Opinião com Café.
João Victor Trascastro.
Depois de um ano sabático para repensar suas ideias, a Pixar nos apresentou em 2015 não somente um, mas dois filmes produzidos para voltarmos a nos encantar com a arte iniciada em 1995, com o primeiro Toy Story. DivertidaMente teve seu momento, agora falaremos então de O Bom Dinossauro.
Esse não foi um filme fácil de ser feito. Após diversos problemas internos na sede da Pixar, O Bom Dinossauro ficou paralisado por anos, com seu roteiro sendo refinado pela mente criativa do diretor Peter Sohn. Vemos aqui, que essa pausa foi necessária, começando pela concepção de base para a trama: Um mundo em que os dinossauros não foram extintos e tem hábitos humanos. Arlo, o protagonista da história é apenas um “garoto”, sendo o caçula da família, com um irmão e uma irmã mais velhos (mesmo que nascendo com poucos segundos de diferença), já que é estabelecido o quão inocente e fraco é o pequeno dinossauro.
Se por um lado temos o lado humano de um animal, chega o momento de conhecer o lado animal de um ser humano. Nessa linha alternativa do filme, conhecemos um menino. Um menino que passa a ser o “animal de estimação” de Arlo, que acaba lhe dando o irônico nome de Spot!
Toda a relação entre os dois personagens é muito bem construída dentro dos laços emocionais nos quais o espectador acaba se afeiçoando, rindo, chorando. Implícito à isso, claro, a Pixar busca a reflexão sobre o mundo em que vivemos e, acerta novamente. O cenário exuberante, o acerto nos diálogos e a evolução de Arlo no decorrer de seu tempo de tela, ensina como se cria um herói para pessoas de todas as idades se sentirem à vontade. Um fator decisivo para o conjunto da obra é, sem dúvidas, o bom humor e as referências não tão infantis. Não se surpreenda se ver Arlo e Spot rindo sem motivo, apenas ria junto. Ou coma uma frutinha também… 😉
A ideia de buscar a aprovação do pai vista em O Rei Leão (1994), é uma forte inspiração para a relação de Arlo e seu pai. Até mesmo uma certa cena chocante… Apesar de não comprometer a qualidade geral da animação, a inspiração chega ao limite. Para olhos menos leigos incomoda, com diversas tentativas de emular um trio como as hienas em formato de dinossauros, assim como alguns pontos em que só faltava Timão e Pumba aparecerem.
Com O Bom Dinossauro, Peter Sohn e a Pixar mostram que existe gás pra uma nova era de ouro, mas também mostram que o estúdio precisa se renovar e trazer mais criatividade às suas obras.
Estamos falando de algo infinitamente menor aos olhos de muitos, mas igualmente importante dentro da concepção de família, Arlo nos mostrou isso.
Nota: 8.5
O Bom Dinossauro chega aos cinemas do Brasil em 7 de janeiro.