Filme com 2 horas e 10 minutos de duração.
Diretor: Wim Wenders – Alemanha Ocidental | França – 1987.
Opinião com Café.
Clayton Alexandre Zocarato.
O fundo central da obra do diretor alemão Wim Wenders (1945), vai além das condições espirituais centralizadas nas figuras de anjos, zelando por aqueles que sofrem em silêncio, diante uma “modernidade implacável de discriminações e frustrações”, que não venham a colocarem princípios éticos e de ternura no sentido novas de lançar novas, frações a subjetividades que fujam pensar religioso digamos “ ao senso comum”, esmiuçados nos ¹maniqueísmos.
Tendo como pano de fundo, a decadência do bloco socialista em um período onde a Guerra Fria já demonstrava sinais claros de deterioração do “mundo bipolar”(Capitalismo X Socialismo), o diretor leva o público acerca dos subúrbios de uma Alemanha Ocidental, lutando para esconder os flagelos de um multiculturalismo que não estava com um terreno sólido para suas manifestações, deixando marcado uma obra de arte envolvida na carência de liberdade de escolha da maioria das pessoas, fazendo dos seus dilemas existenciais pessoais, uma integração de atitudes na busca incansável de alguma esperança a um futuro melhor no pós – Segunda Guerra Mundial, defronte aos poderes estatais e socais que disseminam mazelas de integrações sociais, diante aos mais carentes, ofuscando continuidades lapidações do pensamento crítico diante as barbaridades cometidas por políticas que não se curvem aos suplícios dos mais carentes.
O ator suíço Bruno Ganz (1941) como o anjo Damiel, intercala um misto de ateísmo, com atitudes da doutrina cristã, estendidos na compreensão de que a humanidade se encontra interditada em utopias de busca de aceitação e igualdade perante o outro, mas que dentro das angústias individuais, deixa seu ato nobre de liberdade, na dependência em anunciar símbolos de idolatrias em louvar ideologias que possam propiciar algum sentido de vivência e desafio paras os grupos humanos mais carentes.
Nesse ponto Wenders expõe dilemas de psicologias, atormentadas pelo perigo de uma vivência, que não ambicione chances de oportunidades para os mais fracos.
O drama do desemprego, bem como a carência material e os temores das imprecisões espirituais, exalam um enredo cinematográfico de fabricação a de um materialismo galopante, aquém de anseios libertários centralizados nas virtudes de salvação em relação ao destino de “homo-sapiens”.
Uma filmagem que projeta limites entre os equívocos da mente – racional e a crença – emocional em um universo paralelo, que enfatiza, a busca de realização de um “eu superior”, porém que contenha a proeminência de usurpar artimanhas de projeções de charlatanismo e em ocasionar manipulação de opinião, perante as carência dificuldades das pessoas .
O romance entre uma bailarina e seu anjo da guarda (sua narrativa principal), revela os anseios daqueles que se submetem unicamente, a observarem seus semelhantes, contendo um endurecimento emocional, de provocar reações dos desejos amorosos e carnais mais fortes, que vão de frente as regras e tabus impostos por diferentes regras sociais e espirituais disseminadas em diversificados grupos populacionais.
Outros fatores que citamos dentro de “Asas do Desejo”, glorificam um amor cortês trancafiado em uma ética de irracional, entre a proteção dos mais carentes, em relação poder dos mais fortes, e a capacidade de influir nas decisões e sentimentos estacionados, no livre arbítrio daquele de quem deseja e ama.
Tanto que os “anjos” que habitam Berlim, demonstrados ao logo do filme, sofrem com o desprezo de seus protegidos, seduzidos aos prazeres materiais, e desiludidos com proeminência a realização do suicídio, cultuado a saciar angústias ligadas a não realização do consumismo e conquistas de meritocracias, que demarcam desnivelamentos morais que vão para além da síntese da história de amor demarcada por Damiel e a trapezista Marion, interpretada pela musa dos filmes de Wenders, a atriz francesa Solveig Dommartin (1961), outorga projeções a esclarecimentos de uma ação política, compor novos projetos éticos em valorizar tanto o sentimental, como o mental, subsidiando o pensamentos em realizar transposições mentais, nas diversificadas formações históricas da sociedade.
“Asas do Desejo” oferece não somente entretenimento e sim um instrumento remediações práticas a valorização de razões compreensivas, que venham a gerarem a criticidade, bem tanto o aspecto material como no pleito, caminhando em levar subsídios que liguem em um mesmo espaço de ação, diversificados sentidos de absorção e produção de conhecimentos em torno de uma educação lúdica e questionadora.
O diretor norte – americano Brad Silberling, fez um remake de Asas do Desejo, em 1998 com Cidade dos Anjos, tendo como protagonistas principais Nicolas Gage e Meg Ryan, teve uma boa aceitação pela crítica, mas não com o mesmo impacto cultural e filosófico.
¹Doutrina humanista exalando o equilíbrio entre o bem e o mal.
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