Que título estranho, né? Mas você nunca ouviu uma frase que diz que “ele é tão pobre, mas tão pobre, que só tem dinheiro”?
Então. Anomalisa é sobre isso. Anomalisa é triste. É para quem fracassa. É vida real. É para você. É para esse que escreve. É para o mundo.
O mundo não é fácil. Se contarmos, nós fracassamos mais do que fazemos sucesso. Quantas entrevistas de emprego para conseguir entrar em uma empresa? Quantos conseguem se tornar jogadores de sucesso? Quantos enriquecem? Quantos conseguem manter aquele casamento lindo?
Agora vá para o outro lado.
Quantos casamentos de fachada? Quanto desemprego? Quanta tragédia?
Ah, meu amigo. O fracasso está no ar. Ele paira sobre todos.
Mas a vida é bem assim. Erramos dez para acertar uma. E se formos parar para pensar, não há nada de errado nisso. Afinal, lembra daquela frase do Alfred?
Para que caímos, patrão Bruce? Para aprendermos a levantar.
Anomalisa segue a vida de Michael. Ele é um escritor de sucesso. Seu livro é amado por todos. Ele dá palestra, fica em hotéis caríssimos. As mulheres são loucas por ele. Um cara de sucesso? Correto?
Errado. Lá no fundo ele é igual o Pagliacci.
Homem vai ao médico, diz que está deprimido. A vida parece dura e cruel. Diz que se sente só num mundo ameaçador. Médico diz que tratamento é simples. “O grande Pagliacci está na cidade. Vá vê-lo. Isso deve animar você.” O homem se desfaz em lágrimas. “Mas, doutor”, diz ele. “Eu sou o Pagliacci”.
O homem que tem a “vida perfeita” e pode transar com quem quiser não consegue se conectar com sua família. Seu casamento é de fachada. Ele toma remédios para conseguir dormir. Sua ansiedade não passa. Sua insegurança é gigantesca e ele não consegue se conectar com ninguém.
Ah, meu amigo. O que disse? Anomalisa é vida real.
Michael é um personagem. Também temos Lisa. Uma garota sem autoestima. São 8 anos sem transar. Ela mastiga de boca aberta e se considera inútil.
Michael teve um amor, são 11 anos sem vê-la. Ele reencontra ela, são necessários dois minutos de conversa para que ela vá embora.
Em um ligação para seu filho, o garoto pergunta o que ele vai ganhar de presente. Como a resposta é negativa, ele logo desliga.
Michael é tão perturbado que não consegue nem dormir.
Quanta coisa puxando para baixo, né?
É a vida, meu amigo.
Michael está em um ponto que sua última palestra foi um fracasso. Ele chega em casa e vê uma festa surpresa. Logo pergunta quem são aquelas pessoas, ele não conhece ninguém. Não sabe o que fazer.
O que resta é sentar na escada e ver o tempo passar, a vida passar e acabar.
Nesse momento temos o plot twist do post. Notou quanta coisa ruim eu comentei? Então. Michael ficou lá naquela escada. Mas isso não quer dizer que ele precisava ficar lá.
Tomarei como exemplo um fato de minha vida.
Trabalhei por 11 anos em locais que não gostava. Ao acordar pela manhã sentia uma angustia. Sexta-feira era o melhor dia da semana, domingo para segunda, no horário que estou escrevendo esse texto (meia-noite e dezessete), o pior momento.
Parece que tudo conspirava contra. Apesar de alguns bons momentos, de algumas amizades feitas e do dinheiro ganho para me manter, toda angustia não compensava.
Eu era um Michael. Tirando o fato de que ele era um cara de “sucesso” e com dinheiro.
Tudo mudou quando decidi tomar novos rumos. “Vender minha arte na praia”. Parece clichê. Hoje eu trabalho em média 15 horas por dia. Os dias que eu menos trabalho são sábado e domingo. Que ficam por volta de umas 6 – 7 horas em cada um deles. Mas a sexta-feira é igual a segunda para mim.
Notou? Falei que a sexta é igual a segunda, e não o contrário. Todo dia é sexta-feira. Tudo bem que tem algumas sextas 13 no caminho. Mas são poucas.
Foram vários anos até encontrar o que me satisfizesse. Hoje não troco isso por nada. O Michael aqui encontrou o propósito de vida.
Infelizmente não posso falar o seu. Só posso pedir para que você procure.
Procure.
Procure.
Nunca deixe de procurar. Um dia, tenho certeza, você vai encontrar. E quando encontrar, não deixe que o medo impeça você de seguir. Vá com tudo.
Se você for tentar, vá até o fim. Senão, nem comece. Vá até o fim. Isso pode significar perder amores, amigos, empregos e talvez até a cabeça.
Vá até o fim. Isso pode significar três ou quatro dias sem comer. Isso pode significar congelar no banco de um parque. Isso pode significar deboche, rejeição. Solidão. Solidão? Pense nela como um presente. E em todo o resto como um teste à sua persistência. O tamanho da sua vontade de chegar lá.
Você vai chegar. E vai ser melhor que qualquer coisa que você possa imaginar. Vá. Vá. Vá. Até o fim. – Charles Bukowski.
Eu sei que a vida não é fácil. Sei que existem contas para pagar. Mas também sei o peso que é deitar angustiado por saber que o dia seguinte aquela rotina maçante se repetiria.
Passei pelos dois lados. Posso dizer, o lado de cá é bem melhor. Aquela frase do encontre algo que goste e não trabalhará um dia só em sua vida é verdade.
Novamente. Existem dias ruins. Existem dias que tudo parece dar errado. Mas ao parar para olhar ao redor, você vê que mesmo os dias ruins, são excelentes, afinal, só depende de você para ajustar as velas e seguir o caminho.
Não deixe de conferir.
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Para você que leu até aqui. Desejo que você nunca pare de buscar o momento em que encontrará o que lhe satisfaça. Desejo mesmo, sei que você é capaz de encontrar. Pode ser que seja rápido, pode ser que demore 11 anos igual eu demorei. Pode ser que demore mais… mas uma hora sua hora vai chegar, e quando chegar… ah, quando chegar <3