Miles: E quando eu vou saber que estou pronto?
Peter: Você não vai saber… Você vai sentir.
Um adolescente, negro, que mora no Brooklyn, e pode se transformar no Homem-Aranha… Talvez hoje, algo comum, em mais uma das histórias Marvel, no entanto, há uns trinta anos, impossível de se ler nas páginas de quadrinhos.
Miles Morales é o Homem-Aranha descolado, que curte música e arte, e através do grafite apresenta sua identidade.
A picada da aranha, maneira usual do ser humano ganhar poderes, se repete na narrativa, mas, Miles é picado por um espécime diferente, adquirindo formas específicas e habilidades distintas do conhecido Peter Parker.
Aranhaverso, o mundo cinematográfico que apresenta o personagem, está entre rupturas do tempo – espaço continuo, mostrando ao mundo que existem diferentes realidades, e convivem juntas em cenários que não se misturam, até que um Colisor (aparentemente de partículas) é construído e fragmenta as realidades, sendo possível atravessá-las.
A experiência de assistir tal animação é realmente significativa, primeiro por evidenciar um super-herói negro, dificilmente visto na idade de Miles (a não ser o Virgil Hawkins, conhecido como Super Choque), e pelo fato de parecer uma HQ na tela, uma série de referências das quais apenas os apreciadores do Homem-Aranha conseguirão “pescar”. A trilha sonora que vai desde o old school hip hop, até as rítmicas mais contemporâneas da Black Music, dão um tom particular a trama.
O filme traz uma releitura sobre a composição do Homem-Aranha, principalmente quando propõe conversas entre o passado e o presente (já que diferentes “homens-aranhas” conversam). Além de todo o teor dramático que compõe as histórias do Homem-Aranha. Miles tem uma família e um tio que ama muito, entretanto, a relação entre seu pai e seu tio é conflituosa, já que um está do lado da lei (é policial) e o outro simplesmente presta serviços ao Rei do Crime (Wilson Fisk).
O filme aposta na importância da representação, e identidade, em alguns momentos podendo levar o telespectador a emoção.
Ser o Homem-Aranha, e toda aquela ideia inserida em “Grandes Poderes trazem grandes responsabilidades”, não é uma ideia “batida”, tanto que a Marvel se reapropria das significações que fazem parte de seu repertório.
Outra “sacada” da aventura, é apresentar um Peter Parker cansado, que sacrificou tudo para ser o “amigo da vizinhança”, inclusive seu relacionamento com a Mary Jane, tanto que Peter, inicialmente, não aconselha Miles a se tornar super herói, pois, o sacrifício é muito grande…
Trata-se de uma direção diferente das animações que costumamos assistir por aí…
Prática interessante, e que possivelmente nos renderá outros momentos, já que tal Homem-Aranha, foi indicado ao Oscar na categoria animação.
Há muito o que falar deste filme, mas, vou parar por aqui… É válido que ao assistir, você tenha suas experiências, e se possível compartilhe conosco… Já que o espaço “comentários” está aí pra isso…
E que como Miles, possamos sentir o momento em que precisamos dar um passo diferente em nossas vidas…
Não deixe de conferir.
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