Quando ainda criança, ouvia dizer, ninguém é insubstituível. Se você deixar tal serviço, vão colocar outro em seu lugar. Se você falecer, sua esposa arruma outro. Ninguém é insubstituível, bradavam por todos os cantos que eu passava.
Cresci com isso. Ninguém é insubstituível.
Ah, que mentira gigantesca me contaram.
Se alguém fala isso pra você, não acredite. Todo mundo é insubstituível.
Chadwick Boseman, de Pantera Negra, aos 43 anos nos deixou. Simples assim. Partiu.
Sucesso. Dinheiro. O que para alguns é objeto de desejo. Ele tinha. Teria isso poder de torná-lo imortal? Lógico que não. Um câncer no cólon, descoberto em 2016, venceu tal batalha.
Quem irá substituir nosso Chadwick Boseman, vulgo amado Pantera Negra?
Ninguém.
Somos únicos, insubstituíveis.
Nesse momento, você pode até tentar me questionar. Dizendo que vão colocar outro ator em seu papel. Mas eu não falo disso. Eu falo de pessoa mesmo. Sabe?
Quem irá substituir teu pai? Quem irá substituir tua mãe? Teu filho? Avó? Avô?
Quem irá te substituir?
Ninguém.
Hoje, ele se foi, amanhã será eu, depois você. É a única lei que funciona. Mas, ao ver uma pessoa partir, ainda mais jovem, contrariando outra mentira que nos foi contada, ao dizer que são sempre os velhinhos que morrem, nós sentimos.
Sentimos pela vida. Sentimos pelo talento deixado, pelo pão inacabado. Sentimos pela viajem não feita, por aquele abraço não dado. Sentimos pelo beijo sem vontade e por aquele churrasco nunca marcado.
Sentimos pela morte. Por ela ser tão impiedosa e cruel. Tirando, todo dia, alguém que nós amamos. Sentimos por saber que ela é assim mesmo, e que não podemos lutar contra ela.
Hoje foi Chadwick Boseman que partiu, após tantos anos de luta. Amanhã será algum parente seu, depois será você.
E eu faço uma pergunta.
Quem será que vai te substituir?
