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Trechos do Livro Nos cumes do Desespero | Top 20

Hoje trago 20 trechos do livro Nos Cumes do Desespero para explodir sua cabeça. Obra essa escrita por Emil Mihai Cioran, onde ele expõe suas dúvidas e angústias.

Então, sem delongas, vamos aos trechos do livro Nos Cumes do Desespero.


1 – Eu ignoro totalmente por que devemos fazer qualquer coisa aqui embaixo, por que devemos ter amigos e aspirações, esperanças e sonhos. Não seria mil vezes preferível retirar-se à distância do mundo, longe de tudo o que provoca seu tumulto e suas complicações? Nós renunciaríamos assim à cultura e às ambições, nós perderíamos tudo sem obter nada em troca. Mas que podemos obter neste mundo: Para algumas pessoas, nenhum ganho importa, porque eles são irremediavelmente infelizes e solitários.


2 – Lamentável fraqueza a de querer viver e morrer em sociedade: existe alguma consolação possível na última hora? É preferível morrer só e abandonado, sem afetação e mentiras.


3 – Sinto-me a ponto de explodir com tudo o que me oferecem a vida e a perspectiva da morte. Sinto-me morrer de solidão, de amor, de ódio e de todas as coisas deste mundo. Tudo isto parece fazer de mim um balão prestes a estourar.


4 – Quando todos os ideais correntes, sejam eles de ordem moral, estética, religiosa, social ou outra, não chegam a imprimir à vida uma direção e finalidade, como preservá-la ainda do nada?


5 – Em que ponto uma tal existência se distinguiria da de uma pedra, de um pedaço de madeira ou de uma erva-daninha: Eu afirmo-o com toda a honestidade, devemos ser portadores de uma grande loucura para que queiramos nos tornar em pedra, pedaço de madeira ou erva-daninha.


6 – Poder sofrer sozinho é uma grande vantagem. O que aconteceria se o semblante humano exprimisse fielmente todo o sofrimento interior, se todo o suplício interior tivesse expressão? Poderíamos ainda conversar? Poderíamos ainda trocar palavras sem escondermos o rosto entre as mãos? A vida seria decididamente impossível se a intensidade de nosso sentimentos pudesse ser lida nos traços de nosso semblante.


7 – O fato de que eu existo prova que o mundo não tem sentido. Que sentido eu poderia encontrar, com efeito, nos suplícios de um homem infinitamente atormentado e infeliz, para quem tudo se reduz em última instância ao nada e ao sofrimento faz a lei deste mundo.


8 – O que importa que eu me atormente, que eu sofra ou que eu pense? Minha presença no mundo não fará nada mais que abalar, para meu grande pesar, algumas existências tranquilas e atrapalhar – para meu pesar ainda maior – a suave inconsciência de alguma outras.


9 – Para ser sincero, eu deveria dizer que não sei por que vivo, nem por que não paro de viver. A chave está, provavelmente, na irracionalidade da vida, que faz com que ela se mantenha sem razão.


10 – Uma constatação que posso verificar, para meu próprio pesar, a cada instante: somente são felizes aqueles que não pensam – ou, dito de outra forma – aqueles que pensam apenas o estrito necessário para viver.


11 – Cada época constitui um mundo em si, fechado em suas certezas até que o dinamismo da vida e a dialética da história conduzam a novas fórmulas tão limitadas e insuficientes quanto as anteriores.


12 – Sinto em mim um sabor amargo de morte e de vazio, que me queima como um violento veneno. Fico triste a ponto de que tudo “aqui embaixo” me pareça totalmente despido de charme. Como eu ainda poderia falar de beleza e envolver-me com a estética, se estou triste de morte.


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13 – Estou a cada vez mais certo de que o homem é um animal infeliz, abandonado no mundo, condenado a buscar uma modalidade própria de vida, tal qual a natureza jamais conheceu. Sua pretensa liberdade faz com que ele sofra mais do que qualquer outra forma de vida cativa da natureza.


14 – O sono faz esquecer o drama da vida, suas complicações, suas obsessões; cada despertar é um recomeço e uma nova esperança. A vida conserva assim uma agradável descontinuidade, que dá a impressão de uma regeneração permanente.


15 – A tristeza e o sofrimento revelam-nos a existência, pois nelas nós tomamos consciência de nosso isolamento; elas provocam-nos uma angústia em que se enraíza o sentimento trágico da existência.


16 – Os homens geralmente trabalham demais para que possam permanecer fiéis a eles mesmos. O trabalho: uma maldição que o homem transformou em volúpia. Labutar com todas as suas forças somente pelo amor da labuta, encontrar felicidade num esforço que não conduz a nada além de realizações sem valor, estimar que somente por meio do trabalho incessante se possa obter o que quer que seja – eis algo revoltante e incompreensível.


17 – Todos os homens têm o mesmo defeito: esperar pela vida, devido à falta de coragem para viver cada segundo. Por que não implementar a todo instante paixão e ardor bastantes para criar uma eternidade?


18 – Tudo é possível e nada o é; tanto tudo é permitido quanto nada. Qualquer que seja a direção escolhida, ela não será melhor do que as outras. Percebam algo ou absolutamente nada, creiam ou não, tudo isto é igual, bem como dá no mesmo gritar ou se calar. Pode-se encontrar uma justificativa para tudo, bem como nenhuma. Tudo é ao mesmo tempo real e irreal, lógico e absurdo, glorioso e insípido. Nada vale mais do que nada, da mesma forma que nenhuma ideia é melhor do que outra. Por que entristecer-se com a tristeza ou alegrar-se com a alegria? Que importa que nossas lágrimas sejam de prazer ou de dor? Amem a infelicidade e detestem a alegria, misturem tudo, confundam tudo! Sejam com um floco de neve levado pelo vento ou como uma flor embalada nas ondas. Resistam quando não se deve e sejam covardes quando se deve resistir. Quem sabe – vocês ganharão talvez. E, de toda forma, o que importa se perderem? Existe alguma coisa a ganhar ou a perder no mundo? Todo ganho é uma perda, assim com toda perda é um ganho. Por que esperar sempre uma atitude clara, ideias precisa e palavras sensatas? Eu sinto que deveria cuspir fogo a título de resposta para todas as questões que me foram – ou não foram – feitas.


19 – A consciência fez do animal um homem e do homem um demônio, mas ela ainda não transformou ninguém em Deus, ainda que o mundo orgulhe-se de ter despachado um numa cruz.


20 – Dizer que alguém se torna desiludido em razão de alguma deficiência orgânica ou de instintos empobrecidos é totalmente errôneo. Na realidade, somente perde suas ilusões aquele que desejou a vida com ardor, ainda que inconscientemente.


Bônus: O conhecimento em pequenas doses encanta; em grandes doses, decepciona. Quanto mais se sabe, menos se quer saber. Pois aquele que não sofreu do conhecimento não terá conhecido nada.


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