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Euro-Cine | A Vida de João Paulo II

Quando a noite chega…
Eu espero por você…
E você chega por perto…
E o mundo esta vivo…
Com o som de crianças…
Nas ruas lá fora…

(Heaven Is a Place on Earth – Berlinda Carlisle)

A visão interpretativa e cinematográfica  do Papa João Paulo II (1920 – 2005) , é transcendental no sentido de deixar em forma minissérie, um sentido fílmico, onde sua “mise en scéne” esta focado, na humildade, como armas para combater a Guerra, fazendo crescer um plasma semiótico do amor, em forma de diluir preconceitos e julgamentos que são inatas ao comportamento coletivo do ser humano.

Desde sua vivência jovem testemunhando a invasão de sua terra natal, (Polônia) pelas forças militares de Adolf Hitler (1889 – 1945), e vendo perseguições de judeus e cristãos, Karol Wojtyla, teve que enfrentar a perda do pai precocemente, e tendo sua fé, enfadada a ser questionada diante a brutalidade da Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945).

As controvérsias, quanto aos críticos da Igreja Católica, é que a interpretação e Jon Voight (1938)  (romantizou um período histórico, onde o Catolicismo enfrentou grande conturbação defronte o Marxismo – Leninismo, da União Soviética), bem como seus expurgos e o endurecimento das normatizações déspotas dos Partidos Comunistas, de vários países, tendo na Cortina de Ferro do Leste – Europeu (1947 – 1991) seu ápice, e também frente à promulgação do ateísmo, e de um disparate do “conceito de superestrutura”, lapidando uma reestruturação dentro da Santa Sé, em como se propagar e disseminar a Santa Palavra Cristã, voltado mais para um aspecto social do que doutrinal.

Sua aproximação perante as multidões e também suas encíclicas aos quais enfatiza e muito a questão do “amor com o próximo”, perante um Século XX, que adentrou em crises humanitárias e genocidas, pelos quais tanto o viés Capitalista como Comunista, fizeram seus paradoxos genealógicos, uma teoria dos conflitos de intersubjetividades, com a intelectualidade coletiva orgânica socialista.

Agostino Casaroli (1914 – 1998)  interpretado por Ben Gazzara (1930 – 2012), possui um termômetro de “personagem de ligação”, usando da concepção de Constantin Stanislavski (1863 – 1938) entre delimitar as mentalidades formativas de conflitos, entre a causa particular de João Paulo II de beneplácito entre os povos, em lutar por um Socialismo Democrático, ao qual fez demonstrando apoio ao líder sindicalista polaco Lech Walesa (1943), estando próximo as raízes de práxis da Teologia da Libertação, bem como em se colocar no advento de questionar os próprios dogmas da Igreja, que é retratado como uma espécie de conselheiro do Papa, e pelo qual nutri muita simpatia ao longo da trama,  mas delimita liberdades filosóficas de cisões representativas de poder, dentro do complexo quadro burocrático do Vaticano.

Aliás, a forte inclinação ao ativismo político do Papa João Paulo II, o fez um alvo de teorias conspiratórias do establishment autocrático de Leonid Brejnev (1906 – 1982) e Iúri Andropov (1914 – 1984), que teriam participado, junto com o apoio do Partido Comunista da Bulgária, em orquestrar seu atentado ocorrido em 1981 na praça São Pedro.

Os efeitos desse ato foram nefastos para sua saúde, já que uma das duas balas que o atingiram, jamais pode ser retirada, e alguns atribuem que o seu chumbo, foi envenenando aos poucos.

Sua definhação física, bem como sua perseverança, faz da sua intelectualidade e espiritualidade, atributos indagadores acerca de uma união de equilíbrio, entre corpo e alma, bem como a contemplação da fé, bem como a sua caridade em se colocar em servir o próximo em proporcionalidades iguais sem subdivisões, mesmo contendo psicologicamente, que o “eu de cada um em seu universo particular”, precise mais, da admissão de compaixão do que os “outros”, todos possuem o amor de Deus, unilateralmente.

