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Café Arcaico | A Princesa e o Plebeu

“Roma! Com certeza, foi Roma. Guardarei a lembrança da minha

visita por toda a minha vida”

Estrelado por Audrey Hepburn e Gregory Peck, A Princesa e o Plebeu é um filme de comédia romântica, dirigido e produzido pelo grandioso William Wyler, com roteiro e história de Dalton Trumbo, sobre um romance totalmente inusitado e impossível entre uma princesa e um repórter oportunista, todo ambientado em Roma. Se tornou um grande clássico do cinema e um dos filmes mais importantes da década de 50.

Ann (Hepburn) é uma princesa de uma Nação (não revelada no filme), que está fazendo um tour pelas capitais europeias, a mando de seus pais, com o intuito de estreitar laços diplomáticos. Ao chegar à capital italiana, a jovem já está entediada, cheia de tantas formalidades e limitações que lhe eram impostas. Ela é determinada e coberta de curiosidades, querendo conhecer o mundo além da “bolha” em qual fora colocada, sempre sendo mimada e com tudo em suas mãos. Em sua primeira noite em Roma, a princesa “surta” e quando todos achavam que ela já estava dormindo, resolve fugir do palácio da Embaixada de seu país na Itália, aonde estava hospedada, e sai a andar pelas ruas da cidade. O que Ann não sabia, é que seus cuidadores lhe deram algum remédio para dormir, fazendo com que ela logo adormecesse em um banco de praça.

Enquanto isso, não muito longe, Joe Bradley (Peck), um repórter americano, jogava cartas com um grupo de amigos também do meio jornalístico. Após perder uma certa quantia em dinheiro, Bradley resolve ir embora, descansar, pois no dia seguinte, participaria da coletiva de imprensa dada pela Princesa Ann. Andando pela rua, o repórter encontra a jovem adormecida, mas não a reconhece, e tenta ajudá-la, inclusive pensando que ela estava embriagada. Após socorrer a moça, Bradley tenta de todas as formas, fazer com que um táxi a levasse para casa, mas a confusão na cabeça da garota desconhecida era tanta, que acabou não conseguindo. Dessa forma, ele a leva ao seu apartamento, aonde ela passa à noite.

No dia seguinte, Joe, através do jornal, descobre que aquela jovem que repousava em seus aposentos, era nada mais, nada menos que a Princesa Ann. E diante disso, tem a grande ideia de tentar conseguir um furo de reportagem, algo totalmente exclusivo, sem deixar com que a moça soubesse que ele já descobrira o seu segredo. Bradley descobre também que, ela adoraria conhecer a cidade, e perambular por aqui e ali, sem destino, só matando suas curiosidades, e propõe a ela que fizessem isso juntos, de modo que, ele lhe mostraria todos os pontos turísticos e belezas de Roma. E para registrar todos os momentos, Joe chama seu amigo fotógrafo Irving Radovich (Eddie Albert), tudo arquitetado para que sua alteza não desconfiasse de nada. Porém, seus planos vão por água abaixo, na medida em que eles vão se conhecendo, enquanto passeiam pelas belezas da Cidade Eterna, e uma paixão vai surgindo entre o improvável casal.

A Princesa e o Plebeu

Lançado em 1953, A Princesa e o Plebeu marcou a estréia de Audrey Hepburn como protagonista. O diretor William Wyler, tinha Elizabeth Taylor ou Jean Simmons como suas principais opções para estrelar o filme, porém, as duas não estavam disponíveis. Após assistir a gravação do teste de Audrey para o papel, Wyler se encantou com a novata atriz, com apenas 24 anos naquela altura, teve certeza de que a escolha seria certeira, que aquela jovem peculiar seria uma sensação.

De fato foi, Audrey desenvolve sua personagem de maneira precisa, como se o papel fosse feito pra ela, sendo, inclusive, vencedora do Oscar de Melhor de Atriz (o único de sua carreira), e de outros prêmios, além de várias indicações. Alcançando assim, o estrelato, protagonizando diversos clássicos do cinema, dali em diante, como Sabrina (1954), Guerra e Paz (War and Peace, 1956), Amor na Tarde (Love in the Afternoon, 1957), Bonequinha de Luxo (Breakfast at Tiffany´s,  1961), Charada (Charade, 1963), Minha Bela Dama (My Fair Lady, 1964), entre outros, considerada uma das atrizes mais importantes de todos os tempos. Se fez notória também, com sua atuação frequente em ações humanitárias, sendo nomeada Embaixadora da Boa Vontade da UNICEF, além de ter sido um ícone de estilo, moda e beleza. Uma verdadeira lenda, que viria a falecer com apenas sessenta e quatro anos de idade, vítima de uma forma rara de câncer abdominal, em 1993.

