O entrevistado de hoje estudou cinema, chegou até fazer alguns curtas amadores, mas seus trabalhos profissionais são os quadrinhos. Sempre com tiras com que mostram seu dia a dia, Lexy foi conquistando seu público…
1 – Lexy, vamos começar falando sobre seu trabalho “Vida de Inspetor de Alunos”. Quando foi que surgiu a inspiração para fazer tirinhas com essa temática? Você não ficou com receio desse tema ser para um público muito restrito?
Eu já fazia tiras inspiradas em situações do meu dia a dia antes de criar “Vida de Inspetor”, então, quando comecei a trabalhar em escola, foi apenas uma consequência. Mas a ideia mesmo surgiu quando aconteceu algo engraçado numa conversa com alguns alunos, o que me inspirou as duas primeiras tiras da série. Não pretendia dar sequência, ou fazer tantas tiras com o tema, mas as idéias foram surgindo, então…
Sobre elas serem para um público restrito, como eu não era um autor com um público fiel (e mesmo hoje, nem sei se tenho um público fiel), não me preocupei na época. Hoje, eu já penso sobre isso, se essas tiras atraem quem não conhece o meio escolar. Enquanto faço, procuro não ser fechado dentro desse “universo” escolar, não uso os termos “técnicos” usado nas escolas, por exemplo. Tento fazer as tiras acessíveis para todos os leitores. Mesmo assim, nem sempre dá pra conquistar o público geral. Algumas pessoas pensam que se trata de material infantil, e se assustam, por exemplo. (Risos)
2 – Qual foi a reação dos seus colegas de trabalho ao verem esse trabalho? E dos alunos?
Eles adoram! Até a direção da escola em que trabalho gostou, me deixou fazer uma festa de lançamento com os alunos e professores. Mesmo as tiras onde eu sacaneio as atitudes dos professores, eles acham engraçado. E os alunos pedem para eu desenhá-los nas tiras.
3 – Como foi fazer o roteiro de “Leitmotiv”? Afinal, esse livro é dramático e sabemos que você tem uma veia humorística muito forte.
Eu sempre quis escrever histórias dramáticas. Comecei a ler hq’s dramáticas antes de conhecer os de humor. Mas nunca conseguia. Tanto por ter essa pegada humorística em mim, quanto por não saber como escrever uma história longa. Leitmotiv foi minha primeira tentativa. Era na verdade um roteiro que escrevi para ser um curta metragem (estudei cinema, e já fiz alguns curtas amadores), mas como tive problemas para filmar resolvi transformar em quadrinho. Hoje vejo vários pequenos defeitos nele, coisas que ninguém nota, ainda bem (risos). Acho que não fui totalmente competente em adaptar a linguagem do cinema pra HQ. Mas no geral, gosto bastante. E espero fazer mais histórias dramáticas daqui para frente.
4 – Outra coisa que nós sabemos é que você está preparando um “terrir” para o final do ano. Você pode adiantar algo sobre esse quadrinho?
Vai ser uma história de casa assombrada, mas não vai ter uma pegada tão assustadora. Algo leve como a série “Supernatural”, por exemplo. Vai ser fechada, roteiro e desenho meus. Bem, ainda estou no estágio de decupagem e elaboração dos “thumbnails” das páginas. Espero conseguir terminar até o fim do ano. Então, sobre a trama, vamos ter que aguardar (risos).
5 – Lexy, quando surgiu na sua cabeça o Lexy Driver?
Boa pergunta (risos). Não lembro o que me fez criá-lo, mas Taxi Driver é um dos meus filmes favoritos, então, fiz uma ilustração comigo no lugar do personagem, e gostei. Acabei fazendo umas tiras com o tema. Essas são bem mais restritas, já que não fazem o menor sentido para quem não viu o filme. Fiz poucas. E curiosamente, a última que fiz tem uma cara de final definitivo. Mas não sei se vou encerrar, ou se algum dia retomo.
6 – Bom, vemos que você trabalha com muitas coisas. Sobra espaço para outros projetos?
Se eu fosse uma pessoa mais organizada, sim (risos). Desenhar toma muito tempo, apesar de ser algo gostoso de se fazer. Mas eu já fui mais “multimídia”, fazia cinema, teatro, me arriscava com literatura, tudo ao mesmo tempo. Mas hoje quero dar prioridade aos quadrinhos.
Mesmo assim, tenho várias ideias de HQ em andamento. Algumas já fazem um bom tempo que não saem da fase de roteiro. Pro ano que vem, quero fazer uma tira de espionagem, para publicar em capítulos diários, e vou participar de duas antologias de HQ. Ao mesmo tempo, quero escrever mais histórias longas, alternando com a minha produção regular de tiras.
7 – Como você enxerga o mercado de quadrinhos nacionais? E como você se vê nesse meio?
O mercado está bom no sentido de que temos muitos artistas produzindo. E com uma variedade incrível! Tem gibi para todos os gostos. Aquela frase que muitos usam, “tem tanta coisa que nem dá pra acompanhar tudo”, acho que anda meio errada. Tem muitas coisas feitas para vários tipos de leitores, dá para achar um nicho favorito e acompanhar.
Só faltam duas coisas: um mercado profissional pro produtor de HQ, já que fazemos nossos trabalhos praticamente sem perspectiva de viver só de quadrinhos; E no meio independente falta aprendermos a nos divulgar. Muitos de nós (eu me incluo) não temos como atingir nossos potenciais leitores por não sabermos como divulgar nosso trabalho. Mas sei que vamos aprender. O meio dos quadrinhos parece que cresce um passo de cada vez: aprendemos a produzir, depois os meandros gráficos, e assim por diante.
8 – Jogo rápido. Melhor e pior filme baseado em HQ? Melhor quadrinho e herói nacional?
Eita (risos). Melhor filme ainda é o Superman de 1978. O pior que eu vi foi Aço, mas sei que deve ter uns piores que nem faço questão de ver (risos). Melhor quadrinho nacional que li recentemente foi “Matadouro de Unicórnios”, doideira pura! Heróis, confesso que não leio, mas se puder indicar um “quase” herói, recomendo “Mayara e Annabelle”, que tem um ritmo de ação e aventura muito bons.
9 – Quem é Lexy Soares?
Um carinha esquisito, tentando se encontrar em um mundo esquisito (risos).
10 – Deixe os contatos onde os leitores poderão adquirir suas histórias e falar com você.
Para ler meus quadrinhos, e comprar as revista impressas, é só me acompanhar nos seguintes locais:
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Lexy, o HQ’s com Café agradece o tempo concedido. Desejamos sucesso nessa sua caminhada, e se você quiser falar alguma coisa, essa é sua hora.
Eu que agradeço! O que falei antes sobre divulgação merece um adendo: são trabalhos como o seu que ajudam o quadrinho independente, pois além de ajudar a divulgar os autores, ajuda os leitores a conhecer o material e escolher o que ir atrás. Aliás, leitores, façam isso: leiam entrevistas e resenhas de quadrinhos nacionais, você vai achar algo do seu agrado!
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