Sua ligação com o Cardeal Ratzinger (1927) (Papa Bento XVI), enfatiza um forte Conservadorismo, diante a manutenção formativa da Congregação para Doutrina da Fé, e que também não deixa de conter uma assimilação de análise dúbia, em sua interpretação histórica em se aproximar de um sacerdote alemão, que viveu no período do Nazismo, e que enraizou certa aversão a sua aproximação, com setores mais liberais evolucionistas dentro do Clero, como também uma aversão ao próprio Partido Solidariedade na Polônia, de Walesa, fazendo frente aos expurgos e perseguições dos “Ursos de Moscou”.

Vejamos que as controvérsias quanto a sua historicidade, como líder político, desafiando Politburo Soviético, quanto a sua Lei Marcial, decretada pela rebeldia polonesa, em relação ao seu movimento sindical independente, que culminou na prisão de várias pessoas, teve um atitude de intervenção atuante de João Paulo II.

Mas durante o conflito na Guerra Civil Iugoslava (1991 – 12001), não houve um grande comprometimento seu, quanto à limpeza étnica, promovida por Radovan Karadzic (1945) e Slobodan Milosevic (1941 – 2006), quanto aos massacres de ciganos, muçulmanos, e a brutalidade de um fanatismo, que levou a fragmentação do território eslavo, e ao cultivo de rivalidades regionais, existentes até hoje.

Tentou uma reaproximação com a América Latina, e isso pode ser evidenciado, com sua participação no Concílio de Puebla (1979), visitou Cuba em 1998, reaproximando o Vaticano de uma nação que historicamente, esteve ligada, ao seu antigo algoz soviético, e continha no ateísmo como, uma de suas principais formulas, de doutrinação estatal e educacional, bem como uso indiscriminado das suas prisões por dissidentes do regime castrista, e a censura sendo impregnada abertamente.

Outro fator importante, é que durante a Guerra Fria (1947 – 1991), esteve com laços diplomáticos com Washington, como um aliado na Ideologia Capitalista, usando da religiosidade, como um instrumento de frear o crescimento de influência soviético.

Com a chegada de Mikhail Gorbatchov (1931), e sua Perestróica (abertura econômica,) Glasnost (abertura política), foi quase que uma vaticinação da decadência do Bloco Comunista, perante a ascensão do Capitalismo de Mercado Global.

Aliás, em uma obra política intitulada “Depois da Queda” (1992), o historiador britânico “Robin Blackburn (1940)” “enfatizou que o Império Soviético, não estava preparado, para uma ocidentalização, tanto dentro do seu escopo cultural como político e cultural”, já o jornalista Michael Dobbs  (1950) em sua obra “A Queda do Império Soviético” (2000), “classifica que a falsa impressão de liberdade, advinda pela Revolução de 1917, perpetuou no Estado Soviético, até a eleição de Gorbatchev, e que a democracia com os seus  primórdios influências ocidentais, fez uma transformação no modo de pensar do povo, frente a uma sociedade que vivia em constante vigia, pelos instrumentos repressivos da autocracia de Moscou, como o uso KGB”.

Ocorre no filme, um breve comentário durante um jantar com amigos familiares, e amigos próximos dos líderes soviéticos durante a década de 1980, onde são citados, os benefícios de um governo moderado, na vista de um ‘engenheiro agrônomo’, que sai da visão ditatorial e fundamentalista, dentro da União Soviética (Mikhail Gorbatchov – 1931), bem como alegações que uma intervenção do Exército Vermelho, no Afeganistão indiretamente traria, boas consequências, no sentido das relações diplomáticas serem suavizadas com um desvio foco aos objetivos principais do Estado, e com a preocupação do Kremlin, perante a chegada ao Pontificado, de um dissidente, dos seus ideários comunistas contidos na “distorção do marxismo como doutrina formativa e não destrutiva.”.