Roman Holiday teve seu roteiro escrito por Dalton Trumbo, que em anos anteriores fora perseguido pelo Macartismo (movimento que durou de 1950 à 1957 e perseguia e punia simpatizantes ao Comunismo, presidido pelo senador republicano Joseph McCarthy), entrou para a Lista de Negra de Hollywood, que investigava a suposta infiltração comunista na indústria de cinema, sendo condenado e cumprindo onze meses de prisão. Quando saiu em liberdade, encontrou dificuldades para arranjar trabalhos, quase caindo no ostracismo, mas conseguiu escrever um ou outro roteiro, sempre se utilizando de algum pseudônimo, e assim, conseguindo trabalhar sem levantar suspeitas, com diretores e produtores que não temiam a tal lista. E foi o caso de A Princesa e o Plebeu que, primeiramente, teve a recusa do diretor Frank Capra, temendo a opressão, e assim, William Wyler foi escalado. O roteiro foi creditado a Ian McLellan Hunter (também colaborador do script), e sagrou-se o vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original, prêmio recebido somente por McLellan, por motivos óbvios. Alguns anos depois, e com o fim da repressão, voltou a trabalhar normalmente, e consolidou-se como um dos grandes roteiristas da história do cinema, nunca abandonando sua visão política, pela qual fora perseguido. Faleceu em 1976, aos setenta anos de idade, vítima de um ataque cardíaco. Em 1993, uma nova estatueta do Oscar foi feita e entregue de maneira póstuma à sua viúva Cleo Trumbo, e em relançamentos mais recentes da obra, a versão em DVD de 2003, pra ser mais específico, o nome de Trumbo passou a constar nos créditos iniciais.

William Wyler, considerado por muitos, o melhor diretor que Hollywood já teve, vencedor do Oscar por Rosa da Esperança (Mrs.Miniver, 1942), Os Melhores Anos de Nossas Vidas (The Best Years of Our Lives, 1946) e pelo épico e histórico Ben Hur (1959 – sua obra máxima), optou por filmar sua comédia romântica em locações a céu aberto, para deixa-la mais real e pudesse desfrutar ao máximo das belezas de Roma. Isso fez com que a produção tivesse um alto custo, no entanto, o resultado final é louvável e se tornou um grande sucesso de público e crítica. Diz-se que, Wyler planejou uma sequência para o filme, os contatos com Audrey e Peck foram feitos, porém a produção nunca foi adiante, infelizmente.

Uma direção competente, um ótimo roteiro, uma linda, inspirada e talentosíssima Audrey Hepburn, Gregory Peck primoroso em seu papel, com um entrosamento e uma química visível entre os dois protagonistas (Princesa Ann e Joe Bradley, com certeza formam um dos casais mais simpáticos e charmosos do cinema), todos os ingredientes citados fazem desse grande clássico, um divertido romance, um filme sobre a vida, sobre romper padrões, deixar as formalidades e viver de verdade, contemplando o aflorar dos sentimentos. E tudo isso, acontecendo em apenas um dia, em um belo e memorável feriado romano (como diz o título original).

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Dados Técnicos.

Título: A Princesa e o Plebeu (Roman Holiday) – 1953.
País: Estados Unidos
Duração: 1 hora e 59 minutos.
Direção: William Wyler
Elenco: Gregory Peck, Audrey Hepburn, Eddie Albert, Hartley Power, Harcourt Williams, Margaret Rawlings, Paolo Carlini…

Sinopse: Ao visitar Roma, Ann (Audrey Hepburn), uma princesa, resolve “passear” anonimamente e se envolve com Joe Bradley (Gregory Peck), um repórter que, ao reconhecê-la, tem a oportunidade de um “furo”, mas resolve por preservar Anne.