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Análise | Histórias Cruzadas

Contribuíram para esse análise: 

Alexandre Sossae Sarin
Augusto Harada
Clayton Alexandre Zocarato
Juliana Arruda
Mariane Ventura

O filme Histórias Cruzadas faz um tipo de denúncia social contra o racismo, como uma consolidação de proceder à indústria cultural e comportamental, que vai sendo passado de geração a geração, não havendo espaço para uma renovação de afetividade entre pessoas de diferentes etnicidades.

Vejamos que sua personagem principal Skeeter, uma escritora que dentro o contexto de implosão moral dos Estados Unidos dos 1960, realça uma contra com os “contrastes” em um fator de elucidar a informação, no quesito de enxergar o “outro” como uma forma de compreensão dos problemas históricos e psicológicos, a serem subjugados em uma tipologia comportamental, de destruir a identidade tanto moral, como social e entre diversos grupos humanos em um espaço de ação.

Os relatos das “amas e empregadas domésticas ” negras que são forçadas a cumprir os mais humilhantes preceitos das mulheres da classe média elevada branca sincronizam, uma influência negativa no sentido de um hibridismo de igualdade perante gerações que são vítimas de um ódio racial industrializado, que não seja promíscuo para liberdade em todos os seus caminhos para arquitetar um multiculturalismo, que não fique preso unicamente ao discurso, mas que promova uma integração de psicologias em um “eu”, que não aceite a conservação do “status-quo”, com coeficiente de discriminação que é passado de geração a geração.

A representatividade da negritude, com um porta-voz de assiduidade a lutar contra a engenhosidade de diretrizes, a exclusão do sentido de “ser”, do negro se fez presente em figuras históricas controversas como Malcolm X, Medgar Evers, Martin Luther King, que empreenderam lutas pacifistas e armadas contra a supremacia branca, pagando com a vida por suas artimanhas de igualdade.

Houve dentro desse contexto histórico várias perseguições contra líderes negros, em um balancete ideológico no sentido, que o sangue derramado, angariou um viés de se fazer protagonista, contra as lisuras de violência com que principalmente o Sul dos Estados Unidos, com herança forte escravista advinda da Guerra de Secessão (1861-1865), tivesse um reducionismo, da sua condição integral em participar de forma ativa da sociedade civil.

O Enredo de Histórias Cruzadas provoca uma forte efervescência sócio-moral no espaço de uma reciprocidade, entre o telespectador, e os sentimentos da personagem principal, por desejos de mudanças que possam equilibrar, direitos e deveres, e evitar uma concentração de classe, como um cunho, para um deplorável sucinto, de depreciar uma política que possa fazer todos iguais, independente do momento ao qual estejam vivendo, e assim deixar também relatos para gerações futuras, daqueles que são excluídos pela história.

Isso não deixa de conter simetrias, de evocar conceitos, a historiadora francesa Michelle Perrot, no que é condizente, “a uma anunciação dos excluídos”, que estão distantes dos livros, aos quais mostra a mesquinharia de uma burguesia, contendo pseudo-liberdades, submetidas a um nefasto vitimismo, em realizar uma coisificação daqueles que não estão subjugados a estarem no seu rol de privilégios, agastados por uma dialética, contra a maldade da sacralização do racismo como ato de comprometimento de subjetividade, sem a ética a ser transpassado para gerações futuras.

Vejamos que os “contrastes” que Skeeter enfrenta, está focado na aceitação e no conformismo, a uma não resistência contras as pressões que são colocadas nas “mulheres negras”, no caminhar a uma sensibilidade de se colocar contra a prostração de todas as vontades que são outorgadas pelo mundo dos brancos.

Usando de um sentido sociológico ao cunho do “funcionalismo” de Florestan Fernandes, que procurou mostrar a realidade de sub-profissões dos negros na grande São Paulo através dos relatos, de engraxates, garçons, limpadores de rua, atividades de remuneração financeira baixa e marginalizada pelas elites, e que também anuncia uma demarcação social, que está imiscuída em uma condenação do negro, a saber onde “pode adentrar”, deixando um tecnicismo, para não haver momentos, a uma ontologia de igualdade e de oportunidade para todos, como também em deixar acontecimentos históricos que relatem a individualidade de cada “pessoa”, em especial.

Há um esgotamento no traquejo a uma nova história feita de estórias, que possam serem eloquentes podendo agrupar antagônicas experiências de vida, ao redor de um conglomerado de acontecimentos, que não faça uma massificação, a uma pressão social de aceitar uma “não individuação”, tanto pelo dominado como do dominante, colocando em um mesmo patamar de igualdade um comprometimento de criticidade, a uma argumentação, contra ação de exclusão de classe ou por sua etnia.