Mesmo sendo uma autobiografia, os elementos políticos ficam explícitos, e de como o Papado em sua cúpula, coloca certames educacionais que possam tanto controlar o ímpeto dos féis, como também que venha (e viesse!), a lutar contra novos caminhos de uma promiscuidade subjetividade que levasse a desafiar os desígnios de uma ontologia de elaborar uma ideia do amor universal, que valorize, tanto a “palavra, como a “fé’.

Dentro dessa “teodiceia  entre a palavra e fé”, está um cunho moral, para a humanização do sofrimento, como sendo um traçado resignado de se chegar ao celestial, que esteja distante do relativismos de engrandecimento intelectual profano, mas diante a uma doutrinação, que pudesse colocar uma consciência de critica diante a contracultura, de contaminar o Catolicismo, através dos seus erros passados, como a Inquisição, ou mesmo certa irresponsabilidade de alianças políticas, como um apoio aos feito por Pio XII (1876 – 1958) ao Nazismo, para não dizer sua letargia em confluir um endurecimento de relações internacionais defronte o Stalinismo.

Nesse quesito, Wojtyla, faz parte de sua vida eclesiástica, tentando desmantelar o traçado hermético de uma Igreja, que se colocou como detentora de toda a verdade quanto o comprometimento do entendimento acerca da teogonia de Deus em estar presente na vida das pessoas, para um pragmatismo, de minar nutrientes, que pudessem revalorizar o livre-arbítrio de cada fiel, sem conter a presença do Catecismo da Igreja.

Seus pensamentos, e sua preocupação em menear o combate e conscientização da pobreza, demonstram uma inclinação Franciscana, que diferente do Socialismo Totalitário, prega a compaixão independente das suas estruturas de poder que estejam a comutarem, o ascetismo religioso, mas que contenha em Deus, sua principal premissa de conservação de suas atitudes bondosas, dialeticamente propondo ações que estejam sânscritas a elevação de realizar sua vontade própria, não como um ato libertino, mas sim para se chegar aos céus, de uma forma, que não fique tanto encarcerado aos formalismos de repetições e imitações de atos ritualísticos herméticos, que fizeram muitos fiéis se afastarem do Catolicismo.

Por isso que o filme se torna contraditório, em uma análise multifacetada, que muitas vezes coloca o próprio João Paulo II, agindo paro seu benefício individual (ao invés de pensar em conduta como uma comoção de alerta para todos os flagelados), e sim procurando o que fosse mais conveniente para seus comprometimentos interpessoais, que mediasse, uma cultura que pudesse, tanto estar banhada pela fé, mas também com uma razão política, perante a entreter laços de cooperações multiculturais, evitando o isolacionismo relações de Estado e sociais representativas de cordialidade com o Vaticano.

Sua visita a Terra a Santa (2000), assim como fez, em Cuba, não se tratou de uma provocação Islamismo ou ao Judaísmo, mas sim de uma união ao bem-comum de combater a ascensão de grupos radicais, que vissem no terrorismo como arma de arguição para reivindicar suas causas.

Aliás, vale dizer que na década de 1980, as ações de grupos que usando do terror como instrumento de protesto, levou a ações do Túpac Amaru (1982 – 1999) e o Sendero Luminoso (1960..) de ligação com Khmer Vermelho no Camboja (1975 – 1998), de orientação maoísta, como exemplo, entrava em contraste com os ideais de Reforma Agrária Democrática ao invés do confisco Estatal, e em dar voz aos menos favorecidos, já que até meados dos anos 1990, grande parcela das Ditaduras Militares do Cone Sul de Direita, possuíam colaboração do “Grande Irmão do Norte”, e já IRA (1919 – 2005) (Exército Republicano Irlandês) no Reino Unido, ou o próprio grupo separatista do País Basco, o ETA (1959 – 2018), aos quais sempre manteve de certa maneira recluso em pronunciamentos, quanto a tratar em público, que fossem relacionados à defesa dessas pessoas vítimas de suas ações.

