Diziam que era a prisão de segurança máxima à prova de fugas. Uma lenda foi criada em volta dela. Guardas estavam por todos os cantos. As celas eram individuais. As barras de ferro eram mais resistentes do que as que haviam em qualquer outra prisão. 12 contagens eram feitas para verificar se os presos ali estavam durante o dia. Não existiam regalias. Ali, quem parasse, jamais sairia.
Alcatraz, também conhecida como “A Rocha”, era local para os mais perigosos e famosos criminosos, até Al Capone¹ por lá passou. A prisão, localizada em uma ilha isolada, no meio da Baía de São Francisco, tinha todos esses quesitos para ser considerada de segurança máxima, mas ainda existia outro fator preponderante nessa lendária prisão, ela contava com as águas geladas e agitadas do Pacífico como aliada.
Por isso, décadas e décadas após tal fuga, um mistério ainda ronda aquele local.
Para se ter ideia, durante sua existência (1934 – 1963), 36 homens tentaram escapar. Totalizando 14 fugas separadas. 33 foram recapturados ou mortos. Mas três nunca foram descobertos. São eles: Frank Morris e os irmãos John Anglin e Clarence.
Tudo aconteceu em 12 de junho de 1962, após a rotineira verificação das camas na prisão, notaram que três prisioneiros não estavam em suas celas. Ali, uma fuga ocorreu e com o avanço das investigações, notaram que não era uma fuga comum, era algo ‘de cinema’.
Aliás, a fuga foi retratada no filme “Fuga de Alcatraz”, estrelado por Clint Eastwood.
Mas, voltando aos fatos. No local das celas haviam cabeças de bonecos construídas com gesso, pintadas com tinta em tons de pele e cabelo humano de verdade.
Esta primeira foto mostra o perfil da cabeça do manequim encontrada na cela de Morris. O nariz quebrado resultou quando a cabeça rolou para fora da cama e bateu no chão depois que um guarda enfiou a mão nas grades e a empurrou. A segunda foto foi tirada na cela de Clarence Anglin, ela mostra como as cabeças dos bonecos foram dispostas para enganar os guardas fazendo-os pensar que os presos estavam dormindo. Fonte: FBI.
Ao redor da prisão encontram alguns itens (pacote de cartas lacrado, madeiras que pareciam remos e um colete salva-vidas caseiro) e após muita investigação, o FBI concluiu que houve um quarto integrante, que auxiliou na fuga, esse integrante ajudou na investigação, fornecendo detalhes do plano.
Segundo o informante as ferramentas foram as mais variadas possíveis, uma furadeira feita com um motor de aspirador de pó quebrado. Construíram remos com madeira e fizeram de um instrumento musical, um instrumento para inflar a jangada.
Mas de nada adiantaria toda essa engenhoca se não houvesse um ‘ponto cego’ naquela prisão. E foi atrás das celas que acharam o local ideal para colocar em prática o plano.
Ali era um corredor que dava acesso ao telhado, foi no telhado que eles montaram uma oficina secreta. Eles construíram um periscópio para vigiar os guardas, utilizaram mais de 50 capas de chuvas para transformar em colete salva vidas. Essas capas foram costuradas e ‘vulcanizadas’ com vapor quente que saia dos canos da prisão.
Ah, e para chegar até o corredor, eles removeram essas grades de ventilação utilizando diversos equipamentos improvisados, tudo com muita cautela, após tal remoção, esconderam essa parte da ventilação com papelão e malas.
Na noite da fuga, em 11 de junho, o informante não teve tanta sorte, sua grade não foi totalmente removida e ele foi deixado para trás.
Quando tudo estava pronto e eles partiram, seguiram pelo caminho já aberto até o telhado, de lá desceram por uma chaminé, pularam a cerca e rumaram sentido ao longo caminho de água que os aguardava.
O que aconteceu depois permanece um mistério. Será que eles morreram nas águas? Será que escaparam? Existem boatos para as duas perguntas. Mas, segundo o FBI, parte do plano consistia em roubar um carro ao chegar em terra firme, isso nunca aconteceu. Familiares não foram procurados e as fortes correntes de água, aliado à sua baixa temperatura, jogavam contra eles.
O fato é que em 1975 um documentário foi lançado, onde, supostamente, imagens mostravam Clarence e John Anglin vivendo no Brasil. Seus familiares juram que eles escaparam, afinal, a mãe dos irmãos recebeu por três anos cartões de natal assinados pelos filhos. Porém, em perícia feita, não conseguiram concluir se a caligrafia era ou não deles.
Em 2013 alguns investigadores americanos receberam uma carta². O começo dela dizia. “Meu nome é John Anglin. Escapei de Alcatraz em junho de 1962 com meu irmão Clarence e Frank Morris. Tenho 83 anos e estou muito mal de saúde. Tenho câncer.’ Após sua breve explicação ele tenta um acordo. Um ano de cadeia pelo tratamento da doença. ‘Se aceitarem, direi onde estou.’
Os testes para caligrafia da carta também foram inconclusivos, apesar de que a idade de 83 anos batia. Ainda na carta, ele diz que os três escaparam por pouco, que Morris faleceu em 2008 e Clarence em 2011. Ele ainda continua dizendo que viveu muitos anos em Seattle, depois mudou-se para Dakota do Norte, até se instalar no sul da Califórnia.
O mistério é grande, parece inconclusivo e até inteligência artificial foi usada³ no caso. Um projeto desenvolvido pela agência irlandesa Rothco e por especialistas de IA da IDenTV foi usado e, segundo o programa, a foto que, supostamente foi tirada no Brasil, realmente é dos irmãos.
O programa se baseia em modelos matemáticos que analisam várias imagens de uma pessoa para criar uma ‘impressão digital facial’.
Mark Hughes, cientista-chefe de IA da Identv, disse que o sistema é baseado em um processo de treinamento no qual o algoritmo é alimentado com muitas imagens do rosto de uma única pessoa, junto com muitas imagens de pessoas diferentes. Esse processo é repetido milhões de vezes, enquanto os modelos matemáticos são otimizados para aprender como diferenciar o rosto de uma pessoa de outra. Fonte: Campaing
O fato é que, mesmo após todos esses anos, nunca tivemos uma resposta concreta, por isso toda essa lenda foi gerada e, pelo que tudo indica, nunca saberemos o desfecho dessa trama.
Fontes: DW, Campaing, A Gazeta, FBI e G1 – Globo.
Links.
¹ – https://www.dw.com/pt-br/1931-al-capone-condenado-por-sonega%C3%A7%C3%A3o-de-impostos/a-974704
² – https://www.agazeta.com.br/mundo/apos-56-anos-misterio-da-fuga-de-alcatraz-esta-perto-do-fim-0118
³ – https://www.campaignlive.co.uk/article/alcatraz-escape-mystery-may-just-solved-facial-recognition-tech/1671220
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