Texto de João Victor Trascastro.
Final de 2017: o burburinho que virou bomba foi a proposta de cerca de 55 bilhões dólares em ações que a Disney ofereceu para a compra de quase todo o conglomerado “Fox”.
Meses depois, outra bomba surge: uma proposta concorrente, vinda da Comcast (grupo bem mais endinheirado que a Walt Disney Company) oferece 65 bilhões de dólares em dinheiro vivo. Dinheiro vivo é algo que a Disney não tem de sobra como a Comcast (que fatura cerca de 100 bilhões ao ano, graças às outras empresas que não a Universal, também pertencente ao grupo). E a última notícia foi a cartada final da Disney: uma proposta mista (ações da própria Disney na bolsa de valores + dinheiro vivo) no valor de assustadores 72 bilhões de dólares! Como reagir? Bom, pessoalmente a Disney traz melhor opção.
Muitos pensam “concordo, Marvel completa uhuuuul”, outros falam “ah, gosto como estava, que merda”, mas nem de longe isso é a preocupação da dona Disney ou de qualquer outro investidor interessado. Marvel é uma fatia legal, mas ter o acervo completo do estúdio pra usufruir no futuro serviço de streamming que estão desenvolvendo é bem mais interessante, no mercado internacional principalmente. Mas é só isso? Definitivamente não. Os interesses dos dirigentes da Fox são simples: dinheiro e foco na Fox News (que não será vendida). E por parte da Disney? Expansão e segurança no mercado financeiro.
Diferente da Comcast (dona da Universal) e da AT&T (nova dona da Warner), a Disney não está tão espalhada na vida das pessoas além do Cinema e nos minguados canais infantis. A compra da Fox faz a Disney se firmar o bastante e bater de frente com as grandes companhias de telecomunicações, donas de seus principais concorrentes (a AT&T, por exemplo, é líder no segmento de banda larga). A Fox traz no pacote a divisão de cinema, mas também traz a divisão de televisão, streamming (Hulu) e todo um potencial de mercado para deixar a dona do Mickey robusta o bastante para estar presente na TV paga do mundo inteiro, fornecendo conteúdo pra públicos diferentes em todas as plataformas possíveis (até aquelas que nem estão disponíveis ainda). Tudo isso… pra evitar que ela mesma seja comprada daqui alguns anos.
A Disney afundou quando dependia de seus filmes próprios, quase afundou quando dependeu só da parceria com a Pixar (o que fez ela se mexer pra comprar a empresa) e pode afundar numa concorrência pesada dos grandes conglomerados, já que Star Wars e Marvel não são capazes de gerar as cifras altas de uma Comcast, por exemplo. Por outro lado, com a confirmação da venda, as ações já valiosas da Walt Disney Company vão às alturas e dá fôlego pra casa do rato, fundamental pra concorrência se manter justa e pra empresa aprender algo que há muito tempo lhe falta: criatividade.
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