Se de um lado fica exposto que o filme, e é um embate filosófico, de uma luta de egos de Ideologia Política formativa, entre o Catolicismo e o Radicalismo de doutrinas anticlericais, fica exposto dentro de uma análise comparativa ontológica, que Deus capacita alguns como seus soldados e bem quistos, mas “se esquecem”, de cumprirem o primeiro dos seus principais andamentos “amar a ele mesmo, acima de todas as coisas”.

Fica a impressão que em determinados momentos, que o seu espaço cinematográfico, fica um enrijecimento de disputas políticas, estando a “Cidade Eterna” como palco das decisões a serem tomadas, que assim possam elevarem, novos anseios, ao que se pode ser classificado, como digno sim ou não estar presente diante do “todo poderoso”.

Usando de Santo Agostinho (354 – 430): “o amor seria caminhar por entre a razão se escolher fazer o bem, mas contendo risco de se machuca, e em seus espinhos, sangrar contendo a indignação de experimentar suas fragrâncias egoístas”.

A fragrância de amor doutrinal e simbólico de João Paulo II foi pensar em um jubileu do ano 2000, comemorado ao qual pudesse ser uma nova “paz romana da modernidade”, mas com a Imaculada proteção Igreja, levando o advento da tolerância para todos, mas ainda no final de vida teve que testemunhar o radicalismo fundamentalista de Osama Bin Laden (1957 – 2011), e os eventos de 11 de setembro de 2001, além da Rússia, acerca chefia de um Vladimir Putin (1952), “e um de certo retorno ao seu militarismo e a intolerância dos tempos do stalinismo”, como as fortes intervenções militares na Chechênia (1994 – 1996) e do Daguestão (1999), por exemplo, e a intolerância dos Estados Unidos, em usar do uso extremo de Guerra Tecnológica, defronte o Iraque (2003) e depois também no Afeganistão (2001), deixando uma transgressão de ocupação do mutualismo gentil, entre conter o perdão e a afeição, diante culturas tradicionalmente diferentes, mas que possuíam (e ainda possuem!), a violência das armas e do esquartejamento ético, como complementos para se chegarem à construção de uma sociabilidade que possa grupar todos os elementos humanísticos, em um compendio fraternal de universalidade, e empatia em estar realmente de fato em torno doe ocupar o lugar do próximo.

Uma empatia que não deixar de conter uma separação de constituição laica ao pensamento de Karl Mannheim “quanto a Ideologia de uma fala liberdade em relação à constituição histórica, que combatesse a utopia, de que a liberdade seria  algo ser outorgado para todo, sem exceção”.

João Paulo II inspirou movimentos que se tornaram referenciais para uma modelação institucional na maneira de como se pregar a “palavra divina”, mas dentro da concepção do amor polivalente, que também conteve um sentimento de virilizar uma dor, em se fazer mártir para a compreensão de um mundo que pudesse, dentro do novo milênio, se comprometer com o ostracismo de banir as facetas do radicalismo, mas que também testemunhou a fabricação de uma loucura, que em nome de um tipo de Nacionalismo, a lutar contra um “inimigo comum” o Terrorismo, empreendendo um gerúndio de poucas palavras contra as arbitrariedades de um governo Goerge Walker Bush (1946), que buscou por todos os meios lícitos e ilícitos,   justificativas para explicar atrocidades e crimes contra a humanidade cometidos durante a Segunda Guerra do Golfo (2003), obcecado a procura por armas de destruição em massa, o que levou a acusações das alas mais céticas em relação ao silêncio do Sumo Pontífice, perante as ações militares da OTAN, que matavam a população civil do Iraque e do Afeganistão (Guerra ao Terror – 2001 ) sem por exemplo, a conter uma posição firme do Papa perante o respeito pela vida dos inocentes de ascendência muçulmana.

