Esses dias escrevi um texto sobre essa magnífica obra. Abri ela com o seguinte parágrafo: Séneca, um filósofo da Roma Antiga, escreveu no ano 49 d.C. um livro, nada complexo, como se imagina dos filósofos. Um livro, com poucas páginas. Um livro, que atravessou séculos, milênios. Um livro, mais atual que você possa imaginar.
Mas vi que era pouco, para obra tão grandiosa. Então resolvi separar 5 duras lições desse livro.
Sem delongas…
Logo no começo do livro, nos deparamos com um questionamento. Quanto tempo você realmente vive? Vive mesmo, não apenas deixa o tempo passar sucumbido em afazeres sem sentido e vícios degradantes?
Pequena é a parte da vida que vivemos. Pois todo o restante não é vida, mas tempo. Os vícios atacam-nos, e rodeiam-nos de todos os lados e não permitem que nos reergamos, nem que os olhos se voltam para discernir a verdade, mantendo-os submersos, pregados às paixões.
Em outro trecho, outra pancada recebemos, a questão de patrimônio x tempo é jogada em nossa cara, sem floreio algum.
São avaros em preservar seu patrimônio, enquanto, quando se trata de desperdiçar o tempo, são muito pródigos, com relação à única coisa em que a avareza é justificada.
Séneca, em seus diversos questionamentos e afirmações, traz uma afirmação pesada, que nunca paramos para pensar…
Quantos não terão esbanjado tua vida, sem que percebesses o que estavas perdendo; o quanto de tua vida não subtraíram sofrimentos desnecessários, tolos contentamentos, ávidas paixões, inúteis conversações, e quão pouco não te restou do que era teu! Compreendes que morres prematuramente. Qual é o motivo? Vivestes como se fósseis viver pra sempre, nunca vos ocorreu que sois frágeis, não noteis quanto tempo já passou; vós o perdeis, como se ele fosse farto e abundante.
Em outro trecho, o filósofo instiga nosso cérebro, deixa uma dúvida pairar no ar: ‘A quantos as riquezas não são um peso?’
Vê aqueles cuja fortuna faz acorrer a multidão: são sufocados pelos seus bens. A quantos as riquezas não são um peso.
Sim. Meu amigo. Certamente você conhece alguém que o dinheiro é um fardo, que ele dá mais valor aos bens do que aos familiares. Esse descobrirá lá no final que fez suas raízes em solo arenoso.
Por fim. Séneca joga na cara uma verdade incontestável. Talvez uma única verdade existente no mundo, mas que fazemos questão de não falar sobre ela, de não tratá-la de forma natural.
Talvez seja por isso que choramos tanto em um funeral. Talvez seja por essa falta de conhecimento, que sentimos tanto quando alguém se vai ou, talvez seja porque desperdiçamos nosso tempo com tanta coisa inútil, sem sentido e mesquinhas, que, quando o inevitável final chega, nós não estamos prontos e, por isso, não aceitamos.
Ninguém devolverá teus anos, ninguém te fará voltar a ti mesmo. Uma vez principiada, a vida segue seu curso e não reverterá nem o interromperá, não se elevará, não te avisará de sua velocidade. Transcorrerá silenciosamente, não se prolongará por ordem de um rei, nem pelo apoio do povo. Correrá tal como foi impulsionada no primeiro dia, nunca desviará seu curso, nem o retardará. Que sucederá? Tu estás ocupado, e a vida se apressa; por sua vez virá a morte, à qual deverás te entregar, queiras ou não.
Não deixe de conferir.
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Deveria ser obrigatório assistir Anos Incríveis
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