Quem acompanha o site sabe o tanto de matéria que já fizemos de Charles Bukowski, pois bem, cá estou novamente, mas dessa vez para mostrar frases e trechos marcantes do livro Misto-Quente.
Então, sem delongas.
“Que tempos penosos foram aqueles anos – ter o desejo e a necessidade de viver, mas não a habilidade”.
Foi no jardim de infância que conheci as primeiras crianças da minha idade. Elas pareciam muito estranhas, sorriam e conversam e pareciam felizes. Não gostei delas.
Eu não tinha nenhum amigo na escola, nem queria. Senti-me melhor estando sozinho. Sentava-me num banco e assistia aos outros nas suas brincadeiras e todos me pareciam um bando de idiotas.
Minha mãe tinha um buraco e meu pai tinha um pinto que espirrava suco. Como eles podiam ter coisas como essas e continuar caminhando como se tudo fosse normal, conversando sobre banalidades, e então fazer aquilo e não contar nada para ninguém?
Essa coisa de trepar era bacana. Dava às pessoas mais coisas em que pensar.
Treinar era tudo o que era preciso. Tudo que um cara precisava era de uma chance. Alguém estava sempre controlando quem merecia ou não essa chance.
Então era isso que eles queriam: mentiras. Mentiras maravilhosas. Era disso que precisavam. As pessoas eram idiotas. Seria fácil para mim.
Com a bebida, a vida era maravilhosa, um homem era perfeito, nada mais poderia feri-lo.
A bebida era a única coisa que impedia um homem de se sentir para sempre atordoado e inútil.
As pessoas era limitadas e cuidadosas, todas iguais. E eu teria que viver com esses fodidos pelo resto da minha vida, pensei. Deus, todos eles tinham cus e órgãos sexuais e bocas e sovacos. Cagavam e tagarelavam, e todos era tão inertes quanto esterco de cavalo.
Talvez eu pudesse viver da minha esperteza. Um trabalho convencional de oito horas diárias era algo intolerável, ainda que a maioria das pessoas se submetesse a isso.
O universo da faculdade era brando, um faz de conta. Jamais lhe diziam o que esperar do mundo real lá fora. Apenas entupiam você com teorias e nunca o alertavam sobre a infinita dureza dos calçamentos.
Eu tinha notado que em ambos os extremos da sociedade, tanto entre os ricos quanto entre os pobres, frequentemente se permitia que os loucos se misturassem livremente entre as pessoas. Eu sabia que era não inteiramente são. Também sabia, uma percepção que eu tinha desde a infância, que havia algo de estranho em mim. Era como se meu destino fosse ser um assassino, um ladrão de banco, um santo, um estuprador, um monte, um ermitão.
Sentado ali, bebendo, considerei a opção do suicídio, mas me senti estranhamente apaixonado pelo meu corpo, pela minha vida. Apesar das cicatrizes que marcavam meu corpo e minha existência, ambos eram propriedades minhas. Eu podia me levantar agora e sorrir com escárnio para meu reflexo no espelho da cômoda: se você tem que ir, que leve ao menos uns oito junto, uns dez, uns vinte…
Eu não era um misantropo ou um misógino, mas gostava de estar sozinho. Era bom estar solitário num lugarzinho, sentado, fumando e bebendo. Sempre tinha sido uma boa companhia para mim mesmo.
Olhei para meu pai, para suas mãos, seu rosto, suas sobrancelhas, e soube que esse homem nada tinha a ver comigo. Ele era um estranho. Minha mãe simplesmente não existia. Eu era um amaldiçoado.
Todos tinham que agir dentro dos conformes, adaptar-se a um molde. Médico, advogado, soldado – não importava qual fosse a escolha. Uma vez dentro do molde, só restava seguir em frente.
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