O sentimento de uma integração de uma “raça” se fechando ao mutualismo de experiências de vidas de âmbitos genealógicos diferenciados, e que se calam perante a intolerância a um prognóstico, em ornamentar, estereótipos, a destruição de integridades polivalentes entre as pessoas, independente do seu contexto social, e que também não esteja envolvida nas diatribes discriminadoras, culminando a um nominalismo de menosprezo pela cultura do “outro”, contendo marcas da colonização europeia, e de um passado de contaminação, contra a abjuração para uma oportunidade em deixar relatos de um complexo sistema político de exclusão do homem branco, por um complexo de descendentes afrodescendentes, bem como um vetor de influências, a de estornar um plantel, de labor, a felonias de não ocorrer uma união de ideais nos benefícios, de combater “pressões sociais”, que não estejam no sentido de comiseração, a atitudes de conglomerados de flexibilidades e de “contrastes” psicológicos e pressões sociais, a introjetar sentimentos que vão gradativamente fazendo a aceitação de um povo pelo outro.

Skeeter se encaixa na sublevação de uma personalidade que sai do seu cotidiano, e procura no traçado de uma educação popular, uma ciência para uma admoestação de uma inteligência que lute contra o racismo, mas que também possua uma história de apelo, ao livramento de influências elitistas, que sistematizam, a conservação, de compêndios a minar o ideário de liberdades civis, e de princípios democráticos, contra anormalidade, de uma normalidade feita de exclusão das mulheres negras, que tem suas identidades e moralidades contaminadas, pela uma lapidação estética de conhecimento feita por uma “psicologia sócia” para grupos humanos, em que não haja inteligência no limiar de novas aberturas cognitivas, em enunciar o jugo, de um testemunho de “influências normativas” que conservem, historicidades que não sejam moventes, e que possua múltiplos significados, para cadenciar ações de destruição de um “eu” profícuo, que não exalte sentimentos de integração entre pessoas de diversificados calibres de origens sociais, étnicas e psicológicas.

O melindro a uma não reciprocidade, de tradições familiares que venham a arquitetar a manutenção da discriminação, realiza, em relatos de uma falta de “ação”, por parte das famílias brancas, que são lançadas a um universo fenomenológico em se fazer uma sujeição do normal, perante as discriminações latentes, como algo sendo inconsciente, não se dando conta da bestialização do negro pelo branco, o que possibilita a desconstrução reacionária no arbítrio de mudança a um universo “familiar”, que outorgue o crescimento de plasticidade de ideias, em mudanças advindas no cerni  relativo ao momento histórico ao qual se vive, como questões “não normativas”, articuladas para um bem-comum, a lutar contra um contrato social, de estagnar preâmbulos para uma liberdade de entendimento acerca, de acontecimentos lúdicos, construídos ao favorecimento da concentração de classe, que venham estremecerem, a elite branca, na sua univocidade de levar a integração entre diversificados protagonismos, de sedição a novos preceitos de moralidade e construção histórica.

O cruzamento de uma informação que limite e cale, espaços de uns vieses, com o combate de mitos filosóficos, na formação, a uma razão que seja permeável a formar nutrientes educacionais, a não se calarem perante as injustiças, gerando neuroses de uma situação de limitação em gerar, novos batistérios, de animosidades, no “logos” de influências sociais e psicológicas que não sejam banhadas, pelo exclusivismo de se enxergar somente seus privilégios, e que não promovam, o fluxo de debates em torno do bem-estar do próximo, faz Histórias Cruzadas, um estreito artístico de denúncia contra uma linha de montagens de personalidades, que tem que obedecerem, aos lisos de uma condição humanística que possa, elevar crescimentos, aos interstícios, de não projetar, pressões de afetividades, a uma inteligência, que lute contra a anormalidade, substituindo pela  normalidade, de sufixos libertários contra o racismo fazendo a realização de um Ébano singelo de destruições de entrelaçamentos culturais, deixando a marca de uma arte, que procura denunciar, aquilo que os órgãos estatais não compreendem ou não querem compreender.

Dados Técnicos.

Histórias Cruzadas – Filme de 2011, com 2 horas e 43 minutos de duração.

Direção: Tate Taylor
Elenco: Emma Stone, Viola Davis, Octavia Spencer, Bryce Dallas Howard, Jessica Chastain, Sissy Spacek, Mike Vogel, Mary Steenburgen e Allison Janney
Drama | Estados Unidos – Índia – Emirados Árabes

Sinopse: Jackson, pequena cidade no estado do Mississipi, anos 60. Skeeter (Emma Stone) é uma garota da sociedade que retorna determinada a se tornar escritora. Ela começa a entrevistar as mulheres negras da cidade, que deixaram suas vidas para trabalhar na criação dos filhos da elite branca, da qual a própria Skeeter faz parte. Aibileen Clark (Viola Davis), a emprega da melhor amiga de Skeeter, é a primeira a conceder uma entrevista, o que desagrada a sociedade como um todo. Apesar das críticas, Skeeter e Aibileen continuam trabalhando juntas e, aos poucos, conseguem novas adesões.