espinhos, mas você nunca deseja o mal, você sempre quer saúde e sorte. E por mais medos, fracassos e desastres que há pelo caminho, você sacode a poeira e segue em frente…
Sartre diz: “Não importa o que a vida fez de você, mas o que você faz com o que a vida fez de você”.
O Comissário não conseguiu reagir ao Coringa, ele não conseguiu evitar essa brutalidade, mas ele pode controlar seus atos, ele pode fazer algo com que a vida fez dele, algo bom, mesmo em um lamaçal de horrores.
“A Piada Mortal” não é um simples quadrinho, ela mostra o pior lado do ser humano, mas ela também mostra que sempre é possível se recuperar, que por mais difícil que seja, sempre há uma saída, que no final temos que nos manter sãos e do lado do bem, mesmo com um dia ruim.
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