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Euro-Cine | Morangos Silvestres

Filme de 1957 com 1 hora e 31 minutos de duração.

Sinopse: A caminho de uma cerimônia de premiação numa universidade, um médico é assediado por situações e personagens que o conduzem a um mergulho em sua vida pregressa.

Opinião com Café.
Clayton Alexandre Zocarato.

O filme “Morangos Silvestres” é um clássico do cinema europeu, enfocando lutas psicológicas entre o rigor do trabalho acadêmico e as obrigações sociais que estão voltadas com as ações do personagem principal, o doutor Isak Borg (Victor Sjostrom), que pressentindo, proximidade da morte, reflete acerca dos erros em relação a sua intelectualidade voltados, para projeções de uma vida vazia, sem posicionamentos claros de respeito e carinho, em relação a seus semelhantes.

O diretor sueco Ingmar Bergman procura construir as ações de Borg, em um sentido “¹balzaquiano”, assimilando e lançando ataques a uma sociedade burguesa, entretida somente seus próprios desejos de grandeza e luxo sem limites, onde um rígido controle social, de tradição de famílias abastadas (ricas) são mantidos por um tradicionalismo de conservação de ambições materiais e crescimento financeiro e em explorar as pessoas menos favorecidas.

A trama contém, pois demonstra similitudes entre o real e o abstrato, como forma de manipulação social, tendo como objetivo controlar a mente das pessoas, no sentido de gerar e absorver novas formas de informação que não esteja em sintonia, em relação as Ideologias vigente dentro de seu espaço social.

O espectador é lançado em um frenesi de ação, em enredos que vão construindo um debate filosófico, misturando tomadas de cenas que produzem oscilações entre a ficção e realidade. Para um sentido de diversão e entretenimento, “Morangos Silvestres” possui um sentido de provocação a elencar uma condição humana que possa tanto oferecer, uma sabedoria científica que esteja no benefício do bem comum, ao qual a ciência não seja um caminho para dividir os homens, e sim em promover auxílios para os mais diferentes dilemas contidos ao longo da história.

Bergman aprimora um sentido de vida, em um respeito por todos os indivíduos, levando erudição do “saber” realizando atitudes em colocar a carreira universitária, não como unicamente um símbolo de “status” , desvalorizando um sentimento de ternura pelo próximo, e também desvalorizando profissões mais simples, que não estão inseridas no ensino universitário.

A solidão é um sentimento disseminado no desenvolvimento da trama, unindo a necessidade de compreensão do papel da mente humana na criação de soluções que venham a facilitar o convívio entre as pessoas de diferentes classes sociais e origens culturais. A junção entre arte e filosofia, fica bem visível em “Morangos Silvestres”, propiciando a seus expectadores, notórios pontos de sensibilidade analítica, a propagar a “sétima arte” não unicamente ao cunho do prazer e diversão, e sim a conter uma educação crítica e de como não basta unicamente se dedicar a uma carreira, (seja ela qual for), para que possa trabalhar e exercer ela tanto para o reconhecimento particular e individual, como em projetar um auxílio, de bem estar para as pessoas ao seu redor.

Bergman promove a fragmentação da realidade do conhecimento universitário, com a simplicidade dos pequenos atos do cotidiano, como visitar um amigo, ou passar um final de semana com a família e depois realizar uma viagem de férias, caminhando direcionamentos da arte, como forma de produção intelectual que não lance um importância sentimental para o próximo, contribuindo para a construção de amizades e ternura entre grupos humanos de diferentes origens sociais e intelectuais.

¹ Fazendo referência ao escritor francês Honoré De Balzac, do século XIX, notório por descrever o cotidiano, de pessoas comuns, como camponeses e operários.