Dentro dos estabelecimentos das Relações Diplomáticas da Santa Sé, houve  um forte fortalecimento da figura de Joaquín Navarro Valls (1936 – 2017), médico e jornalista espanhol, que atuou como porta-voz direto das decisões papais o que não deixou de conter uma simetria de favorecimento a Espanha, tradicionalmente católica, em conter um forte assento de influenciar nas decisões papais em torno de como seria conduzidos a sua subjetividade e seu compromisso em empreender ações, para ornamentar um Direito Canônico, que não ficasse unicamente preso a retórica, e sim vindo trazer compaixão e dignidade e respeito para todas as pessoas.

Para isso a cúpula do Conclave de 1978, teve como um dos perímetros idealísticos de sua escolha perante Wojtyla, tanto a ideia em conter uma frente combatente e simplória perante os mais necessitados, que fizesse frente ao avanço da União Soviética na Europa, como também que realizasse um marketing, que não ficasse encarcerado somente ao tradicionalismo, do líder, que faça seu papel meramente protocolar, e sim saia do seu enclausuramento, e assim trabalhasse de forma a conhecer de perto o seu rebanho.

Voight deixa isso evidenciado em uma de suas falas, pouco tempo depois de consolidação da sua escolha, o que chama atenção para quebra de protocolos, de certo “obscurantismo dos Papas”, “que o seu desejo  estar direto contato direto com o seu povo”.

Isso anos depois de João Paulo II veria a constituir como um trabalho de campo e catecismo, do Papa Francisco (1936), em estar perto de seus fiéis, saindo da sua no imaginário popular, de ficar enrijecido burocraticamente condição de estar acima de tudo e todos.

Uma práxis, pessoal de exemplo acerca da sua candura de João Paulo II, está em buscar sempre o perdão e se colocar como um mártir, diante o inicio de um Tempo mais o Relativismo Religioso do que Palavra Cristã, bem como a conservação de perseguição diante as manifestação de antropológicas políticas contrárias ao Catolicismo, que visse de encontro em concordância diante as mudanças de paradigmas mentais que o terceiro milênio colocou para a humanidade.

Durante as Jornadas Mundiais da Juventude instituída em a partir de 1985, conteve diplomacia para escutar o ímpeto juvenil, diante os desafios de sua sexualidade ao qual se possa compreender, e não somente repreender, e também elevar o “esclarecimento”, que Deus não condena o Sexo e sim promiscuidade.

Assim como também olhou com ternura para as mulheres com objetivo, de tirar uma imagem machista dos seus membros religiosos, valorizando-a, através do enaltecimento da decisão da Virgem Maria (Século I a,C ?) em servir aos propósitos de Deus, e que a sua pureza, é uma dádiva de se preparar para a fecundação do amor, ao qual assim a “carne” não ficasse unicamente prezo, as diretrizes de uma libido descontrolada e manipuladora das formações mentais e sentimentais das pessoas, rumo a caminharem juntos com profanação e o pecado.

Enfrentou Manifestações do ultra-feminismo, destinado a combater suas posições perante um “libertarismo frenético”, em fazer do “corpo”, uma condição humana de satisfazer todos suas  vontades, sem conter um limite claro “anti-epicurista coletivo”, entre o que  poderia ser classificado como vontade própria, ou como uma “lavagem cerebral”, perante um ornamentação de se fazer da concepção de Deus – Pai Todo Poderoso, somente uma imagem de adoração com o primado da razão, sem vim a divulgar seus milagres e sua consolidação teológica “como ser todo poderoso, que ama a todos, sem exceção”.

