Irei ilustrar o post com fotos do filme, mas todos os trechos foram retirados do livro.
Poderíamos até renomear o título do post: 5 trechos marcantes que Amadeu de Almeida Prado escreveu… pois bem, no livro em questão temos Raimund Gregorius, um professor dos mais metódicos do mundo. Um dia ele encontra uma portuguesa que estava para saltar de uma ponte. Gregorius salva a mulher, mas algo muda dentro do senhor.
Ele vai até um sebo, encontra um livro de reflexões escrito por Amadeu, fascinado com o conteúdo ele decide abandonar sua vida pacata em Berna (Suiça) para descobrir quem é aquele autor que tocou sua alma.
Lógico que reduzir uma obra dessa magnitude em 5 trechos é impossível, portanto, pretendo falar mais desse livro (e do filme) nos próximos meses.
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Vamos começar lá pelas páginas 336 e 337. Amadeu faz algumas reflexões sobre a tão temida solidão.
“Não pode ser simplesmente a ausência de outros, podemos estar sozinhos e não nos sentirmos nem um pouco solitários, e podemos estar cercados de gente e, mesmo assim, sozinhos. O que é, então? (…) não se trata apenas de os outros existirem, de ocuparem um espaço ao nosso lado. Mesmo quando festejam ou nos dão um bom conselho numa conversa amigável, um conselho inteligente e sensível – ainda assim podemos nos sentir sós. A solidão, portanto, não é algo que tem a ver com a presença dos outros e nem com aquilo que fazem. Com o quê, então? Com o quê, pelo amor de Deus?”
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Na página 48 ele fala sobre os momentos que decidem os caminhos que iremos tomar. Normalmente, decisões essas, que são feitas sem alardes, sem dramas, festas…
“É um engodo achar que os momentos decisivos de uma vida, em que seus rumos habituais mudam para sempre, sejam necessariamente acompanhados de uma dramaticidade ruidosa e estridente, acompanhada de grandes surtos. Esta é uma imagem batida inventada por jornalistas bêbados, diretores de cinema ávidos por flashes e escritores cuja cabeça é à imagem e semelhança dos pasquins de terceira categoria. Na verdade, a dramaticidade de uma experiência decisiva para a vida é de uma natureza inacreditavelmente silenciosa. Ela tem tão poucas afinidades com a explosão, a labareda e a eclosão vulcânica que, muitas vezes nem é percebida no momento em que acontece. Quando desenvolve seu efeito revolucionário e mergulha toda a vida numa luz totalmente nova, ganhando uma melodia completamente original, nova, ela o faz sem alarde, e é nessa falta de alarde que reside sua nobreza especial.”
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A solidão foi tema recorrente na vida de Amadeu. Em certa altura (Página 347) ele questiona a razão de fazermos tantas coisas que odiamos…
“Será que tudo o que fazemos é pelo medo que temos da solidão? Será por isso que abrimos mão de todas as coisas das quais nos arrependeremos no fim da vida? Será por isso que tão raramente dizemos o que pensamos? Se não for por isso, por que é que insistimos em todos estes casamentos falidos, nas amizades hipócritas, nas tediosas festas de aniversários? O que aconteceria se rompêssemos com tudo isso, se acabássemos com a chantagem insidiosa e nos assumíssemos como somos?”
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Um pouco adiante (Página 360) a morte é lembrada. E, novamente, o médico faz uma análise crítica das razões que nos levam a atitudes mesquinhas, fúteis e, principalmente, atitudes que nos trazem infelicidade.
“Lembra-te que terás que morrer um dia, talvez já amanhã. (…) Conscientes da morte, saber consertar as relações com os outros. Terminar uma inimizade, desculpar-se por injustiças cometidas, expressar o reconhecimento por aquilo que por orgulho não estávamos dispostos a reconhecer. Não dar mais tanta importância a coisas que achávamos importantes: as picuinhas dos outros, o fato de se acharem tão importantes, o julgamento voluntarioso que fazem da nossa pessoa.”
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Não finalizaremos com um trecho, mas sim com uma frase de Amadeu de Almeida Prado.
“Se é verdade que apenas podemos viver uma pequena parte daquilo que há dentro nós, o que acontece com todo o resto?” – Pg 52.
O que acontece com todos os sonhos? Com todas as vidas que queríamos viver? Qual é o momento que optamos por viver com aquela minúscula parte que existe dentro de nosso ser? Se somos as somas de nossas próprias decisões, quem poderá dizer que a conta vai bater no final?
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