Outro fator também ser considerado do seu pontificado, é que para efeitos culturais dentro do espaço cinematográfico da obra sobre Papa João Paulo II, está também à citação dos casos de pedofilia que abalaram a Igreja Católica nos anos 2000, bem como um claustro  quanto as tentativas de silenciarem, divulgações de tais fatos, que assim fizeram que transcorresse um conflito dentro dos próprios esteios doutrinários, do Catolicismo, frente a combater o crescimento de suas alas mais radicais como a “Opus Dei”, como a um setor menos conservador, como o fortalecimento da “Renovação Carismática Católica” (RCC) (surgido nos Estados Unidos na ebulição dos anos de 1960), para que assim houvessem novas emoções e conversões quanto à adoção de novos fiéis, que fizessem assim uma transformação em como se usar da Religião Cristã Romana, sendo uma forma tanto de expressar uma oratória que chegasse a todas as classes sociais de polivalentes setores das sociedades, bem como a combater um “Neopentecostalismo”, que se aprimorou em seduzir seus fiéis que se sentiam desamparados perante o conservadorismo secular da Igreja Católica.

Diante os conflitos em momentos históricos conturbados, pouco se argumentou acerca de pontos nevrálgicos, para Igreja Católica, aos quais se usou e muito a imagem do “Papa” como o “bom velhinho adoentado, que tudo perdoa”, inclusive salientando sua visita perante o terrorista que o alvejou, Mehmet Ali Agca (1958), membro da organização Ultra – Fascista turca, Os Lobos Cinzentos.

Dentro de termos políticos, o seu atentado, alertou a, humanidade acerca dos perigos de uma “guerra – silenciosa do extremismo ideológico político – partidário – religioso”, que tinha um “corpus logístico e de ação” já espalhado pela Europa com diferentes linhas paramilitares, casos notórios por exemplo das “Brigadas Vermelhas” (1970 – 1988) na Itália, e seu embate armado e ideológico com a “Democracia – Social Cristã” (1942 – 1994).

Merece destaque aqui voltando a mencionar o Exército Republicano Irlandês que continha em sua completude operacional, atacar celebridades, mas que não chegou totalmente a conter seus planos realizados, já que um desertor por exemplo, alertou acerca da ideia de explodir o Estádio de Wembley em Londres, durante conserto musical com os Rolling Stones e toda a família real britânica, estando presente nos anos de 1980.

Dentro desse viés analítico das relações entre organizações estatais e terroristas, o Papa João Paulo II, era visto como forte sombra de ameaça perante uma prontificação política de influência de soviética, bem como de seus satélites geopolíticos no Leste Europeu, e que não havia poupado seus esforços em vir a lançar denúncias contra as atrocidades cometidas em relação ao respeito dos Direitos Humanos, em países como a antiga Alemanha Oriental, e o poder da STASI (1950 – 1990), (Policia Política), ou da Securitate (1948 – 1989), tendo a frente o sanguinário ditador Nicolae Ceausescu (1918 – 1989).

No contexto da América latina, também se colocou a frente em criticar o uso do narcoterrorismo, como expressão de barbárie, defronte a se colocar como voz ativa perante a defesa dos mais necessitados.

Perante uma atuação enfatizando a crença do “perdão incondicional de Deus”, Voight, usou de uma fala mansa, e uma Ideologia flexível de formação teológica, ao qual ficasse encarcerado e demarcado os conflitos internos e externos de visões de mundo diacrônicas, dentro dos luxuosos saguões e salas do Vaticano, em conflito ao seu modo de vida simples ao qual não ficasse com um arquétipo retrogrado, de estar somente sendo herdeiro burocrático do “Trono de Pedro”, rodeado, de todos os galanteios e lisuras materiais possíveis.

Fugir da Imagem de um Rodrigo Bórgia (1431 – 1503), ou de um Júlio II (1443 – 1513), ou Clemente V (1264 – 1314) e Pio XII (1876 – 1958), pelos quais ao longo de suas histórias, disseminaram abusos do seu poder perante os fiéis, sendo uma forma de conduta “alternativa carinhosa” e esteta formativa em reger a obra de Deus, com um viés, de alcançar as diferentes classes sociais no corpo do eclesiástico.

De certa maneira ocorreu indiretamente conflitos ideológicos entre as questões metafísicas e abstratas no seu Pontificado, no sentido de criticar abertamente o marxismo, e de como houve deturpação da sua imagem como líder de Estado, ao qual foi realizada durante o endurecimento de preceitos democráticos na antiga União Soviética.

Depois da sua dissolução em 1991, houve uma aproximação concisa entre cristãos católicos e ortodoxos, e das elações diplomáticas entre Moscou e o Vaticano, mas mesmo assim tanto como de um lado como de outro, houve novos rusgas, que ainda geram controvérsias quanto à compreensão de subsidiar laços culturais, que ponham em evidência um entendimento lúcido, diante as transitações históricas que opuseram cossacos e católicos.

A perseguição a liberdade de culto, o controle das cerimônias organizadas pela SVB (Serviço de Inteligência Estrangeiro) e FSR (Serviço de Segurança Interno) (sucessoras da antiga KGB), bem com a repressão de manifestações e opiniões a submissões subjetivistas e religiosas que não com as diretrizes centralizadoras do Estado Russo, sofrendo com atitudes persecutórias a preceitos de um Estado Totalitário, ainda são alguns entraves para que se conflua Relações Internacionais claras e pacíficas de ambos os lados, e que de fato estanque as divergências entre seus laços antropológicos e filosóficos particulares, unindo fé e política, dentro de uma globalização que realize “o macro e não o micro”, de energizar eliminar diversidades multiculturais e desentendimentos entre suas concepções doutrinárias e políticas.

O pano de fundo de uma obra que tem como alicerce ser autobiográfica, também entra no existencialismo, de disseminar o fortalecimento da palavra cristã – católica, bem como, o diálogo com o Judaísmo, mas que deixa certa lacuna, em como agir, por exemplo, em caso dos extremismos radicais do Islamismo, bem como os ditames de silenciamento e de certa omissão de posicionamento de manifestos claros da Igreja, durante os conflitos entre União Soviética e o Afeganistão (1979 – 1989), e depois a sua invasão dos Estados Unidos (2001) nessa mesma e uso maciço de todo o seu complexo industrial militar que custou a vida e muitas pessoas.

Diante disso, João Paulo II, se mostrou certo distanciamento, devido em grande fator as suas condições físicas cada vez mais críticas.

O Filme é uma mistura entre como compreender Relações Internacionais que esteja auscultada a múltiplos exemplos de uma “democracia coletiva mundialista” (seria isso uma Utopia?), que possa assim respeitar todas as diferenças poliéticas, bem como propiciar, um entendimento, que a fé é um caminho que muitas vezes pode trazer “dor”, mas também propicia um “amor incondicional”, diante diferentes contrapontos de questões nacionalistas, que produzem políticas de extermínio e intolerância.

A Figura do Papa João Paulo II, transcendeu as fronteiras do Catolicismo, e fez dele um signo, de uma arte de condução moral, onde o que importa é abarcar todas as pessoas, dentro da louvação á Deus, independente de sua origem, classe, etnia, ou posição religiosa, para que assim boa parte da humanidade usufrua de sua autopiedade e de um amor coletivo, sem precisar exclusivamente do “corpo”, mas resplandecendo um espírito subjetivo de empatia do “ser histórico individualista’”, em busca de sua auto-compreensão como de sua redenção, através da oração, sem coesão, mas com muita compaixão e comoção.

Dados Técnicos.

A Vida de João Paulo II

Filme de 2005, com 3 horas e 06 minutos de duração.
Direção: John Kent Harrison
Elenco: Jon Voight, Cary Elwes, Christopher Lee, James Cromwell, Bem Gazzarra…
Biografia | Itália – Polônia

Sinopse: Karol Wojtyla (Cary Elwes / Jon Voight) nasceu na pequena cidade polonesa de Vadovice e teve uma infância marcada por várias tragédias familiares. Aos 21 anos decidiu estudar em um seminário e dedicar-se à vida eclesiástica. A partir de então segue carreira na Igreja Católica, alcançando o apogeu ao ser escolhido como papa e assumindo o nome de João Paulo II.